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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Galípolo se rende à austeridade inflacionária e cria resistências a seu nome para o BC

    O discurso de Galípolo, portanto, está mais para Campos Neto do que para Lula ou Haddad

    Gabriel Galípolo (Foto: Washington Costa/MF)

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    O economista Gabriel Galípolo, homem da Fazenda indicado pelo ministro Fernando Haddad para o Conselho de Política Monetária do Banco Central já fala como homem de mercado, cotado para ser presidente da entidade, ao dizer que o BC fará qualquer coisa para manter a inflação na meta. 

    A meta restritiva de 3% exige a austeridade fiscal que barra o desenvolvimento lulista sustentável, portanto, já assume posição contrária à do presidente Lula,  em guerra aberta contra o presidente do BC, Campos Neto, que usa a mesma linguagem de Galípolo, expressa, hoje, em palestra a uma entidade financeira. 

    O discurso de Galípolo, portanto, está mais para Campos Neto do que para Lula ou Haddad, que hoje se posicionou favorável a excluir a catástrofe inflacionária do Rio Grande do Sul do cálculo da inflação. 

    Galípolo pregará essa mensagem de Haddad/Lula, quando Campos Neto reafirma austeridade e promete sustentá-la por tempo indeterminado?

    O fato é que Galípolo se rende ao tripé econômico neoliberal, que se sustenta em metas inflacionárias restritivas, câmbio flutuante e superávit primário, base do neoliberalismo que comanda a política macroeconômica antidesenvolvimentista.

    O BC, disse ele, sempre vai utilizar suas ferramentas para colocar a inflação na meta.

    Quem determinou a meta inflacionária atual não foi o governo Lula, mas o ex-governo Bolsonaro, neoliberal, obediente a Washington em matéria de política macroeconômica, conforme ditada pelo neoliberalismo antidesenvolvimentista. 

    A narrativa de que a unanimidade dos votos do Copom pró-austeridade, em busca da meta de inflação bolsonarista neoliberal de 3%(flexível entre 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo), deve seguir adiante, cria constrangimento para Galípolo, na medida em que ele chancelou essa orientação como representante do governo no Copom.

    Como representante do governo Lula atua, portanto, em contradição, visto que a proposta Lula, aprovada nas urnas, é o oposto da restrição monetária que a meta de inflação representa.

    O fato é que Galípolo, que, hoje, encontrou-se com Lula/Haddad para se explicar, deixa de ser uma unanimidade dentro do governo para ser futuro presidente do Banco Central.

    Há clara divergência relativamente à posição dele anti-Lula, no Copom, se ele foi colocado lá para ser voz divergente e não convergente com a do presidente bolsonarista neoliberal, Campos Neto, essencialmente, antidesenvolvimentista.

    Lula já deixou claro, nas divergências expostas entre ele e Campos Neto, que quer o BC para a mudança da política restritiva para uma política cooperativa com a proposta desenvolvimentista.

    Os juros de 10,5% Selic, aprovados pelo voto de Galípolo, como representante do governo, colocam-no em choque com o presidente Lula.

    NEO-JEAN PAUL PRATES

     Galípolo repete o comportamento do ex-presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, que não cumpriu determinação de Lula ao votar contra orientação do presidente de não pagar rendimentos especulativos aos acionistas privados da petroleira, conforme as regras neoliberais.

    Caiu, consequentemente, por seguir orientação contrária à de Lula.

    Galípolo, ao seguir os passos de Paul Prates, votando contra Lula, no Copom, teria destino diferente, quanto à pretensão de ser presidente do BC mesmo seguindo orientação contrária à do chefe do governo?

    No mínimo, Galípolo está na berlinda.

    Além de contrariar o presidente, ele levanta ira total no PT, que, pelos seus principais porta-vozes, a começar pela presidente da agremiação, deputada Gleisi Hoffmann, tem sido crítico contumaz do BC, vocalizando o pensamento do titular do Planalto.

    A unanimidade em torno de Galípolo, se é que ela existe ou existia, mesmo, está rompida, depois da última reunião do Copom, em que mostrou ser pró-mercado, principal adversário do governo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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