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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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Gaza nos defronta

A humanidade velha tem algo de muito errado, dominada pelo dinheiro e investimentos perniciosos

Destruição em Gaza devido a ataques israelenses (Foto: Twitter-reprodução-Lazzarinio-UNRWA)

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Havia uma música proibida na Itália e muito tocada por aqui, conhecida como “Era um garoto como eu” – versão original de Gianni Morandi, de 1966. A música contava de um jovem que teve sua vida truncada pela guerra no Vietnã, seus sonhos, seus amigos e seu amor aos Beatles e Rolling Stones. A única música que podia ouvir era a da metralhadora, ratátátá. As guerras fazem isso, para essas são recrutados ao front de preferência jovens pobres, os quais voltam com traumas de guerra. Muitos deles viciados, catatônicos, insones, com problemas dos quais dificilmente se recuperarão. Entretanto, mesmo nessa geração pessoas se recuperam por uma causa mais humana e pacífica, sem mais temer a maldição e evocados pelos anos rebeldes. Nas universidades atuais, jovens despertam-se ao ideal originário de preservar as vidas e a verdade. Ressuscitam os eternos ideais de fraternidade esquecidos em nós. 

A mentira é frívola, dissimulada e interesseira, mas a verdade nos defronta conosco mesmos. A grande mídia teve de engolir a realidade cotidiana óbvia: o genocídio em Gaza, onde podem ser alvos civis, repórteres ou ativistas e, inclusive, mesmo distante, as almas decentes. Nos últimos ataques o mundo todo se comoveu com as crianças queimadas, com o sangue de civis e o ministro Netanyahu diz que foi um... “erro trágico”. É uma sequência de falas que não convencem, desde o início da guerra, cujo fato gerador era o Hamas e libertação dos reféns, mas agora é o quê?

A Flotilha da Liberdade se fez ao mar, numa coalizão de ativistas de mais de trinta países, atuando desde 2010, em desafio ao bloqueio estúpido da guerra. Com destino à Gaza levou mantimentos, remédios, água, tentou entrar no território para ajudar os palestinos remanescentes, cujas penas são por pertencerem ao seu lugar e DNA de origem. Ali alguns ativistas da Flotilha já foram alvos e sofreram “incidentes”, falecendo nesse campo, o qual pode se considerar um cemitério de covas abertas. 

A humanidade velha tem algo de muito errado, dominada pelo dinheiro e investimentos perniciosos. Enquanto fervilha a panela climática, surgem pandemias, perde-se o cultivado sob as águas, as nações ricas delapidam bilhões em armas letais. Pode-se contar com os jovens e seus sonhos de primeiro amor à vida, mas a impiedade se sobrepõe nessa força do anticristo decadente, de guerras e doenças. 

Ao se ouvir Raul Seixas sabemos que a sua ironia é gritante quando fala do cidadão domesticado. Alguns “bonitões” ainda culpam única e exclusivamente o Hamas, mas até quando? Raul diz “... eu é que não me sento no trono do meu apartamento, com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar...”, no apartamento, solitário com meu umbigo. Em Gaza morre gente como nós. “Um garoto como eu” é mais que uma referência etária, é um povo em vias de explodir entre o amor e o ódio. Gaza nos defronta!

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