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Valfredo Menezes

Médico, doutor em medicina interna e terapêutica e professor aposentado da Universidade Federal de MT

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Gaza: um ano de genocídio

A situação em Gaza representa uma das maiores crises humanitárias já vividas na historia da humanidade

Palestinos deslocam-se na Faixa de Gaza (Foto: Hatem Khaled/Reuters)

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Deve haver alguma explicação psicológica ou mesmo psiquiátrica para entender o porquê de um grupo étnico, que sofreu racismo, foi humilhado, quase dizimado, conseguir, ao alcançar uma posição de poder, transformar-se em algoz e passar a ter o mesmo comportamento racista e a mesma aspiração supremacista daqueles que o maltratou, repetindo os mesmos atos com outro grupo étnico. 

Em 1933 a população judaica na Europa era de 15,3 milhões. Desde a invasão da Áustria em março de 1938 até o fim da guerra em maio de 1945 (86 meses), foram mortas, aproximadamente, um milhão de crianças. O massacre de Israel contra o povo palestino repete essas mesmas ações dos nazistas. Acredito que, se for feito um levantamento desde o início, desde a NAKBA e contando apenas com os períodos de exacerbações e ataques gratuitos, como os de Sabra, Shatila e outros, teremos algum número parecido com o do holocausto. Só agora, nesse último ano, e só na Faixa de Gaza, com uma população de cerca de dois milhões, já foram assassinadas, em apenas 11 meses, mais de 40 mil palestinos, desses, cerca de 17.000 eram crianças (mais de 1500 crianças por mês) e 11.088, mulheres. Em dois dias, nessa nova ofensiva no Líbano, foram mortas mais 40 crianças. Esse massacre é cíclico e configura verdadeiramente genocídio. As crianças são as mais afetadas. É um verdadeiro extermínio do futuro. Além das mortas, mais de 27 mil estão órfãs ou desamparadas. Toda a infraestrutura de Gaza foi devastada. “Metade das escolas foi atingida ou danificada, 88.300 casas foram destruídas, 35 hospitais e 55 centros de saúde foram atacados. Não há mais sistemas de esgoto. A falta de medicamentos, alimentos e água provocada pelo bloqueio sionista, põe em risco toda a população”. As Nações Unidas estimam “que mais de 5% da população de Gaza foi morta, ferida ou está desaparecida. Além disso, mais de um milhão de pessoas foram deslocadas internamente, algumas delas forçadas a mudar de residência várias vezes. Estima-se que 75% das vítimas tinham menos de 30 anos e 69% eram mulheres e crianças.  “Entre os mortos, 885 eram profissionais de saúde, 79 membros da defesa civil, 168 jornalistas e 500 trabalhadores da saúde. Além disso, há cerca de 10 mil desaparecidos e 82.627 feridos, dos quais 11 mil necessitaram viajar com urgência para receber tratamento no exterior. Sete valas comuns foram encontradas em hospitais, somando 520 corpos”.

Os ataques israelenses têm sido condenados internacionalmente, sendo considerados crimes contra a humanidade por organizações de direitos humanos e pela ONU. A Comissão de Inquérito das Nações Unidas acusou Israel de usar a fome como estratégia de guerra, além de causar deliberadamente um alto número de vítimas civis. 

O exército sionista mantém a ofensiva sem dar nenhuma importância às resoluções internacionais. Sabe que tem o apoio e a cumplicidade dos EUA. Israel parece ser um “estado” dos EUA. O próprio Joe Biden disse: “Se não houvesse um Israel, os Estados Unidos da América teriam que inventar um Israel para proteger seus interesses na região”.

A situação em Gaza representa uma das maiores crises humanitárias já vividas na historia da humanidade. Estamos assistindo ao vivo. Entretanto, o que tem sido feito por todos os Estados que consideram essa atrocidade um genocídio? NADA. A ONU virou uma piada. Nenhuma retaliação, nenhuma sanção, nenhuma suspensão de relação diplomática, nenhum boicote às atividades comerciais ou esportiva, como por exemplo, foi feito com a África do Sul do Apartheid. O governo brasileiro continua exportando petróleo para Israel. O Ministério da Defesa (...dos militares) continua negociando a compra de tanques (os mesmos que são usados para matar civis) e o ministro diz que suspender a compra seria “uma decisão ideológica”. NÃO! É uma decisão HUMANITÁRIA! Em relação aos eventos esportivos, ao contrário do boicote, todo apoio tem sido dado aos sionistas, até mesmo colocar Israel como “Nação Europeia” na “UEFA EURO”, ou time de Israel fazer parte da Liga Europeia (Maccabi Tel-Aviv FC).   

Nota: a maioria das informações estatísticas relatadas aqui foi buscada em revistas, jornais e/ou “sites” de notícias.

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