Gleisi na articulação política não garante melhora na relação com o Congresso

O presidente Lula preferiu manter uma pessoa do seu círculo pessoal e extrema confiança na Secretaria de Relações Institucionais, ao indicar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para o cargo. O convite foi formalizado ontem e a posse será realizada no dia 10 de março. Ontem, Lula telefonou a Hugo Motta, presidente da Câmara, para informar sobre a decisão, que teria elogiado a escolha do presidente, segundo relatos. 

Gleisi é bem quista e considerada uma parlamentar séria, mas, por outro lado, a nomeação da petista pode indicar um isolamento do Palácio do Planalto, ocupado somente por pessoas da cozinha do presidente. “Pra fora é um sinal ruim, pois sinaliza para o mercado que o governo está isolado”, declarou uma liderança de centro. “Por outro lado, ela é mais assertiva do que (Alexandre) Padilha. Fala sim ou não, sem rodeios”, emendou. Vale lembrar que algumas das crises internas do governo foram geradas por notas do PT ou declarações públicas de Gleisi em confronto com decisões do ministro Fernando Haddad e sua equipe econômica. 

Para outra liderança ouvida pelo blog, Gleisi tem ótimas qualidades e é extremante competente, mas muito distante da Câmara. “É uma mudança que não transmite sensação de mudança”, avaliou. 

No geral, a percepção dos parlamentares é de que Lula erra ao colocar alguém de seu círculo íntimo, mas sem o trato necessário com o Parlamento. Para um deputado de quinto mandato, o cargo exige um perfil de mais diálogo pra fora, enquanto Gleisi seria um nome mais voltado para o partido. 

O receio é de que em meio a um momento delicado para o governo com queda na aprovação e aumento na rejeição do presidente, a presença de Gleisi não melhore a relação com o Congresso, até porque não depende somente dela. Na sala ao lado está, hoje, uma das grandes queixas do Congresso, o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Só o tempo dirá como se dará essa dobradinha e se Lula terá de recalcular a rota novamente.