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    Paulo Moreira Leite

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    Golpistas da mídia tentam cercar Lula

    "Os mesmos jornais que se dedicaram a sabotar o governo Lula desde o primeiro mandato, no forjado mensalão, já voltaram a carga", diz Paulo Moreira Leite

    Guido Mantega e Lula (Foto: Gustavo Bezerra/PT | Ricardo Stuckert)

    Nem se pode falar em lua de mel. Afinal, o casamento -- que seria a posse no Planalto -- ainda não se realizou. Mesmo assim, os mesmos jornais que se dedicaram a sabotar o governo Lula desde o primeiro mandato, no  escândalo forjado do mensalão, no já distante 5 de junho de 2005 -- 17 anos atrás! -- já voltaram a carga.

    A pressão covarde sobre Guido Mantega o levou a deixar o grupo de transição numa batalha que já se mostra dura e tensa pelo controle da equipe econômica de um país que já teve nos anos Lula-Dilma foi o sexto PIB do planeta. 

    Mais uma vez, debate-se os rumos de nossa riqueza, a quem ela deve beneficiar, quem será prejudicado  -- e quem vai dirigir o processo. 

    Esclarecendo um ponto. Mantega foi colocado sob ataque porque tentou impedir a nomeação de uma das estrelas radicais do neo-liberalismo verde-amarelo na presidência do BID, cofre que possui 12 bilhões de dólares para serem emprestados aos países latino-americanos. 

    Indicado por Paulo Guedes, banqueiro de segunda que afundou o país para garantir proteção permanente a Bolsonaro & Cia, o candidato a presidente seria um adversário de Lula no edifício financeiro de um continente que dá sinais de uma inclinação à esquerda, em especial depois da vitória do PT no Brasil. 

    Deixando os protocolos de lado, pois a iniciativa logo seria espalhada para os jornais, num escândalo artificial que tornou a posição de Mantega difícil de sustentar, cabe perguntar: a quem interessava manter o protegido de Bolsonaro no cargo que ainda não assumiu? A resposta é óbvia. À turminha do mercado, que assim ganha de presente um novo aliado econômico para fazer chantagem contra Lula  seu governo. 

    Por trás de todo falatório neo-liberal, a herança de Mantega pode ser traduzida em números. Aplicando princípios básicos da escola keynesiana, administrou o mais prolongado período de crescimento de nossa história recente, inclusive 7,5% em 2009, o mais alto em 24 anos. 

    Sua orientação econômica foi um fator essencial para o país ficar longe da colapso internacional dos empréstimos sub-prime, em  2008, que devastaram Europa, América e parte da Ásia.  

    A má vontade contra sua gestão nada tem de patriótica mas representa interesses muito concretos. Graças a uma política de estímulo ao crescimento, sob sua gestão naquele os bancos estatais realizaram a façanha histórica de ganhar terreno sobre o setor privado, permitindo uma queda na taxa de juros -- movimento sem paralelo neste paraíso tropical do mercado financeiro.  

    A reação inconformada de velhas raposas do neo-liberalismo verde-amarelo não deve surpreender ninguém. Aproximaram-se de Lula quando todas as pesquisas eleitorais já lhe davam a vitória -- em alguns casos, no primeiro turno. Sua postura, pedindo provas de amor ao mercado,  ajuda a lembrar que ninguém deve esperar fidelidade em casamentos desse tipo. 

    O episódio deixa uma lição. Lula ganhou a eleição de modo espetacular -- e agora se disputa a equipe de governo que irá devolver o Brasil aos brasileiros e brasileiras. O país continua com a mesma riqueza acumulada e a mesma população trabalhadora com a mesma disposição de dar duro e progredir na vida. Cabe a Lula a responsabilidade de formar um governo à altura dessas expectativas. 

    Alguma dúvida?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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