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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Guedes se suicida ao brigar com bancos, seus patrões

    "Paulo Guedes se enforcou com as palavras. Abriu o jogo: a Febraban é lobista, tem que pregar um carimbo na testa. Deixou claro que a entidade máxima dos banqueiros vive sugando o dinheiro do povo por meio do Estado que ela domina por intermédio do Banco Central", avalia o economista César Fonseca sobre o ministro da Economia

    Paulo Guedes (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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    O ministro Paulo Guedes se suicidou ao jogar merda na Febraban, destruindo sua reputação como instituição de classe, identificando-a pejorativamente com lobby que no entender da população é corrupção. Guedes se queimou com a própria classe. E agora, Bolsonaro? Fica contra Guedes que criticou os banqueiros e a corrupção do lobby ou apoia Guedes por combater a corrupção financeira do Estado dominado por lobbies dos bancos?

    Briga de cachorro grande. Sem dúvida, o ministro se sentiu, suficientemente, poderoso para dar um lance desse tamanho ou se exorbitou e pedirá desculpas. Se mostrou autoconfiante demais para atropelar seus chefes da Febraban. Deu uma de Petrônius, assessor do ditador Nero. Escritor, filósofo, tribuno famoso, assessor político fundamental do Imperador Nero, cometeu o pecado mortal de criticar uns versos do chefe.

    Nero realizou a sangria em Petrônius. Na agonia da morte, alguém perguntou: que lição vc deixa para o mundo. Respondeu Petrônius, num último esforço vital: “Se o rei for louco, mais louco é quem briga com o rei.” Lição mortífera. Paulo Guedes falou além da conta, como Petrônius. Disse que a Febraban é puro lobby de banqueiro. Lobby no Brasil é palavrão, roubo, maracutaia. Não é aquela profissão regulamentada que existe nos Estados Unidos. Aqui, o saudoso senador liberal Marco Maciel, transformou-se em pregador dessa ideia. Mas suas propostas legislativas jamais foram aprovadas. Lobby é algo demonizado na alma popular.

    E Paulo Guedes se enforcou com as palavras. Abriu o jogo: a Febraban é lobista, tem que pregar um carimbo na testa. Deixou claro que a entidade máxima dos banqueiros vive sugando o dinheiro do povo por meio do Estado que ela domina por intermédio do Banco Central. Cachorro amarrado com linguiça. Guedes desmoralizou a Febraban. Com que cara representantes da entidade comparecerão ao Congresso para pregar seus interesses, nos palácios, para comparecer às solenidades etc? Os lobistas da Febraban serão ou não barrados nos plenários do legislativo, depois dessa de Guedes? Passarão a ser vistos como persona non gratta. Chegou gente da Febraban? Sujou.

    A conotação adquirida pela Febraban pelos ataques de Guedes é de entidade profundamente prejudicial aos interesses nacionais. Rasgou-se a fantasia. Afinal o oligopólio bancário brasileiro que domina o Estado Nacional mostrou sua cara escancarada na pandemia. Fez valer sua influência para levantar mais de R$ 1,2 trilhão e direito de monetizar a dívida pública para comprar papel podre nos mercados nacional e internacionais. Não aplicou um centavo na produção e no consumo, para ajudar as empresas sufocadas na pandemia.

    Febraban virou funeral das empresas, especialmente, as de pequeno porte, que respondem pela oferta de mais de 90% dos empregos. Paulo Guedes jogou merda no ventilador. Por isso, sua presença no governo como crítico do lobby bancário confundido com corrupção descarada, virou incômodo total.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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