Haddad, Dino e Boulos participarão de evento com mortos-vivos, golpistas e fantoches da ditadura militar
Mais uma vez, Lula faz certo ao não se juntar a FHC, Sarney, Ciro, Temer e Marina. O único objetivo do evento do dia 26 será trazer de volta para a cena política mortos-vivos, com intuitos eleitorais em 2020 e em 2022
“Ato virtual reúne FHC, Sarney, Temer, Haddad e Boulos e se compara com Diretas Já” é o chamado da golpista Folha de S. Paulo, celebrando a convocação de um evento na sexta-feira, 26, que “representará a mais robusta união até agora dos movimentos pró-democracia e, consequentemente, de oposição ao bolsonarismo”. Além destes citados, participarão também o presidente do PSDB, Bruno Araújo, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PcdoB) e o funcionário da Globo Luciano Huck.
Em outro artigo publicado no Brasil 247, demonstrei como “a Frente Ampla com setores da direita na campanha pelas ‘Diretas Já’ apenas serviu como manobra política para manter as mesmas oligarquias que reinavam durante a Ditadura Militar no controle do novo governo ‘civil’”. Portanto, não irei entrar novamente no problema de celebrar esta comparação como se fosse algo bom, como o fazem Guilherme Boulos (PSOL) e a Folha.
Mas cabe aqui ressaltar que, também neste caso, a Frente Ampla está sendo feita novamente com os setores mais retrógrados e reacionários do meio político brasileiro. Agora, todos amontoados. Se na época da “Diretas Já”, a esquerda deu capital político para um governo eleito indiretamente que colocou um capacho da ditadura militar, como José Sarney, no poder; atualmente, a esquerda quer fazer aliança com os setores favoráveis ao “Fica Bolsonaro” (tema que eu também já tratei em artigo anterior).
Porém, desta vez, esta “mais robusta união” decidiu unificar os retrógradas do passado com os retrógradas do presente. Sarney, que foi fundamental para dar um ar “civil” para o regime militar, mantendo os privilégios dos mesmos monopólios e oligarquias, agora se une com os responsáveis por Jair Bolsonaro, o PSDB, Marina Silva e o usurpador Michel Temer, do MDB, que defenderam o impeachment de Dilma e a perseguição a Lula (os dois principais pilares do golpe).
Aliás, o MDB voltou… o mesmo partido político que fazia oposição de mentira aos militares e tornou-se um instrumento importante da burguesia para realizar a manobra de eleições indiretas enquanto ganhavam capital político com as organizações populares na campanha das “Diretas Já”.
Quer dizer: ao que me parece, trata-se do mesmo setor político da época da ditadura militar (Sarney e MDB), reunido com setor político consequente da ditadura, o neoliberalismo (PSDB, FHC, Marina e Ciro), buscando, através da esquerda (Fernando Haddad, Guilherme Boulos e Flávio Dino), recuperar o capital político que perderam com a polarização, que radicalizou tanto a esquerda quanto a direita no sentido de colocar os setores mais tradicionais da burguesia no escanteio.
O que Haddad, Boulos e Dino estão realizando, ao participar de ato com os reacionários da política brasileira, é um reavivamento de partidos e setores políticos falidos, que (além de não terem força popular para se somar) não prestam nem do ponto de vista eleitoral do regime burguês, que optou pelo bolsonarismo em 2018.
E de fato, o único objetivo do evento do dia 26 será trazer de volta para a cena política verdadeiros cadáveres (ou melhor: mortos-vivos), com intuitos eleitorais em 2020 e, principalmente, em 2022. Já não dá mais para mentir, como faz a Folha, dizendo que se trata de um movimento contra Bolsonaro, pois o PSDB e o PDT já se mostraram contrários ao impeachment do fascista - quem dirá novas eleições… Temer e Sarney não vou nem comentar.
Neste momento, a burguesia golpista (que o apoiou) não quer tirar Bolsonaro, pois seria uma manobra muito arriscada. Eventualmente, com muita pressão popular e uma crise política ainda maior, pode ser que procurem alguma artimanha para o depor, mas mantendo o geral de sua política. O que os golpistas “democráticos” (se é que isso se diz) querem é: manter Bolsonaro e ir desgastando o governo para - através de enganações políticas com aval dos Haddads, dos Boulos e dos Dinos - conquistar um capital político e saírem vitoriosos nas eleições. Desta forma, mantêm a política do golpe sem os personagens (neste momento) “inconvenientes”: a família miliciana e os olavistas.
Mais uma vez, Lula, que foi convidado, faz certo ao não se juntar.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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