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    Ricardo Cappelli

    Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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    Hora de perdoar a Globo

    O colunista Ricardo Cappelli escreve: "Menos fígado e mais política. Hora de perdoar a Globo". E argumenta: "Vamos dispensar o apoio da Globo? Não é razoável. Os petardos disparados pelo JN são fundamentais para desgastar a popularidade do presidente e impedir o pior"

    Bolsonaro no Jornal Nacional durante a campanha eleitoral de 2018, quando teve apoio da Globo

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    Por Ricardo Capelli

    Nós sabemos que compromisso com a democracia nunca foi o forte da Rede Globo. Eles apoiaram o Golpe de 64 e levaram 49 anos pra se arrepender. Antes tarde do que nunca.

    Na primeira eleição democrática após os anos de chumbo, a Globo manipulou de forma vergonhosa a edição do último debate presidencial para favorecer um aventureiro, deposto menos de 2 anos depois. 

    O saudoso Armando Nogueira, jornalista de verdade, não aceitou tamanha infâmia.

    Foi a parceria irresponsável da Globo com a "República de Curitiba" que destruiu a política. Ela foi cúmplice de vazamentos ilegais e de todo tipo de ataque ao Estado Democrático de Direito. Assassinou reputações, destruiu o trânsito em julgado e a presunção de inocência.

    Mais grave, dilacerou famílias e destruiu lares. Suas digitais estão marcadas no assassinato do Reitor Cancellier. 

    Exigiu a prisão do maior líder popular do Brasil sem provas. Fez de sua televisão o comitê de campanha para derrubar uma presidenta séria e honesta.  Sem a Globo e seu pupilo Moro não haveria Bolsonaro. Nós sabemos disso.

    Mas a Globo não é só isso. A emissora também é Caco Barcellos, Kennedy Alencar, Ilze Scamparini e Heraldo Pereira, gente que faz jornalismo de verdade. A Globo também é André Risek, Clayton Conservani, Carol Barcellos e Tino Marcos. 

    A emissora tem gente da qualidade democrática de Casagrande e Fernanda Montenegro, encarnação viva da cultura que tanto nos orgulha. 

    A Globo é muito poderosa. E luta por seus interesses. Nós queremos a "Lei dos Meios", um simples "copia e cola" da regulação existente nos EUA e na Europa. Ela nos chama de "controladores". Nós queremos governos com participação popular, ela chama isso de "desvio autoritário" 

    Nós sabemos que a Globo deseja um Guedes sem Bolsonaro, simplesmente porque o Capitão não topou ajoelhar no "templo da Lopes Quintas". 

    E que pode estar se movendo apenas em função da ameaça crescente aos seus negócios. Netflix, Google, Facebook e YouTube caminham para engolí-la.

    Mas minha gente, nada é pior que Bolsonaro, um claro fascista genocida que ignora 70 mil mortes e que está destruindo a economia brasileira. O capitão cloroquina não tem qualquer limite em sua marcha autoritária.

    Vamos dispensar o apoio da Globo? Não é razoável. Os petardos disparados pelo JN são fundamentais para desgastar a popularidade do presidente e impedir o pior.

    É aquela velha máxima, pra conter o pior vale aliança com qualquer um. Como dizia o velho Mao Zedong, "contradições principais e contradições secundárias". Uma de cada vez.

    Menos fígado e mais política. Hora de perdoar a Globo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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