Israel busca a expansão da guerra
Atentado no Líbano deixa milhares de feridos e indica o agravamento do conflito
Após quase um ano promovendo o genocídio na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 41.000 palestinos mortos e 92.000 feridos, o governo israelense vem intensificando as ações na Cisjordânia – onde foram mortos 700 palestinos neste período, sendo 25% menores de 17 anos – e no Líbano – onde as agressões ao Hezbollah têm sido frequentes, inclusive com o assassinato de líderes da organização conduzidos no Líbano e no Irã. Nesta terça-feira, entretanto, a entidade sionista conduziu um ataque absolutamente desproporcional, que se caracteriza como um atentado terrorista por atingir indiscriminadamente civis e militares. Até o momento que escrevo, relatam-se mais de 2800 feridos, sendo 200 deles com gravidade, e nove mortos, incluindo uma menina de oito anos.
O atentado ocorreu por meio da explosão dos pagers carregados pelos membros do Hezbollah (mas não apenas por eles). Tudo indica que milhares de pagers foram hackeados e programados para realizar milhões de operações, de maneira a esquentar rapidamente e provocar a explosão da bateria. Além de atingir fisicamente centenas de militantes do movimento de resistência libanês, o ataque israelense deverá provocar um blecaute nas comunicações do grupo, que havia escolhido essa forma de comunicação devido à onipresença israelense e sionista nas principais empresas de tecnologia e telecomunicações. Com isso, abre-se uma janela de oportunidade para um eventual ataque sionista ao Líbano, como vem sendo defendido por diversos membros de extrema-direita do gabinete ministerial israelense.
A escalada do conflito, aparentemente, vem sendo um objetivo israelense, provavelmente acreditando que ao incluir o Líbano, a Síria e o Irã na guerra, provocará o envolvimento direto dos Estados Unidos, de maneira a erradicar de uma vez por todas com o Eixo da Resistência que vem dificultando a obtenção de seu objetivo principal – o controle da Palestina “do rio ao mar”. Evidências de uma tentativa de escalar o conflito evidenciam-se não apenas no atentado terrorista desta terça-feira, mas também nos assassinatos extra-judiciais de líderes do Hezbollah, nos ataques com mísseis à Síria, e na crescente repressão e violência contra os palestinos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental ocupadas.
Enquanto isso, o projeto de retomada da Faixa de Gaza continua em curso, com o bombardeio diário que vem transformando a região num grande depósito de entulho, em meio ao qual apodrecem os corpos de pelo menos 10.000 pessoas. A cada dia dezenas de civis palestinos são mortos pelos ataques de um governo (e um país) que perdeu completamente qualquer resquício de humanidade – e vitimando inclusive seus cidadãos, que sequestrados pelo Hamas, foram mortos devido aos bombardeios israelenses. Enfrentando forte oposição interna e desafios judiciais, resta ao primeiro-ministro sionista a expansão da guerra, fazendo jus à crença de que nada é melhor do que um inimigo externo para atenuar as diferenças internas. O perigo que isso carrega é o comprometimento cada vez mais irremediável de Israel e sua população com uma violência que jamais poderá ser perdoada, tornando-os verdadeiros párias diante da comunidade internacional. Este processo, aliás, já está em curso, não apenas em grande parte do Sul global, que rejeita enfaticamente o Estado sionista, mas também nos Estados Unidos e Europa ocidental, onde a população jovem aos poucos vem rejeitando o inequívoco apoio historicamente dado a um Estado colonialista e terrorista.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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