Israel x palestinos: a história como antídoto contra a má-fé
"Enquanto Israel não abandonar sua política assassina e colonialista não haverá saída para crise que já dura décadas", diz Bepe Damasco
É patética a indignação seletiva dos Estados Unidos e da União Europeia, reverberada pela imprensa ocidental, ao tratar da guerra deflagrada por Israel contra o povo palestino.
Bastam 15 minutos de atenção à cobertura da GloboNews para que a manipulação grosseira da guerra salte aos olhos. Repare que só são ouvidos "especialistas" pró-Israel.
Por essa lógica torta, o ataque do Hamas contra civis de Israel é terrorismo, mas o bombardeio, por parte do exército israelense, de mesquitas, casas, hospitais e escolas é apenas "o direito legítimo de Israel de se defender."
De acordo com essa visão cínica da realidade, é justo que Israel aposte todas suas fichas no genocídio da população de Gaza, impedindo a entrada de comida, água, eletricidade e remédios.
Se a revolta contra o terrorismo e o massacre de civis fosse minimamente verdadeira, os países ocidentais e suas mídias não assistiriam de forma passiva e cúmplice ao despejo de bombas de Israel sobre as cabeças de mulheres, crianças e idosos da Faixa de Gaza.
É bom que se diga: não passa de mais uma empulhação a justificativa oficial de Israel, segundo a qual sua principal missão na guerra é destruir o Hamas. Até porque isso seria impossível dado o enraizamento do movimento em Gaza. O fato é que Israel vem bombardeando em escala crescente a população civil, com o propósito de promover a maior matança possível.
Recomendo, para os que fazem juízo de valor sobre ao conflito desprezando o contexto histórico, um rápido exame da marcha dos acontecimentos ao longo de décadas:
Guerra 1948/1949 - Israel versus Egito, Iraque, Líbano, Síria e Jordânia. 900 mil palestinos foram expulsos das áreas incorporadas por Israel. Até hoje cerca de 5 milhões de palestinos vivem refugiados no Líbano, Síria e Jordânia.
Guerra dos Seis Dias (1967) - Israel contra Egito, Síria e Jordânia. Israel anexou a Península do Sinai e Faixa de Gaza, que pertenciam ao Egito, além der Cisjordânia (Jordânia), Jerusalém Oriental e Colinas de Golã (Síria). Com isso, ampliou seu território de 20.720 Km2 para 73.635 Km2.
Guerra do Yom Kippur - 1973: Tropas israelenses ocupam Suez, na fronteira com o Egito, para garantir proteção dosa territórios ocupados em 1967. O Egito retoma o Sinai, mas a guerra teve como principal consequência a alta do petróleo.
Com o apoio incondicional dos EUA, Israel desobedeceu incontáveis resoluções da ONU exigindo sua retirada dos territórios ocupados ilegalmente. Só deixou Gaza e Cisjordânia, em 2005, depois dos Acordos de Oslo, que conferiram autonomia palestina sobre Gaza e Cisjordânia.
Mas, na medida em que os governos israelenses foram sendo ocupados pela direita e extrema-direita, Israel foi implantando colônias na Cisjordânia, ampliando sua política de colonização e apartheid. Hoje são 140 assentamentos e 500 mil colonos.
Massacres de palestinos, a grande maioria civis
Operação "Chumbo Fundido" (2008) - 1400 palestinos mortos e 13 israelenses.
Operação "Pilar Defensivo" (2012) - 170 palestinos mortos e seis israelenses.
Operação "Margem Protetora" (2014) - 2.251 palestinos mortos e 74 israelenses.
Operação "Guardião dos Muros" (2021) - 232 palestinos mortos e 12 israelenses.
Operação "Escudo e Flexa" (Maio/2023) - 35 palestinos mortos.
Primeira Intifada (rebelião palestina, com pedras e coquetel molotov) - 1203 palestinos mortos e 179 israelenses.
Segunda Intifada - 3.330 palestinos mortos e 1330 israelense.
Campos de Refugiados de Sabra e Chatila (1982) - De autoria de uma falange libanesa, mas com a conivência do exército de
Israel: 3.500 palestinos mortos.
Enquanto Israel não abandonar sua política assassina e colonialista, submetendo os palestinos de Gaza e da Cisjordânia a um cerco desumano e a toda sorte de humilhações não haverá saída para crise que já dura décadas.
Enquanto os palestinos não tiverem reconhecido seu direito a um Estado livre e soberano, com fronteiras seguras e respaldadas internacionalmente, o sangue continuará a ser derramado.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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