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    Toninho Kalunga

    Ex-vereador do PT em Cotia. Foi coordenador Estadual de Formação Política do Diretório Estadual do PT/SP. Cristão católico ligado aos Orionitas no Santuário São Luís Orione

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    Isso não é guerra de Israel contra o Hamas. É um massacre do regime da ditadura israelense de Netanyahu contra o povo palestino

    Não existe uma guerra contra o Hamas. O que está acontecendo é a devastação de um território onde seres humanos residiam

    Benjamin Netanyahu e Faixa de Gaza após ataque de Israel (Foto: ABR | Reprodução/AlJazeera)

    Nestes últimos meses, temos acompanhado mais uma guerra no Oriente Médio. Mais uma vez, o ocidente tem uma explicação para a guerra em todas as suas televisões e jornais que são, diuturnamente, repassadas com o mesmo método. Sem contraditório, sem ouvir o outro lado, sem possibilidade de defesa por parte das reais vítimas de mais essa guerra que não é uma guerra e sim um massacre contra um povo indefeso. 

    A versão dos ricos e poderosos países ocidentais e de Israel é que se trata de um sagrado direito de se defender contra os monstros ligados aos inimigos terroristas e radicais islâmicos de um lado e pobres vítimas do ocidente, particularmente, Estados Unidos, Inglaterra, França e Israel do outro.

    Nós, no meio do povo, não conseguimos entender quase nada! A começar pelo fato de não sabermos porque é que naquela parte do mundo tem tanta guerra. Também não sabemos quem são os islâmicos. E na verdade, também não sabemos ao certo o que é Israel e temos uma vaga ideia do que são os israelenses e temos alguma ideia de quem são os judeus. Somos levados a acreditar no que a Rede Globo e os outros grandes conglomerados de informação, seja TV, rádio ou internet nos informa. 

    Mas uma coisa é comum! Vemos pela televisão e jornais que os Estados Unidos estão sempre envolvidos de forma direta ou indireta nestas guerras e nas matanças do povo árabe, palestino e muçulmano; Os norte americanos estão sempre em um das duas posições: Ou mandam milhares de soldados que matam centenas de milhares de pessoas, depois saem de lá, dizendo que foram vitoriosos e  resolveram o “problema”, ou mandando armas, munições e emprestando dinheiro em troca de sangue e petróleo. O mesmo vale para França e Inglaterra. Passa um tempo, tá lá de novo os norte-americanos matando ou apoiando quem dá tiro nas mesmas pessoas que dizem ter vencido na guerra anterior!

    Eu desde criança, ouço a mesma história. É sempre culpa dos radicais que se vestem com umas roupas diferentes das nossas, com uns turbantes e as mulheres sempre com a cabeça coberta. Corpos de crianças e jovens caídos, mortos, espalhados pelo chão, entre escombros e tanques de guerra, aviões despejando bombas no meio de cidades e um monte de soldados camuflados armados batendo em gente magra, pequena que aparecem sempre chorando e sofrendo.

    Desta vez, a história é que uns caras ligados a um grupo chamado HAMAS entrou no país Israel e matou mil e duzentas pessoas (um verdadeiro massacre, diga-se de passagem) e sequestrou outras 240 pessoas. A partir daí, Israel, ( com apoio dos Estados Unidos) passou a fazer com bombas , o que não dá pra fazer com trator! Derrubar prédios de uma cidade com 2 milhões de habitantes na base do canhão de tanque de guerra, bombas derrubadas por aviões e soldados entrando e matando tudo que ainda tenha a ousadia de se mexer.

    Não existe piedade! Já se vão mais de 20.000 mortos. Destes, mais de 14.000 são crianças com menos de 15 anos de idade e mulheres! Não se pode mais nem chamar de vingança. Já passou de ser chamado de raiva também. É apenas um massacre contra quem não consegue sequer atirar uma pedra com as mãos. Desta vez, iniciada em 07 de Outubro, são 83 dias, hoje, 29 de dezembro, com 21.507 mortos do lado palestino. 

    Israel perdeu 1.200 vidas de civis, entre crianças, mulheres e adultos, mais 490 soldados, segundo informações do exército israelense.  Sendo um total de 1.700 lamentáveis mortes numa guerra que tem características de ser coisa arranjada, com propósito não confessável de manter no poder um homem que irá terminar seus dias atras das grades de algum presídio israelense, chamado Benjamin Netanyahu, um déspota corrupto que enlameia a história de Israel desde a morte encomendada de uma das figuras mais importantes da história recente de Israel, chamado Yitzhak Rabin tinha acabado de fazer um discurso defendendo a paz com a Palestina diante de mais de cem mil pessoas na capital isrealense em 1995.

    Mas o porquê dessa guerra é que não fica claro. Ou o porquê destas guerras! Tem hora que é contra o Irã, que tinha muito petróleo, mas não queria vender o petróleo e suas jazidas para os Estados Unidos,  depois, contra o Iraque que era inimigo do Irã, apoiado e apoiado pelos Estados Unidos, mas que também não quis mais vender suas jazidas de petróleo para as empresas petrolíferas norte americanas, então, disseram que o presidente deles, chamado Saddam Hussein, era um perigoso cara, que tinha bombas e que precisava impedir que ele soltasse as bombas que tinha. Depois, os Estados Unidos nunca conseguiu mostrar nenhuma bomba dos iraquianos, destruíram tudo que tinha lá e saíram como se nada tivesse acontecido. 

    Passou mais um tempo e invadiram o Afeganistão. Bombas, mortes e justificativas que estavam combatendo radicais terroristas. Centenas de milhares de mortos depois, deixaram o país em ruínas e de novo, saíram de lá como se não tivessem nada a ver com o caos instalado e as instabilidades políticas herdadas. 

    Em todos os casos, há uma semelhança: Imaginem se a Argentina nos ultimos 70 anos,resolvesse ter entrado no território brasileiro e expulsar todos os moradores de Foz do Iguaçu e derrubando casas e predios nas cidades e expulsando os donos dos sítios e fazendas, destruindo, matando, estuprando e jogando bombas para instalar em ato contínuo com aparato de segurança, o exercíto argentino, contra os brasileiros, para garantir que eles não voltassem para sua cidade, para suas casas e apartamentos, para seus sítios e fazendas nestes últimos 70 anos? A isso se dá o nome de Kibutz.

    Os membros dos kibutzim, os kibutzniks, são “cidadãos fortes, agricultores qualificados e soldados corajosos, livres do medo e da agitação da diáspora” ou seja, é uma política do Estado Israelense de expulsar das terras palestinas os palestinos e em seu lugar colocar colonos israelenses que compreendem que aquelas terras são biblicamente suas. 

    A diáspora é o fenômeno político que deu origem à dispersão do povo judeu que se espalhou pelo mundo todo. Para este grupo, o povo judeu já não precisa de um estado/lugar exclusivo, mas podem e devem estar incorporados em todos os lugares. Aqui reside a diferença fundamental entre os sionistas e os judeus que não aceitam o sionismo ou seja, não acreditam na artificialidade de um estado exclusivo judeu. Por isso, é necessário separar o judaísmo desta prática despótica de Netanyahu e do regime ditatorial sionista.

    O sionismo, portanto, é a pratica política de um estado judeu que defende que Israel tem o direito a ter um país teocrático. Contudo, nega este mesmo direito ao povo Palestino por considerar que aquela terra é uma promessa divina e assim sendo, os Israelenses, tem o direito de expulsar todos os que não são judeus dali, mesmo que estes não judeus estejam naquele lugar antes da chegada de Abraão, a quem foi designado a Terra Prometida. 

    A diáspora não é um fenômeno recente. A primeira dessas migrações é registrada no ano 586 a.C.,após a destruição do reino de Israel pelos Assírios, conforme descrito na Biblia no Segundo Livro de Reis:  https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/ii-reis/17/ ), o relato bíblico descreve quando o imperador da Babilônia Nabucodonosor II destrói o templo de Jerusalém e deporta os judeus para a Mesopotâmia. Os judeus estavam na região desde 722 a.C ,quando os invasores escravizaram as dez tribos de Israel. Este relato esta no Segundo Livro dos Reis, capitulo 25: (https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/ii-reis/25/)

    Olhando através das lentes históricas e refletindo a partir do relato bíblico, o que posso tirar disso é que Netanyahu, com a complacência de muitos judeus, irmãos meus, estão novamente adorando o Bezerro de Ouro, chamado capitalismo. Ontem foi Baal, hoje é Mamon! 

    Diante disso, o fato é que não existe uma guerra contra o HAMAS. O que existe é um plano de invasão de um território que tem como objetivo ser anexado pelo estado israelense, como parte de um plano para extinguir a raça palestina, em moldes muito próximos do que Hitler pensou e tentou fazer contra os próprios judeus; Benjamim Hitler não conseguiu. Adolf Netanyahu também não conseguirá.  

    É óbvio que até mesmo entre os judeus, os métodos utilizados por este primeiro ministro israelense assassino, estão sendo condenados. Imagine qual seria a reação global se a espanha resolvesse derrubar casas no estado português com tanques de guerra e tratores, construir casas para colonos espanhóis e dizimar a população portuguesa, para abocanhar uma parte do território português e dizer que aquele território segundo o livro sagrado é espanhol!?

    Imaginemos o Brasil resolver anexar o Uruguai, fazer reforma agrária e mandar o povo do Rio Grande do Sul como novos donos daquelas terras? Será que se diríamos que os portugueses e uruguaios eram radicais por reagirem contra os seus invasores? 

    Não é  esta a razão pela qual a mesma mídia acha um absurdo ver os Russos invadir a Ucrânia  com esta mesma finalidade? Com o detalhe que no caso da Ucrânia, a disputa pelo território da Crimeia, (região que fica na Ucrânia), o povo daquela região, em plebiscito, quis ser considerado como sendo russo e essa decisão foi tomada e referendada por aquele povo já faz mais de 10 anos! 

    Agora, vêm à tona a notícia de que no território Palestino, há enormes jazidas de petróleo e gaz natural naquela região. Estas descobertas de gás natural na Bacia do Levante estão na faixa de 122 trilhões de pés cúbicos, enquanto a quantidade de petróleo recuperável ronda os 1,7 bilhão de barris. Estes recursos oferecem uma oportunidade de distribuir e compartilhar cerca de US$ 524 bilhões ou meio Trilhão de Dólares para uma das regiões mais pobres do planeta. 

    Netanyahu, tem interesse em se livrar da cadeia. E para não ser preso, ele mata e mata! Não importa se são crianças ou soldados, se são mulheres indefesas ou idosos. Se são inimigos ou 1.200 compatriotas. Todos, em nome de sua liberdade, são considerados como sendo do HAMAS. 

    Aliás, Hamas este, que conseguiu com uma desenvoltura incrível, digna de cinema hollywoodiano, entrar em um território que tem um dos mais avançados serviços de infiltração na pobreza palestina e inteligência militar do planeta e é Israel, certamente, um dos países mais bem vigiados também, principalmente em suas fronteiras. 

    Portanto, NÃO EXISTE UMA GUERRA CONTRA O HAMAS. O que está acontecendo é a devastação de um território onde seres humanos residiam e estão sendo dizimados em nome de um projeto econômico. realizado por um agente político com apoio da extrema direita israelense, norte-americana e global, que não estão preocupados com o que está escrito na bíblia, mas com o que está enterrado no chão.

    São os senhores da guerra atacando o direito à vida! Vida esta que todos queremos preservada, sejam elas dos israelenses que não podem ser assassinados por ataques cruéis por parte do Hamas, onde ceifam vidas de inocentes, sejam por ataques genocidas por parte de Israel contra o povo palestino que propõe dizimar a história de um povo como queriam os nazistas contra os judeus. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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