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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    Jair Messias e um elogio merecido

    Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia, aponta "a incrível capacidade de Jair Messias de se superar a cada dia em termos de boçalidade"

    01/06/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

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    Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia

    As críticas a certas atitudes e declarações – perdão: a todas, literalmente todas – do presidente Jair Messias se reproduzem diariamente nos grandes meios de comunicação. E entendo que há uma consistente dose de injustiça nessa história. 

    Explico: uma coisa é apontar e criticar os absurdos do seu governo, as manipulações, denunciar as evidências cada vez mais palpáveis de desvio de recursos, o emporcalhamento a que se submetem os militares espalhados por tudo que é canto, enfim, um quadro de tragédia e destruição levado a cabo por patéticos figurantes. 

    E outra, bem diferente, é não reconhecer – e elogiar – a incrível capacidade de Jair Messias de se superar a cada dia.

    Criticar e denunciar sua condução criminosa do país não só diante da pandemia, mas diante de qualquer aspecto do seu governo, a começar pela devastação do meio-ambiente, é mais que justo.  

    Injusto, porém, e bem injusto, é não reconhecer e registrar seu único mérito – o de se superar, em termos de boçalidade, com uma velocidade estarrecedora.  

    Senão, vejamos: quem teria a capacidade de se repetir com assombrosa firmeza um sem-fim de mentiras, de absurdos, e continuar todo serelepe vida afora? Qualquer brasileiro que dedique parte do seu tempo acompanhando o espetáculo dantesco de Jair Messias – vale repetir: presidente da Nação – se dirigindo, dia sim e o outro também, aos arrebanhados (sabe-se lá a troco de quê) num chiqueirinho na porta do Palácio da Alvorada entenderá o que digo. 

    Ele mente e mente e mente, e não acontece nada. Ou melhor, acontece: é aplaudido pelo rebanho. Afinal, essa foi a missão que receberam ao serem conduzidos até lá. 

    Não há registro, na história da República brasileira, de antecedente sequer parecido, no que se refere ao dantesco e ao ridículo. 

    E é nesse ponto que clamo por justiça para Jair Messias: que se reconheça ser ele a maior e mais abjeta aberração que passou pela presidência da República, e que sua capacidade de mentir compulsivamente não encontra antecedente em mandatários de qualquer país civilizado ou mais ou menos civilizado em todo o mundo.  

    Alguém deveria explicar, ou ao menos tentar explicar, de onde Jair Messias tirou essa capacidade de mentir com firmeza e serenidade espantosas. E também esclarecer se o boçal-mor do país acredita nos absurdos que diz, nas acusações completamente desprovidas de qualquer sentido que repete, nas ameaças que ele mesmo deve ser o primeiro a saber que não tem como cumprir.  

    Então, o que se pede aqui é um mínimo de senso de justiça: que se critique o que é criticável no governo (ou seja, tudo). Mas que se reconheça que nunca antes jamais houve figura tão patética, tão absurda e, pior, tão perigosa ocupando a poltrona presidencial em toda a história da República. 

    Que nas eleições de 2022 essa bizarrice seja devidamente catapultada de onde está e conduzido aos tribunais. 

    O problema é como sobreviver até lá.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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