Leila não entrou em campo, mas perdeu a taça
A presidente prefere cofre cheio a goleadas
É óbvio que a bomba sempre estoura nas mãos (e nos pés) dos jogadores.
Vanderlan foi ingênuo ao ser driblado, o que originou o gol do Fluminense, na derrota de ontem. Weverton ficou parado, como uma estátua, cravou um comentarista. “O time jogou sem alma” disse o técnico Abel Ferreira, que não costuma criticar seus comandados.
Em outros jogos, houve muitos erros. Mike deu um passe açucarado para o adversário dar um chute indefensável. Flaco Lopez já perdeu gols cara a cara com o goleiro a dar com pau. Rony, então, já teve seus dias de glória, mas mal pega na bola. Gabriel Menino erra mais passes que acerta.
Tudo isso é verdade. Se os jogadores não tivessem cometido tantos erros, seja na defesa, seja no ataque, seja no meio de campo, os resultados seriam outros.
Mas a má temporada do Palmeiras neste ano começou antes de o time entrar em campo.
Há alguns anos, e sobretudo na gestão de Leila Pereira, a política da diretoria tem sido vender craques e comprar bagres, vender artilheiros e comprar promessas que não se cumpriram.
Sempre que surge um artilheiro, a torcida já sabe: o Palmeiras vende. Aconteceu com Gabriel Jesus, depois com Endrick e agora com Estêvão. Há uma pressa inexplicável em vender, em vez de esperar um pouco mais.
Quando o palmeirense se encanta com um craque, como Endrick, lá vai ele para a Europa. Ah, mas nós temos outro, temos Estêvão, era o discurso da presidente. O que o torcedor queria era ver Endrick e Estêvão jogarem juntos. Seria um ataque demolidor. Mas a presidente sempre prefere dinheiro em caixa, talvez por seu DNA ser financeiro e não futebolístico, a goleadas.
Não haveria problema em vender craques se no lugar deles viessem outros. Mas o Palmeiras vende Scarpa, Danilo, Endrick, Estêvão e compra Rômulo, Flaco Lopes, Caio Paulista, Lázaro.
A diretoria de futebol prefere comprar dez jogadores mais ou menos em vez de dois excelentes. Prefere confiar na “base”. Vende mal até mesmo jogadores medianos, como Breno Lopes, Gabriel Veron, Deyverson, que acabam emplacando como titulares em seus novos times. E seus substitutos são piores que eles.
Essa política estava dando certo até que surgiram as SAFs. Os times passaram a ter donos estrangeiros, os investimentos não são mais em reais, mas em dólares e euros. E são gigantes.
O Botafogo foi o mais bem sucedido porque, além de ter milhões de euros para gastar, optou por contratar não em quantidade, mas em qualidade.
Comprou jogadores já prontos, não promessas. Atletas fortes, habilidosos e decisivos. Optou por não utilizar a “base”, porque é óbvio que há mais opções de craques no mundo do que no Rio ou no Brasil.
Enquanto essa política continuar, e tudo indica que vai, porque Leila Pereira acaba de ser reeleita, o Palmeiras tende a perder a hegemonia que conquistou, com muito sangue, suor e lágrimas nos últimos quatro anos, desde a contratação de Abel Ferreira.
Se o próximo ano for tão ruim quanto este, a bomba vai estourar na mão dele.
Embora seja um excelente técnico, ele não faz milagres.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




