L'extrême droite est morte, vive la droite!
"Dizer 'a extrema-direita morreu, viva a direita' não é o que parece; não é provocação, é uma constatação do que vem por aí", escreve Eduardo Guimarães
A frase original nasceu em francês: “Le Roi est mort, vive le Roi!”. Foi usada pela primeira vez quando Charles VII ascendeu ao trono de França após a morte do pai, Carlos VI, em 1422 . Começou a ser usada pela nobreza assim que um monarca passava desta para melhor.
Em tradução literal: “O Rei morreu, viva o Rei!”. Partia da premissa de que o trono nunca ficaria vago. Pode ser facilmente usada para qualquer espaço de poder que não pode nem consegue ficar vago. Daí que em vez de “roi” (rei) usei “droite” (direita).
As aulas de francês nunca me faltarão; quase me arrependo de ter socado o professor Freitas (que os deuses o tenham) após ele me aplicar um “pescotapa” por atrapalhar sua aula com gracinhas durante o semi-internato no São Bento -- o que, por incrível que pareça, não resultou em expulsão.
Em minha defesa, tinha 12 anos; pelo lado cômico, virei herói da escola.
Dizer “a extrema-direita morreu, viva a direita” não é o que parece; não é provocação, é uma constatação do que vem por aí. Porque a extrema-direita bolsotrumpista não morreu, mas vai morrer...
A nossa “extrême droite” vai na frente e a dos ianques depois. Azar deles.
Mas o que vai ficar no lugar é bem mais perigoso para quem tem pressa de viver com dignidade, pois o que ficará no lugar é o que a direita que usa papel higiênico chama de “liberalismo econômico”.
Vulgo neoliberalismo.
Menos programas sociais, mais programas high-society para banqueiros, latifundiários, empresários, milicos graúdos, herdeiros de todas as formas, cores e tamanhos...
O bolsonarismo vai morrer porque não foi neoliberal o bastante e nem mesmo um pouco. Achou que fazer programas sociais era jogar centenas de bilhões de avião em cima da massa que mal e porcamente sobrevivia no pós-pandemia. Deu no que deu.
E os barões da mídia se enfureceram: “Tiramos Lula, Dilma e o PT para colocarem ISSO no lugar?!”, vociferaram.
O julgamento vai matar a extrema-direita. E quando estiver morta, o plano T entra em campo. Ele irá moderando o discurso ao gosto do tal “centro”.
Não deveriam me perguntar o que fazer, mas já que perguntaram eu respondo: a esquerda precisa fazer o que “L’extrême droite” não soube: sair da Guerra Fria e entrar no século XXI. E aprender a falar do que interessa ao povo – sem masturbação ideológica.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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