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    Tereza Cruvinel

    Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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    Lula diz que dificilmente haverá déficit zero em 2024 e acrescenta: “enquanto eu for presidente não haverá GLO”

    Em café da manhã com jornalistas, o presidente também justificou o atendimento de exigências do Centrão

    Presidente Lula fala durante café da manhã com setoristas do Palácio do Planalto 27/10/2023 (Foto: Ricardo Stuckert)

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    Em café com jornalistas na manhã de hoje o presidente Lula afirmou que o país dificilmente conseguirá zerar o deficit fiscal no ano que vem, garantindo que tudo será feito para o cumprimento da meta mas sem sacrificar obras necessárias. Afirmou que as Forças Armadas ajudarão no enfrentamento da violência no Rio mas sem entrar em comunidades e que não haverá intervenção: “Enquanto eu for presidente não haverá GLO”. Justificou o atendimento de exigências do Centrão e ainda pregou, pela primeira vez abertamente, o fim do poder de veto das cinco maiores potências no Conselho de Segurança da ONU.

    Estava prevista a divulgação, no encontro com a imprensa, dos nomes dos novos indicados para a diretoria do Banco Central mas isso não aconteceu. Pouco antes ele havia estado com o ministro Fernando Haddad e possivelmente não tenham batido o martelo.

    Sobre a meta fiscal, Lula afirmou: “O mercado às vezes é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida. Então sei da discussão do Haddad, da minha disposição. O que eu quero dizer é que nós dificilmente chegaremos à meta zero”.

    Disse ainda que tudo  será feto para o cumprimento da meta mas que “ela não precisa ser zero, a gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer meta em que eu tenha de começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país. Se o Brasil tiver um déficit de 0,25%,  o que é 0,25%? Nada.

    Relativamente ao avanço do poder do Congresso sobre o Executivo, a entrega da CEF ao Centrão e a recusa, pelo Senado, do nome de Igor Roque para a Defensoria Pública da União, Lula disse que negociar é próprio da democracia, lembrando que as negociações Executivo-Congresso existem desde o governo Sarney. “Mais difícil está lá na Espanha, onde há três meses não conseguem acordo para compor um governo”.

    No caso do Igor, disse ainda: “talvez eu tenha tido alguma culpa, porque estava hospitalizado, não pude conversar com os senadores, não sei com quais senadores ele conversou. Terei  que indicar outro”.

    Repetiu que não negociou com o Centrão mas com partidos legais, que elegeram bancadas e de cujo apoio ele precisa. Para a CEF, lamentou que tenha precisado tirar uma mulher. “Mas quando faço acordo com um partido, ele pode não ter uma mulher para indicar”. Mas que outras trocas poderão ser feitas no governo e outras mulheres poderão vir a ser nomeadas.

    - O governo precisa do Congresso, não é o Congresso que precisa do Governo.  Então precisamos ter humildade para negociar. Preciso levar em conta as demandas deles. Lembro que entrei para a vida política negociando. Inicialmente eu ia para a porta de fábrica dizer “100% ou nada”. E muitas vezes ficávamos com nada. Então aprendi que dialogando a gente pode conseguir alguma coisa.

    Além de justificar seus acordos, Lula mandou um recado para os que o vêm criticando, no campo do PT e da esquerda:

    - Este foi o Congresso que o povo elegeu, com as informações que tinha no dia da eleição.  Mudança, só na próxima eleição. Lembro que o presidente não pode pedir impeachment de deputado mas que deputado pode votar impeachment de presidente.

    Ou seja, ele não vai se descuidar, e tem perfeita noção de que o Congresso adquiriu um poder inédito desde a redemocratização, embora tenha evitado o tema levantado por Brasil247.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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