Lula Livre: Marx ou Marvel?
"Lula na Rua é a melhor tática para se chegar ao Lula totalmente Livre! Mas a decisão deve ser tomada por ele, que é quem está lá amargando uma prisão injusta e absurda", avalia o presidente do PT-RJ, Washington Quaquá. Ex-presidente Lula tem dito que só deixa a prisão com sua inocência reconhecida
Vivemos no mundo do espetáculo. O mundo dos super-heróis da Marvel. O mundo dos vingadores. Homens de aço, homens de pedra, homens aranha, homens líquidos e homens gasosos...
Mas embora a política e os políticos transformarmos em mercado e mercadoria, também sejam aprisionadas na lógica do espetáculo, sabemos bem que essa é uma dinâmica de falsificação do real. E essa falsidade geral de um lado e a pasteurização dos interesses reais, econômicos e de classes sociais, de outro, são a causa da falência da política junto às classes populares.
A fetichização geral transforma políticos em mercadoria a serem vendidas para seus consumidores (eleitores) em seus nichos de mercado. Todos estão presos a essa lógica, inclusive a esquerda.
É assim que muitos param de operar a boa tática que tem como bússola a correlação de forças da vida real, das alianças necessárias ou não, das decisões mais radicais ou mais moderadas, avaliadas a partir do poder concreto de mobilização das classes sociais em luta, na arena política e social real, para operar apenas a lógica do espetáculo para seu eleitorado (mercado).
À luta pela libertação do presidente Lula de seu cárcere político injusto e ilegal vive deste dilema. Dilema geral da política em tempo pós modernos. Agir para agradar o mercado interno (o mercado de militantes e eleitores de esquerda) ou buscar uma tática que acumule forças para a obtenção do objetivo desejado? Qual seja: Lula Livre.
Claro que uma posição mais dura pode ser a melhor tática em determinado momento de necessidade de autoafirmação. Inclusive sendo inegociável a comprovação de sua inocência e desmascarar o caráter político e ilegal do processo que levou à sua condenação.
Mas vamos à polêmica da vez. Uma polêmica urgente de ser resolvida. A polêmica: se o Presidente Lula deve ou não aceitar a progressão para o regime semi-aberto.
Primeiro que essa não é uma questão de princípio ou moral. Porque o que é de princípio é o fato, já pacificado na comunidade internacional e já majoritário na sociedade brasileira, embora ainda em disputa em uma sociedade doente como a nossa, de que o processo contra Lula foi forjado e manipulado e que sua prisão é ilegal.
Então precisamos pensar se é melhor ter Lula na rua, fazendo comícios e caravanas, mesmo que o semi aberto proíba, mas que ele se insubordine; e ter Lula podendo se reunir livremente com dirigentes políticos, militantes sociais e figuras importantes da sociedade e da política brasileira; ou ter ele por mais tempo trancafiado em uma masmorra em Curitiba.
Eu confesso que esse quase velho marxista não é tão fã da tática Marvel...
Acho que Lula na Rua é a melhor tática para se chegar ao Lula totalmente Livre! Mas a decisão deve ser tomada por ele, que é quem está lá amargando uma prisão injusta e absurda.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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