Lula manda sinais a Ciro: PT e PDT voltam a conversar
"Ao incluir o PDT na lista de partidos bloqueados pela mídia, Lula quis mandar um sinal público: as duas forças precisam se acertar de alguma forma. E não se trata apenas de 2022... PT e PDT precisarão estar juntos agora em novembro de 2020", avalia o jornalista Rodrigo Vianna sobre a declaração do ex-presidente Lula
Não se trata de informação de bastidor. A declaração a seguir foi estampada nas redes sociais do ex-presidente Lula:
"A oposição não aparece porque tem pouco espaço midiático. Não ouvem o PT, o PSOL, o PDT... Pra Globo a grande oposição no Brasil é o Rodrigo Maia. O cara que parece que é contra o Bolsonaro e o Paulo Guedes, mas aprova tudo que eles querem. Aquela velha oposição consentida..."
Lula reproduziu frase dita por ele mesmo, numa entrevista de rádio esta semana na Bahia, analisando o bloqueio informativo que a imprensa tradicional pratica.
Esse bloqueio é um fato inquestionável. Mas chamo atenção para um detalhe: ao listar a oposição bloqueada pela cobertura da Globo, Lula poderia ter citado só o PT, ou até o PSOL. Mas fez questão de incluir o PDT na lista.
Não foi um descuido ao falar ao vivo na rádio. Se fosse, Lula não teria transcrito a frase em suas redes sociais...
Todos sabemos dos ataques fora de tom de Ciro contra Lula e o PT. Pareciam um caminho sem volta. Lula cansou de apanhar e chegou a devolver algumas críticas. Mas agora algo mudou. Reparemos que Ciro também baixou o tom nas críticas. Há uma operação para reconstruir as pontes entre petistas e pedetistas.
Muitos dirão que os Ferreira Gomes, assim como parte do PDT, não são propriamente esquerda. É fato. Mas carregam a marca simbólica do brizolismo, e num Brasil dominado pelo fascismo não podemos nos dar ao luxo de dividir as forças democráticas.
Outros dirão que Ciro fez um giro ao centro, promovendo aliança com o carlismo na Bahia, por exemplo. É fato. Mas esse giro pode ser revertido, se o PDT perceber que esse movimento leva à inação e não traz ganhos - já que o "centro" (DEM et caterva) se desloca em direção ao bolsonarismo.
As informações (e agora se trata de um bastidor colhido por este jornalista) são de que Ciro e Lula voltaram a conversar nas últimas semanas. As rusgas ainda são fortes, mas a conversa está reaberta.
Ao incluir o PDT na lista de partidos bloqueados pela mídia, Lula quis mandar um sinal público: as duas forças precisam se acertar de alguma forma. E não se trata apenas de 2022...
PT e PDT precisarão estar juntos agora em novembro de 2020.
No Rio, Benedita (PT) ou Martha (PDT) podem ir ao segundo turno. Se a pedetista for a escolhida, o que hoje parece mais provável, precisará do apoio de Lula/Benedita.
Em Fortaleza, o quadro pode se inverter: mais provável que Luizianne Lins do PT enfrente um bolsonarista no segundo turno. E precisará do apoio do PDT.
Em Porto Alegre, Manuela (PCdoB, com PT na vice) irá ao segundo turno. E dependerá do voto de Juliana Brizola e das bases ainda vivas do pedetismo gaúcho.
A Bolívia mostrou a trilha da vitória. Lá, a direita se dividiu e a esquerda se unificou sob comando de Evo Morales - mas abrindo espaço para novos rostos...
Esse parece ser o caminho no Brasil.
PT, PSOL, PCdoB, PDT precisam estar juntos. É condição necessária, mas não suficiente, para furar bloqueios midiáticos e restaurar a democracia desorganizada pelo Golpe, pela Lava Jato e pelo desastre bolsonarista.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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