TV 247 logo
    Helena Chagas avatar

    Helena Chagas

    Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

    501 artigos

    HOME > blog

    Lula no controle da pauta

    "O governo Lula, na prática, já começou. Ocupou os espaços institucionais, políticos e midiáticos e agora controla a pauta", diz a jornalista Helena Chagas

    O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anuncia ministros durante coletiva no CCBB Brasília. 09/12/2022 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

    Em política, o importante é controlar a pauta. Com todas as dificuldades criadas pela relutância dos bolsonaristas/golpistas  — e do próprio Jair Bolsonaro — em aceitar sua eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega ao terço final de uma transição difícil com as rédeas do processo político nas mãos.  

    A cerimônia de diplomação e a própria posse podem inspirar cuidados do ponto de vista da segurança, e toda a atenção será pouca nos dois momentos. 

    Mas, com sua República da transição instalada no CCBB e gerando fatos e noticias no último mês, e agora com os primeiros anúncios ministeriais, o governo Lula, na prática, já começou. Ocupou os espaços institucionais, políticos e midiáticos e agora controla a pauta. 

    A reação ao anúncio de seus cinco primeiros ministros, nas pastas consideradas de Estado, mostra isso. Fora reclamações sobre a ausência de mulheres e afrodescendentes nessa primeira leva — o que certamente será corrigido nas próximas — foi uma operação para lá de bem sucedida. 

    O novo governo, que já era um fato consumado na transição do Banco do Brasil, agora tem cara. E  um fulanograma de primeira linha em seu núcleo duro. Fernando Haddad, Flavio Dino, José Múcio, Rui Costa e Mauro Vieira atendem tanto a necessidades conjunturais — por exemplo, a de pacificação militar-policial antes da posse — quanto estruturais, já que estão entre os melhores nomes que poderiam ser recrutados no plano político-institucional para reconstruir a administração desmantelada por Bolsonaro.

    Bolso quem? Bolsonaro, por suas atitudes no pós-eleitoral, é hoje um zumbi a arrastar correntes no Alvorada — que precisa passar por uma varredura e, sobretudo, uma benzedura antes da chegada de seu novo ocupante. 

    O derrotado saiu da eleição com o grande patrimônio de 49% dos votos, mas esse eleitorado vai se esfarelando e sendo apropriado por outras lideranças da direita que aceitaram o resultado do pleito e vão continuar jogando o jogo da normalidade. 

    Lula tem pela frente o enorme desafio de desativar a máquina de fazer mentiras do bolsonarismo, que continuará ativa e com grande capilaridade. Mas é possível supor que a hegemonia dessa rede do ódio comece a ser disputada por outras forças. 

    Em algum tempo, os 49% supostamente bolsonaristas podem se dispersar no apoio a líderes diversos do centro e da direita,  e o bolsonarismo-raiz acabar do tamanho que muitos cientistas políticos acham que tem: menos de 20% do eleitorado. Ou menos ainda, se Lula continuar fazendo direitinho a disputa política e liderar um bom governo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: