Lula reverencia Josué de Castro ao liderar aliança pela erradicação da fome
“O geógrafo pernambucano estaria feliz em ver um presidente brasileiro mostrando que é possível erradicar a fome em escala global”, escreve Aquiles Lins
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu durante a força-tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro, que a existência da fome no mundo é uma decisão política. “A fome não resulta apenas de fatores externos, ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos”, disse o presidente Lula.
Em 1946, portanto há 78 anos, quando lançou o livro Geografia da Fome, o geógrafo e médico pernambucano Josué de Castro argumentou que a fome não é simplesmente um problema de falta de alimentos, mas resulta de uma complexa rede de fatores socioeconômicos e políticos, incluindo a má distribuição de terras, a desigualdade de renda e políticas agrícolas inadequadas. Josué de Castro defendeu na obra que a fome é uma manifestação de injustiças sociais profundas e crônicas, e propõe uma abordagem integrada e multifacetada para combatê-la efetivamente, com reformas estruturais para garantir a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável.
Além de seu trabalho acadêmico, Josué de Castro teve uma carreira política significativa. Ele foi deputado federal e embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Como presidente do Conselho Executivo da FAO, ele promoveu políticas internacionais para combater a fome e melhorar a segurança alimentar global. Ele foi exilado durante a ditadura militar brasileira, passando seus últimos anos de vida na França, onde continuou seu trabalho e ativismo.
Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto Josué de Castro reconhecem a fome como um problema que exige soluções estruturais e integradas. Durante seus mandatos, Lula implementou programas como o Fome Zero e o Bolsa Família, focando na redistribuição de renda e na promoção de políticas agrícolas sustentáveis. O presidente Lula pensa como Josué de Castro. E vai além. A iniciativa do Brasil à frente da presidência do G20 estabelece um compromisso internacional para obter apoio político, recursos financeiros e conhecimento técnico para implementação de políticas públicas e tecnologias sociais comprovadamente eficazes para a erradicação da fome e da pobreza no mundo. E o Brasil tem muito conhecimento sobre o tema, experiências voltadas para os mais pobres e vulneráveis, como transferência de renda, alimentação escolar, cadastro de famílias vulneráveis, apoio à primeira infância, à agricultura familiar com compra direta para escolas e órgãos públicos, assistência social, protagonismo das mulheres e inclusão socioeconômica e produtiva.
Josué de Castro estaria feliz em presenciar um presidente brasileiro mostrando que é possível erradicar a fome em escala global a partir de um conjunto de iniciativas e decisões políticas. Executando aquilo que ele previra.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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