Lula terá de evitar sanções de Trump sem brigar com China e Rússia
"Venezuela será o principal inimigo e Argentina o principal aliado dos EUA na América Latina", analisa Alex Solnik
Ninguém precisa ser “Mãe Dinah” para constatar que a Argentina de Milei será a principal aliada dos Estados Unidos de Trump na América Latina.
Não por ambos serem de “extrema direita”, mas por serem radicalmente capitalistas. Tirar a Argentina do buraco será necessário para Trump provar que o capitalismo é a solução e não o problema.
Pelo motivo inverso, a principal inimiga será a Venezuela, que se define “rumo ao socialismo”. O socialismo é o inimigo do capitalismo e vice-versa. Trump vai trabalhar para mostrar que o socialismo é o problema, não a solução.
Diminuir a influência russa sobre as reservas de petróleo da Venezuela, nas quais está de olho, é um dos objetivos. Para “fazer a América grande de novo” ele precisa de petróleo perto de casa, não no Oriente Médio. E é claro que não basta ele querer, vai ter que combinar com os russos, que já detêm joint-ventures com a estatal do petróleo venezuelano.
O Brasil, que está no meio termo, mezzo capitalista, mezzo anticapitalista, vai ser afetado por um lado e por outro.
Trump vai pedir ajuda ao Brasil para isolar a Venezuela. Se Lula concordar, será visto como traidor por seus aliados ideológicos dentro e fora do país, sobretudo pela Rússia; se não concordar, Trump poderá retaliar o Brasil. E privilegiar a Argentina, cuja posição anti-Maduro é inequívoca.
E é claro que para fortalecer a economia argentina ele vai taxar mais as importações do Brasil, cujos principais aliados, Rússia e China, são seus principais inimigos.
Já eram com Biden, mas é óbvio que a mão de Trump será muito mais pesada.
Não estão fora do radar sanções em razão do forte comércio do Brasil com a China.
O Brasil terá de fazer das tripas coração para evitar as maldades de Trump, e ao mesmo tempo manter boas relações com a China e com a Rússia.
Todas as “Mães Dinah” sabem que a reeleição de Lula depende, em boa parte, do desempenho da economia.
Tempos difíceis vêm aí.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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