Lula venceu. O resto é detalhe
"Há outras perguntas em busca de respostas sobre a decisão de Fachin mas tudo é detalhe diante da verdade essencial: Lula teve uma vitória jurídica e política redentora, derrotando a complexa e sofisticada operação de "lawfare" montada por um aparato judicial, fortemente auxiliado pela mídia, para perpetrar seu assassinato político e moral", escreve a jornalista Tereza Cruvinel
'E a história, daqui a alguns dias, vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, foi o juiz que me julgou e foi o Ministério Público que foi leviano comigo'.
- Luiz Inácio Lula da Silva, discursando antes de ser preso, em 7 de abril de 2018
Não é preciso perguntar por que só agora o ministro Edson Fachin concluiu que o ex-juiz Sergio Moro não tinha competência para julgar o ex-presidente Lula, anulando com uma penada brusca todos os processos contra ele movidos pela Lava Jato. Está claro como água que a manobra foi uma tentativa de salvar Moro da declaração de suspeição, e livrar seus parceiros da Lava Jato de punição por todas as patifarias cometidas.
Esforço inútil, pois a Segunda Turma deve manter, e talvez começar hoje, o julgamento do Habeas Corpus em que a defesa de Lula pede o reconhecimento da suspeição de Moro, que como juiz violou dezenas de vezes os cânones da imparcialidade e o princípio do juiz natural.
Há outras perguntas em busca de respostas sobre a decisão de Fachin mas tudo é detalhe diante da verdade essencial: Lula teve uma vitória jurídica e política redentora, derrotando a complexa e sofisticada operação de "lawfare" montada por um aparato judicial, fortemente auxiliado pela mídia, para perpetrar seu assassinato político e moral. Destruir Lula era, naquela altura, o mais precioso serviço que poderia ser prestado às forças dominantes, daqui e lá de fora. Serviço feito, chegamos a Bolsonaro e à tragédia que engole o Brasil.
Com a revelação dos podres de Moro e da Lava Jato, a frase de Lula em epígrafe, já dita de outras formas e em outros momentos, confirma sua verdade: criminosos foram Moro, os procuradores e os delegados federais da Lava Jato.
Há que se reconhecer a coerência e a tenacidade dos defensores de Lula, Cristiano Zanin e Valeska Teixeira, que nos últimos cinco anos sustentaram a mesma linha de argumentação jurídica: Moro não tinha competência para julgar Lula, não era o juiz natural e nem era imparcial, e a Lava Jato, atropelando a lei e perseguindo Lula por razões políticas, praticava um escandaloso lawfare.
Com a decisão de Fachin, Lula é novamente dono de seus direitos políticos, está novamente elegível e dificilmente não poderá ser candidato em 2022.
Os processos vão tramitar em Brasília, mas dificilmente, um juiz imparcial condenará Lula por ter recebido como suposta propina um apartamento que ele nunca teve. Ou por ter sido supostamente favorecido com obras num sítio que nunca foi dele. E qualquer que seja a sentença, dificilmente ela terá passado por duas instâncias antes de 2022.
Lula está elegível, poderá ser candidato e isso muda tudo. Um raio vívido riscou ontem o céu escuro do Brasil atual. A expressão Lula Livre agora se cumpre realmente. Se ele for candidato, a disputa será entre ele e Bolsonaro. Não haverá espaço para a centro-direita liberal nem para outros candidatos de esquerda. Teremos o confronto que o sistema evitou em 2018 com a prisão e impedimento de Lula.
A pesquisa IPEC divulgada no final de semana já trouxe Lula com 50% de aceitação, contra 38% de Bolsonaro. Um forte sinal de que o povo brasileiro já vinha compreendendo a injustiça, a perseguição e as canalhices de que Lula foi vítima. Agora, com a decisão de Fachin, a ficha cairá tilintando.
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