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    Mario Vitor Santos

    Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

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    Lula volta como um cometa sobre Manhattan para sacudir as lamúrias da mídia "profissional"

    No Brasil, a quem o discurso de Lula se destinava, a mídia "profissional" é obrigada a registrar conteúdos desagradáveis para ela

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante abertura do Debate Geral da 78º Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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    Lula reapareceu no plenário da assembleia geral da ONU para reafirmar sua condição de figura central do sistema solar brasileiro.

    Um sol muito sabotado, mas capaz de resistir e vencer  ocupando aquela situação instável em que viveu. Ele é a própria "condensação da polarização" brasileira.

    Uma história improvável de sobrevivência contra os medos suscitados pela vaca de extrema-direita que sacode os sistemas políticos em todo planeta. No Brasil, Lula os derrotou e isso é extraordinário, gera imensa curiosidade para aplacar os medos dos acossados pela emergência avassaladora da extrema-direita turbinada pela resiliência da opinião que a apoia nas redes.

    No Brasil, a quem o discurso de Lula se destinava, a mídia "profissional" é obrigada a registrar conteúdos desagradáveis para ela.

    Eleito, o presidente Lula tem o direito de ocupar por meia hora a tribuna da ONU para falar por meia hora sem interrupções. Faz-se silêncio para ouvir palavras que vão contra tudo que esta midia propagou neste século e no fim do anterior:

    "O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros, surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas".

    Magistral pela concisão,  o trecho pode ser visto também como uma descrição da história do Brasil nos últimos anos, encarnada pelas desventuras de Lula, Dilma e tantos outros, sacrificados no altar da mídia de direita, a mesma que agora finge que não é com ela.

    Desconcertados pela benção de Arthur Lira a Lula, faltam referências internas para alavancar seus arautos.

    A esperança é aguardar algum sinal dos patrões  maiores, a Casa Branca e o Departamento de Estado.

    Lula governa em tensão interna permanente com o mercado financeiro, que não gosta de nada,que Lula fez neste terreno, como aponta pesquisa Quaest.

     Ao reunir-se Lula com o ucraniano Volodimir Zelensky, a mídia conservadora alinhada a Washington extrair elementos para tentar retornar à sua zona de conforto. Poderá manifestar decepção por Lula ser excessivamente autônomo aos desejos do velho senhor do Norte, guardião do "mundo livre", dos valores do "Ocidente".

    Se Lula não rezar por inteiro pela cartilha, esta mídia redobrará sua ladainha de reparos e conselhos ridículos (pela pretensão) e constrangedores (pela ignorância e subestimação do público).

    A velha ordem unipolar foi explodida não só na geopolítica mundial, mas também no monopólio da informação. Isso inclui a ruptura dessa exclusividade no Brasil, ainda mais sacudida momentaneamente pela passagem rasante desse  cometa Lula que volta à ilha de Manhattan gerando tanta turbulência na formação de opinião.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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