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    Elisabeth Lopes

    Advogada, especializada em Direito do Trabalho, pedagoga e Doutora em Educação

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    Mais jovens ‘João Pedro’ - Sem Anistia na Janela!

    Com tantos óbices a tudo que sinalize diminuir a desigualdade social, o povo brasileiro fica à mercê dos mecanismos explícitos e também subliminares

    Jair Bolsonaro em São Paulo - 25/03/2024 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

    Bolsonaro na recente manifestação pró-anistia em favor dos golpistas do 8 de janeiro teve como pano de fundo a célebre frase estampada nas janelas de um apartamento do bairro Copacabana, onde ocorreu o evento: SEM ANISTIA! 

    O autor do cartaz é um jovem estudante de direito João Pedro Fagundes, que com o auxílio de sua família concretizou seu ato de protesto à barbárie dos funestos discursos de Bolsonaro e de sua súcia, entre esta, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, o oportunista beneficiário do futuro espólio político do inelegível e futuro réu pelos crimes: Abolição violenta do estado democrático de direito, organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e plano de assassinato do Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, do Vice Presidente Geraldo Alkmin e do Ministro do STF Alexandre de Moraes.  

    Assistimos nesse evento uma morte anunciada de um personagem medíocre e nefasto, alçado ao poder por obscuras circunstâncias ensejadas pelo avanço da direita liberal, da extrema direita, do conservadorismo nos costumes, do ópio enganador da fé e da prosperidade, do discurso antissistema, do movimento antipetista exacerbado desde o mensalão até o pífio lavajatismo, violador do devido processo legal. Circunstâncias alimentadas pela manipulação intermitente do povo, determinada pela estúpida elite financeira e pela grande mídia patrocinada por ela.  

    Em 2018, o mote da imprensa foi o triste argumento de que seria uma escolha difícil entre um professor progressista, com uma prática política idônea e um deputado do baixo clero, que de golpe em golpe ao erário público foi amealhando uma fortuna injustificada. Antes tivesse ficado no congresso disse um comediante na rede social, lá não era percebido ou investigado, como muitos políticos que têm se perpetuado no legislativo num triste país que está onde está, desde que foi colonizado. 

    Pela falta absoluta de conteúdo pessoal e de ética, pela ausência de empatia, de humanidade ou de qualquer atributo reflexivo de autocrítica a fim de se tornar um ser melhor, Bolsonaro produziu inúmeros atos prejudiciais ao país e à vida de 700 mil brasileiros que sucumbiram, durante a pandemia por sua negação à ciência. Foi o responsável pelos estragos ao meio ambiente, passando a boiada, pela economia ultraliberal de Guedes, pela vilania na educação, além de outros.  O inelegível para livrar-se dos vários e robustos pedidos de impeachment fez agrados ao congresso que, rapidamente, foram transformados em desvios ilegais do orçamento público. 

    Mediante essa síntese de maus feitos do homem que já foi chamado de mito, como explicar que ainda há brasileiros que insistem em reverenciá-lo? 

    A boa nova é que diminuíram significativamente os adeptos a esse desastre desumano. O país começa a respirar melhor depois de quase sucumbir numa fase melancólica, que esperamos não reincida mais não só na presidência do país, como na atual composição do congresso eleita na carona da onda bolsonarista e caracterizada, em sua maioria, por políticos fascistas, retrógados e integralmente nocivos aos interesses de bem estar do povo.

    As forças progressistas terão um trabalho árduo pela frente para alterar a composição das duas casas legislativas. Não adianta ter um bom governo, sem um congresso digno que o apoie em nome de um desenvolvimento sustentável, solidário e soberano.  

    No dia 18/03/25 recebemos uma promissora notícia do governo federal, que está em busca de medidas de justiça social e fiscal por meio do Projeto de Lei que propõe a Isenção de Imposto de Renda para pessoas que recebem até cinco mil reais por mês a partir do próximo ano. 

    Apesar de termos a ciência de que um projeto dessa natureza, com toda a certeza, será esvaziado pelos lobbies do mercado da direita liberal e da extrema direita que defendem interesses de uma minoria poderosa economicamente em detrimento das necessidades da maioria do povo, trata-se de um passo alentador em direção à distribuição de renda.

    Num país com severa desigualdade social é evidente que qualquer medida que bata de frente com os interesses dos investidores em perpetuar seus privilégios, naturalmente correrá sério risco de ser desidratada no congresso. 

    A propósito, a Globo News como era de se esperar, apresentou no dia 19/03/25, uma pesquisa da Genial/Quaest, que teve como entrevistados agentes financeiros, com os seguintes resultados: “93% consideram que a política econômica do país está na direção errada, enquanto 7% acreditam que está na direção certa. Outros 83% acreditam que a economia brasileira vai piorar, 13% que permanecerá a mesma e 4% que vai melhorar” (Disponível em https://g1.globo.com/). Por óbvio nada de novidade num país refém dos caprichos vorazes da acumulação de capital. 

    No decorrer da divulgação da pesquisa, sem desapontarem seus patrões globais, os comentaristas que vivem dentro da barriga do monstro (Rede Globo), argumentaram o mais do mesmo ao referirem que o governo não cuida do controle fiscal, por essa razão o mercado reage indo de encontro à política econômica implementada pelo Lula e sua equipe de governo. Chega a doer na alma, quando assistimos essa mídia perversa repetir a mesma cantilena de sempre. É difícil tolerar que esses conglomerados midiáticos nas mãos de algumas famílias ou de bancos ajam contra seu próprio país, como sanguessugas.   

    Num país como o Brasil imerso em disparidades sócio econômicas abissais entre o ínfimo segmento mais rico da população e o imenso segmento mais pobre, essa iniciativa do Governo Lula tem uma profunda importância. 

    De acordo com o Ministro Fernando Haddad: “É a primeira reforma significativa da renda no país, porque mexe numa ferida social de longa data” (Disponível em: agenciagov.ebc.com.br.) Ele argumentou que a proposta do governo almeja que um pouco mais de cem mil pessoas que possuem renda exorbitantes passem a contribuir, a fim de que seja feita justiça a mais de 20 milhões de brasileiros. A isenção de Imposto de Renda do contingente citado no projeto será compensada pela contribuição dos mais ricos, não afetando as contas públicas. 

    Com tantos óbices a tudo que sinalize diminuir a desigualdade social, o povo brasileiro fica à mercê dos mecanismos explícitos e também subliminares pela ambição voraz dos rentistas.

    Nas palavras acertadas do ex -deputado José Genoíno sobre essa corja desumana da direita e da extrema direita, dos possuidores versus despossuídos: “Eles se unem para eliminar direitos sociais. Se unem no programa de privatização, na tirania fiscal, na submissão ao modelo imposto pelos Estados Unidos. Eles podem se diferenciar na forma, mas, na hora H, vão estar juntos defendendo os mesmos interesses” (Disponível na edição de Três por Quatro videocast de política do Brasil de Fato, em 20/03/25, apresentado por Nara Lacerda e Igor Carvalho).

    Assim agem, assim vociferam, distorcendo a realidade em favor próprio, como Tarcísio, candidato dessa trupe, quando à viva voz defendeu a concessão de anistia aos saqueadores da democracia, acusando o Supremo Tribunal Federal de ter condenado inocentes que invadiram e destroçaram a sede dos três poderes da República. Todas as condenações seguiram o devido processo legal, todas as decisões foram sopesadas de acordo com o maior ou menor envolvimento nos atos criminosos. 

    Por muito pouco milhares de pessoas, estes sim inocentes, não foram explodidos no Aeroporto Internacional de Brasília, na véspera de natal. Quantas pessoas sofreriam pela perda de seus afetos que partiam ou chegavam no instante que foi acionado o artefato, que por sorte falhou. Quantos encontros deixariam de acontecer, quantos corpos com suas histórias de vida deixariam de existir por um maldito ato terrorista. 

    O autor da frase Sem Anistia moveu a esperança de brasileiros e brasileiras democratas. João Pedro ao ser entrevistado pela jornalista Victoria Bechara no site Uol, revelou ao país:

    "Eu escolhi o direito porque quero tornar o mundo melhor. E eu acho que a política é uma forma de tornar o mundo melhor e mais justo para todos”. 

    Mais jovens como ‘João Pedro’ - Sem Anistia!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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