Máscaras, enquanto durar a pandemia!
"Estar vacinado ou ter tido a doença não significa que você deixou de ser um potencial transmissor do vírus", diz o colunista Leonardo Stoppa, após a intenção do governo em desobrigar o uso de máscara nesta pandemia. "Você pode substituir sua vontade de 'tirar a máscara' pela vontade, necessidade e desejo de tirar o Bolsonaro!" acrescenta
Desmoralizado e sem nenhuma autoridade sobre o assunto, Bolsonaro sugere um decreto, que ele não pode dar, desobrigando “já covidados e vacinados” a não usarem máscaras. Por que diabos tanta bobagem? Cortina de fumaça e legitimação de uma postura irredutível, de quem “nunca esteve errado”.
Bolsonaro sabe que a competência para definir as regras sanitárias é compartilhada entre os entes federados, o que significa que seu decreto não valeria de nada, porém, ao propor “devolver a liberdade” aos que odeiam as máscaras, ele age no sentido de recuperar o apoio perdido nos últimos dias. Entre os radicais, negacionistas e mesmo aqueles que simplesmente não suportam as máscaras, Bolsonaro consolida a marca do presidente “defensor das liberdades individuais”, ainda que ao ver da ciência, esse tipo de liberdade individual seja totalmente contrário ao bem comum, e é por isso que seu “decreto” não decretaria nada, se não estivéssemos em um “revival” da idade das trevas.
Infelizmente, ainda que sem competência legal para ditar regras sanitárias locais, as bobagens faladas pelo Bolsonaro surtem efeito direto naqueles que procuram algum tipo de legitimidade para desafiarem as regras e também naqueles que realmente querem acreditar que o vacinado ou já acometido pela doença, estaria “liberado” das máscaras, porém, não é bem assim.
O uso de máscaras cumpre vários papéis, entre eles o óbvio, que é a proteção individual e coletiva, mas cumpre também um importantíssimo papel social de respeito ao perigo sanitário e incentivo ao comportamento do outro.
É preciso que você tenha consciência que estar vacinado ou ter tido a doença não significa que você deixou de ser um potencial transmissor do vírus, isto porque as vacinas possuem grande eficácia contra a evolução para casos graves e óbitos, mas não possuem total eficácia contra o desenvolvimento da doença, logo, você, vacinado, vitaminado e ainda que já tenha derrotado o corona, pode desenvolver a COVID-19 de forma moderada ou assintomática e ser um transmissor do vírus, levando a doença para amigos e familiares ainda não vacinados.
Mas existe outro ponto muito importante a se pensar, que é a questão social. Você, o subversivo, que se acha o “acima da lei” por não usar máscara, não percebe que joga contra a própria moral. Isto porque durante a pandemia, a máscara se tornou uma indumentária que reflete não apenas a sua preocupação com sua saúde, mas como você respeita o outro. Quando você chega sem máscaras perto do seu amigo de muitos anos achando que vai ser recebido como “o cara”, “acima da lei”, seu amigo te percebe como um babaca sem respeito e ainda que sua cegueira ideológica não lhe permita notar, você está sendo cada vez mais evitado por isso. Para colocar de outra forma, seria como você ir pelado a uma festa de casamento.
Agora, pense na repercussão social de um “abandonar das máscaras” no país que sozinho, mata mais gente por COVID que o resto do mundo... À medida que as pessoas vão percebendo as outras sem máscaras, vai caindo o temor em relação à doença, e aos poucos vamos criando aquele clima de “pós-pandemia”, tão sonhado pelo mercado. Sim! A sua omissão no uso de máscaras incentiva outras pessoas, e é por isso que mesmo sem aglomerar, ainda que fazendo uma caminhada longe de todos, em uma praia, é preciso usar máscaras. Não é porque você não está entre pessoas, mas é porque você pode ser influência para outras pessoas.
Mas, e as teorias? Máscaras não funcionam... máscaras fazem mal... diminuem o oxigênio... Vou começar pelas últimas pois posso garantir: A COVID-19 diminui muito mais o oxigênio do que as máscaras, até porque ninguém até hoje ninguém morreu por uso de máscaras, já por COVID... Mas, sobre a eficácia das máscaras é preciso ter em mente que máscaras não devem servir de incentivo para que você deixe de fazer isolamento social. Fique em casa, mas se não puder, saiba que máscaras são diferentes, logo, compre a máscara certa para cada tipo de ocasião e diminua as chances de entrar nas estatísticas, que ao meu ver, estão bem subestimadas.
Vou deixar aqui algumas dicas para que você jamais escute as do Bolsonaro: Se vai sair de casa use sempre máscaras! (ainda que seja aquela feita de pano, pelo seu vizinho, que inclusive aprendeu a fazer silk-screen e já te entrega com o clamor “Fora Bolsonaro”). Se você vai frequentar ambientes fechados com pouca circulação de ar ou sistema de ar-condicionado, procure uma farmácia e compre a máscara própria para agentes biológicos. Lembre-se que o ar vai passar pelo caminho mais fácil, então pelo menos durante a pandemia, abra mão de ter barba grande pois a barba pode diminuir a eficiência da máscara. Ajuste as partes metálicas da máscara para evitar que o ar entre ou saia pelas laterais. Importante: Jamais use máscaras com válvula, elas não são adequadas para este momento de pandemia.
Mas não fique triste, você pode substituir sua vontade de “tirar a máscara” pela vontade, necessidade e desejo de tirar o Bolsonaro!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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