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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Meninos, eu vi! A realidade da eleição 2024

Não podemos negar que o resultado da eleição no Brasil, de uma maneira geral, é conservador

Urna eletrônica (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

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Normalmente o problema entre gente e números é bem antigo, e não digo apenas da velha indisposição das pessoas com a matemática. Mas ela nos dá a verdadeira impressão das coisas. Einstein, sem conseguir observar com os olhos, conseguiu provar o universo através de cálculos. Mas só os números são constantes, infinitos, exatos e abstratos. Para aqueles que se preocupam e dizem que estamos vivendo em diversos núcleos comunistas desse brasilzão, basta ver o resultado das 54.462 vagas para vereador no Brasil. MDB, PP e PSD foram aqueles partidos que elegeram mais políticos. Só o MDB elegeu 8.109 vereadores. Se olharmos o PT, foram eleitos 3.583. PSOL foram apenas 80. 

Os números não têm opinião, nem apetite. Sua única ambição é dar certo. Não podemos negar que o resultado da eleição no Brasil, de uma maneira geral, é conservador. Se olharmos que a extrema direita elegeu 4.957, tendo resultados melhores que a esquerda, em um momento em que toda a realidade golpista e tosca do governo Bolsonaro foi exposta ao mundo, é de entristecer. A distância de Pablo Marçal, da extrema direita, para Boulos, do PSOL, foi de apenas 100 mil votos. Ou seja, 1.719.274 (28,14%) pessoas concordam com o discurso do candidato do PRTB. E isso deve preocupar e comemorar. Comemorar que conseguiram impedir que este candidato pudesse vencer as eleições da maior capital do país. Preocupar que exista quase dois milhões de pessoas que têm o mesmo perfil do candidato.

Os números são irredutíveis. E não se pode levar para o lado pessoal, sem aquela torcida inflamada sem totalmente saber o que está acontecendo. Números indicam a verdade e todos temos que absorver, entender, comer, viver e, em alguns casos, ser feliz, com o que eles nos apresentam. Como se não bastasse os números acachapantes da extrema direita pelo país, acabamos elegendo também candidatos que se aproveitam de sua subpersonalidade social para estarem na câmara de vereadores. Thammy Miranda e Alexandre Frota são exemplos de celebridades que conseguem se manter no poder. Outros estreantes tentaram a sorte e conseguiram como Zoe Martinez, influenciadora da Jovem Pan conseguiu destaque; Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabela Nardoni;  Leniel Borel, pai de Henry Borel; mas felizmente a fama não garante vitória nas urnas.

Porém, só podemos falar que os números são neutros, sem paixões ou sem vida. É triste constatar que o candidato que obteve mais votos no Brasil com o resultado de 161.386 votos, foi Lucas Pavanato do PL. Figura que surgiu com discurso fascista, desafiando e provocando candidatos e figuras públicas com cortes no TikTok. Na sequência, o segundo mais votado, com 130.480 votos, foi Carluxo. Carlos Bolsonaro chega ao sétimo mandato na Câmara dos vereadores do Rio de Janeiro. Fez 19 leis ao longo de 24 anos de mandato, 18 a mais que seu pai. Em Niterói, foi o mesmo. O maior vencedor foi Douglas Gomes, do PL, com 16.369 votos. O segundo mais votado foi o professor Tulio, do PSOL, com 6.789 votos. Uma diferença muito grande. 

Talvez essas constatações sejam tristes porque pessoas e números são incompatíveis e vivem em pé de guerra. Mas nem tudo foi prejuízo. Apesar da vitória da centro-direita e extrema direita nas câmaras pelo Brasil, podemos aclamar a vitória de mais mulheres na composição, com 18,2% do total das vagas. Assim como os pretos, que foram eleitos para 26 mil vagas. E também, surpreendentemente, mais candidatos eleitos com ensino superior.

No final das contas, não podemos falar que somos uma pátria racionalista. Não existe mais o espaço dos debates e discussões acerca de temas importantes para a cidade, e sim lacrar nas redes sociais. E assim, pessoas e números batalham nas ruas. Há quem diga que foi uma prévia para o fim dos tempos.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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