Menos autonomia para a Educação paulista
A autonomia docente e protagonismo discente foi substituída por atividades e avaliações padronizadas, as quais visam uma educação quantitativa
Em 2023, a partir da chegada do atual Secretário de Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, para o professorado paulista, era previsível de que mudanças negativas fossem surgir. Tal previsão estava fundamentada nas horríveis decisões autoritárias que esse secretário fez, durante o período no qual, infelizmente, também foi Secretário de Educação do Estado do Paraná (2019-2022).
Entre suas “façanhas” como “entusiasta” da Educação, esse indivíduo impôs-se aos professores paulistas. Com isso, no estado de São Paulo, assujeitou os professores e alunos a usarem suas plataformas digitais e aplicativos, de forma padronizada e sem quaisquer consultas públicas feitas aos professores.
É fato que quaisquer professores devam seguir as habilidades listadas e estabelecidas pelo Currículo Paulista, em consonância à BNCC, o que sempre foi feito. Entretanto, o problema está na forma ou em como isso é feito.
Anteriormente, antes dessa gestão educacional irrepresentativa da categoria docente, professores tinham autonomia para selecionar habilidades mais importantes ou priorizar abordagens mais importantes, entre a lista de habilidades previstas no ano ou série e bimestre, direcionando-as às realidades discentes, a fim de aproveitá-las ao máximo com sua comunidade escolar.
No entanto, hoje em dia, essa autonomia docente e protagonismo discente foi substituída por atividades e avaliações padronizadas, as quais visam uma educação quantitativa sobre uma qualitativa, contrariando o Plano Nacional de Educação (PNE).
Para conceituar, a educação quantitativa fundamenta-se na realização de atividades objetivas, superficiais e “depositárias”, que não forma cidadãos, devido à sua falta de sentidos para alunos e professores. Assim, essa abordagem vincula-se à Educação Bancária. Ainda, concomitante a isso, há o detrimento da Educação Libertadora, que remeta à autonomia, crítica, reflexão e transformação social, em consonância ao PNE. – Ambos termos e conceitos proferidos por Paulo Freire.
De modo específico, entre tantas obrigações antidemocráticas ou evidentemente autoritárias para o estado todo, há a plataforma ou aplicativo de tarefas do Centro de Mídias do Estado de São Paulo (CMSP), que obriga os professores de Língua Portuguesa e alunos a tratarem de um gênero textual específico por bimestre, totalizando oito gêneros textuais ao ano.
Em relação a isso, até a gestão educacional anterior, o professor poderia selecionar temas e gêneros textuais conforme ordem preferenciada, pelo menos. Mas, isso é impossível, hoje em dia, devido ao fato de as comunidades escolares de todo o estado de SP fazerem as mesmas atividades, bimestre a bimestre, por pelo menos até 2026.
– Que lutemos por uma educação paulista menos aparente (depositária) e mais significativa (transformadora)!
Segundo Freire, “Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu Eu e as suas circunstâncias”. (1983, p.30)
A questão que fica é:
Como compreender a sua realidade, sem ideias surgidas sobre sua própria realidade?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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