Mobilização na rua fortalece greve da educação contra o genocídio
Centenas de educadores ocuparam, sob chuva intensa, as ruas do centro de São Paulo para denunciar a politica criminosa do governo e pedir o fechamento das esdolas
Com centenas de outros companheiros, tomamos ontem as ruas do coração financeiro de São Paulo, em ato de protesto e passeata contra a política genocida dos governos João Doria e Bruno Covas, ambos governantes “científicos” do PSDB, que estão levando adiante a mesma política criminosa de “negacionistas” como Bolsonaro, e – além de não adotarem qualquer medida efetiva para combater a pandemia, ainda estão “empurrando” centenas de milhares de trabalhadores da Educação, alunos e até familiares para serem contaminados por conta da reabertura das escolas e retomada das aulas presenciais.
Não se trata apenas de que não haja as mínimas condições para que isso ocorra, pela própria estrutura falida das escolas (depois de quase 30 anos de governos tucanos), o governo está fazendo isso no momento de maior gravidade da pandemia no País, quando há recordes de casos e de mortes e quando os hospitais estão superlotados, com pessoas morrendo à espera de vaga nas UTIs.
Em cerca de três semanas de retorno das aulas presenciais, mesmo com o baixo comparecimento, diante do devido receio de muitos pais, já são mais de 1100 casos de infeções registrados em mais de 500 escolas estaduais e (embora não haja uma contabilização mais efetiva pela paralisia dos sindicatos municipais), estima-se em mais de 500 os casos na rede da Capital, com mais de 700 mil alunos e trabalhadores, que o candidato Bruno Covas prometeu testar e sua totalidade, e encerrou a testagem com menos de 17% de testes realizados.
Apenas nesse macabro começo de ano letivo, contra o qual nós educadores deliberamos entrar em greve, já há mais de 30 pessoas mortas, incluindo professores, funcionários, diretores, supervisores e estudantes. Isso sem falar nos familiares que devem ter sido contaminados por conta dessa imposição do governo BolsoDoria.
O Ato foi o primeiro evento de rua após três semanas de greve, por conta da política da maioria da direção da categoria que vem se opondo a uma mobilização efetiva e à greve total da categoria, fundamental para unificar todos os educadores, do Estado e do Município, contra os governos genocidas. No ato, se expressou também a verdadeira sabotagem de setores das direções sindicais que ou não mobilizaram para a atividade ou até mesmo fizeram campanha contra a manifestação, em uma clara demonstração de covardia política e de cumplicidade com a política genocida de Doria, Covas e Cia.
Por conta disso, o ato que deveria unificar educadores do Estado e do Município, teve uma pequena participação de trabalhadores da rede municipal, cujo principal sindicato (Sinpeem) é presidido por um verdadeiro traidor da categoria, o ex-vereador da base tucana, Cláudio Fonseca (do Cidadania, ex-PPS), que teve de aceitar a imposição da greve pela vontade expressa da categoria, mas que até hoje não chamou uma única assembleia (nem virtual) e não participou de nenhuma manifestação em favor dos educadores, mostrando que o seu único compromisso real é com os seus chefes tucanos.
Da parte dos professores estaduais, a mobilização foi claramente sabotada (e atacada nas redes sociais) por setores da diretoria da APEOESP ligados ao PSOL, PCdoB, PSTU e PCB que vêm defendendo o fim da greve e que se opõem a atividades de rua. É claro que essa “oposição” a manifestações públicas não se viu na campanha eleitoral, quando eles e seus candidatos saíram entusiasticamente à cata de votos, mostrando que quando se trata de defender seus próprios interesses, eles enfrentam até o coronavírus.
Esses setores queriam ver fracassar o protesto para reforçar sua politica de defesa do fim da greve e, assim, apesar de dirigirem algumas das maiores subsedes da APEOESP da Capital e da Grande SP não moveram uma palha em favor do ato e, no máximo, mandaram um ou outro representante verificar se o fracasso ocorria.
O protesto foi impulsionado pela corrente Educadores em Luta, que está produzindo boletins, faixas, camisetas, programas de TV (Youtube), realizando reuniões, atos regionais, realizando comando de greve para fazer crescer a luta em defesa da vida e das reivindicações da categoria, contra o governo criminoso.
A ala majoritária da diretoria (PT/Articulação) também se posicionou a favor do ato e o convocou, mas deixou evidente sua enorme crise política e organizava diante da pressão da direita, da “esquerda” direitista, inclusive no seu interior, expressão da politica de conciliar a mobilização com iniciativas de caráter demonstrativo, quando a tarefa é impulsionar uma mobilização de grande alcance.
Neste momento, as máquinas sindicais se mostram como um “elefante branco” que mesmo tendo mais de 1000 funcionários, 200 dirigentes sindicais, centenas de conselheiros, não funcionam como uma máquina de guerra a favor dos trabalhadores, mas se vê emperrada pela pressão da direita.
É preciso avançar contra os ataques do governo e a sabotagem. Reforçar o chamado à mobilização, voltando à Paulista na próxima semana, ampliando a convocação com propaganda nas TVs, milhares de cartazes, panfletos etc.
Para isso, é claro, é preciso desmontar a ofensiva direitista de setores da esquerda que atuam contra a greve – os quais, como o PCdoB e o PSOL, são defensores e praticantes da política de frente ampla com a direita golpista – aprovando a continuidade da greve, sua ampliação (greve total!), realização de atos regionais (como já vem ocorrendo em várias regiões) e a exigência – por parte dos educadores municipais – de uma assembléia da categoria.
As assembleias, tanto no Estado, como no Município precisam ser também presenciais (garantindo-se o direito à participação online de professores com comorbidades etc.) para criar fóruns de mobilização, nas ruas, onde está a verdadeira força da mobilização dos educadores e de todos os trabalhadores.
É preciso que fortaleçamos a mobilização, somando forças a favor da vitória da greve, que pode ser um passo importante no sentido de apontar uma perspectiva de luta geral dos educadores e da juventude (greve nacional da Educação!),bem como do conjunto da classe trabalhadora que precisa reagir à ofensiva da direita, por meio da sua própria organização e mobilização, independente de todas as alas da burguesia golpista.
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