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    Pedro Paiva

    Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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    Morre o maior criminoso de guerra da história dos EUA

    "As políticas do ex-Secretário de Estado geraram a morte de algo entre 3 e 4 milhões de pessoas no mundo", escreve Pedro Paiva

    Henry Kissinger (Foto: Reprodução)

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    “Henry Kissinger, criminoso de guerra amado pela classe dominante americana, finalmente morreu”. Essa era a manchete que estampava a revista Rolling Stones na sua home na manhã desta quinta-feira. Não é para menos. Kissinger era isso e muito mais.

    Secretário de Estado durante o governo de Richard Nixon, o alemão de nascimento é tido como o mais importante, mais conhecido, mais controverso e sanguinário a ocupar o cargo. O maior estrategista das relações exteriores dos Estados Unidos na segunda metade do século XX.

    De acordo com a biografia A Sombra de Kissinger, de Greg Grandin, entre 1969 e 1976, as políticas do ex-Secretário de Estado geraram a morte de algo entre 3 e 4 milhões de pessoas no mundo, do Camboja ao Chile, passando, claro, pelo Brasil.

    Foi sob o comando do homem que morreu ontem aos 100 anos, no conforto da sua casa, em Connecticut, que os EUA apoiaram Pinochet e a morte de mais de 40 mil opositores do regime. No Brasil, Kissinger criou uma linha de contato direta com o governo Geisel, não se opondo à tortura e aos assassinatos que ocorriam no país. Muito pelo contrário.

    Na Ásia, Kissinger trabalhou contra um acordo de paz com o Vietnam para garantir a vitória republicana na eleição de 1968. Já na Casa Branca, ordenou ataques mais ostensivos na expectativa de que levaria os Vietnamitas do Norte a um acordo. Mais de 100 mil pessoas morreram por essa tática.

    Até mesmo nos Estados Unidos, Kissinger cometeu crimes. Entre 1969 e 1971, o então Secretário de Estado ordenou, com a benção de Nixon, que grampos fossem colocados em telefones de jornalistas e assessores. Só 20 anos depois o criminoso de guerra assumiu o feito.

    Dentre os jornalistas grampeados estava Hendrick Smith, do New York Times. Ainda assim, a manchete de hoje sobre a morte de Kissinger no jornal fala apenas de “legado complicado” e “opiniões divergentes”. A CBS, que também teve um repórter monitorado, caracterizou o morto como “diplomata controverso e influente”.

    Devo concordar com as aspas de Spencer Ackerman no editorial de hoje da Rolling Stones: “A América, como todo império, celebra seus assassinos de Estado”. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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