TV 247 logo
    Roberto Malvezzi avatar

    Roberto Malvezzi

    Graduado em Estudos Sociais e em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, em São Paulo. Também é graduado em Teologia pelo Instituto Teológico de São Paulo. Atualmente, integra Equipe CPP/CPT do São Francisco

    45 artigos

    HOME > blog

    Não é seca, é a devastação da Amazônia

    Agora, com o licenciamento ambiental pornograficamente liberado, a grilagem das terras públicas liberada, então o avanço sobre a Amazônia tende a se acelerar e devastar o bioma como nunca na história desse país

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    Por Roberto Malvezzi (Gogó)

    Por que a velha mídia e os cientistas se mostram surpresos com o vazio de nossos reservatórios e com a maior seca dos últimos 91 anos?

    Quando cheguei pela primeira vez no município de SINOP, Mato Grosso, me perguntei o que isso significava. Então, me disseram que era uma sigla: Sociedade Imobiliária do Noroeste do Paraná. O próprio site da prefeitura diz que a cidade se originou na década de 70 do século passado, pela política de ocupação da Amazônia Legal pelo Regime Militar.

    Quando estive lá, a cidade era uma serraria atrás da outra, mas também me disseram que já tinha diminuído o número, já que a madeira estava acabando. Então, viria a soja para ocupar os espaços desmatados. Depois viria o gado. Por fim, terras abandonadas, imprestáveis para qualquer uso. Números dizem que o agronegócio deixou para trás cerca de 80 milhões de hectares de terras imprestáveis no território brasileiro.

    Mas, o que o pessoal do Paraná foi fazer em SINOP? Foi levar o modelo de desenvolvimento que eles aplicaram no próprio estado décadas atrás. E o modelo, que sempre foi predador, continua predador. É o modelo que sulistas e sudestinos espalham também no Oeste Baiano.

    Agora, com o licenciamento ambiental pornograficamente liberado, a grilagem das terras públicas liberada, então o avanço sobre a Amazônia tende a se acelerar e devastar o bioma como nunca na história desse país. No último mês de abril o desmatamento foi de 810 km2, o maior da série dos últimos dez anos (Imazon).

    Então, acontece uma seca nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Aí vem a mídia, a Agência Nacional de Águas etc., para dizerem que passamos pela maior seca dos últimos “91 anos”. Se você destrói a floresta amazônica, fundamental no ciclo das águas que abastece o Brasil pelos Rios Voadores, como você vai querer que continue chovendo no Sul e no Sudeste? É como matar as árvores dos ovos de ouro. E matam.

    Os cientistas já alertaram que, nessa latitude, no Chile há o deserto do Atacama, na África o deserto da Namíbia e na Austrália o deserto Australiano. Mas, mistério, chove à cântaros no Centro-Oeste brasileiro, nas regiões Sul e Sudeste, chegando até Uruguai, Paraguai e Argentina. Hoje se fala que a Amazônia chega até à Patagônia.

    Então, matemática simples, como ligar lâmpada e interruptor, se o agronegócio continuar destruindo a Amazônia como está fazendo, a região Sul do Brasil, incluindo o norte da Argentina, viram deserto como o é em outras latitudes da Terra.

    É uma escolha. E esses homens que dominam o Brasil escolheram o pior cenário. Novas secas virão, sempre mais terríveis e o deserto aguarda a todos ali na frente.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: