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    Reimont Otoni

    Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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    Natal para quem?

    O combate à pobreza é nosso compromisso histórico, defende o deputado Reimont

    Prato vazio (Foto: Reprodução)

    “Uns com tanto, 

    outros tantos com algum, 

    mas a maioria sem nenhum” – Paulinho da Viola e Zé Ketti

    Não acredito em natais pomposos, de mesa excessivamente farta, decorações luminosas e montes de presentes para poucos, enquanto para a maioria sobram a fome, a pobreza, a penúria e os sacrifícios. Acredito, isto sim, no Natal da partilha, da fraternidade e da comunhão, como um momento que simboliza a nossa busca de uma sociedade justa, solidária e inclusiva.

    Hoje, estamos às vésperas do Natal de 2024; dez dias antes, neste sábado ( 14), temos o Dia Nacional de Combate à Pobreza. Para mim, a proximidade das duas datas reforça esse entendimento. É hora de refletir e reafirmar o nosso compromisso histórico com os mais vulneráveis. 

    Sem sombra de dúvida, contamos com um diferencial importante. Já em 2023, em apenas um ano do governo do presidente Lula, 8,7 milhões de brasileiras e brasileiros de todas as idades deixaram a chamada linha da pobreza; a população desta faixa caiu de 67,7 milhões, em 2022, para 59 milhões, no ano passado. Na faixa da extrema pobreza, 3,1 milhões de pessoas foram beneficiadas; essa população saiu de 12,6 milhões (em 2022) para 9,5 milhões (em 2023).

    Na pesquisa, o IBGE ressaltou que o Brasil alcançou o menor nível, tanto em termos percentuais quanto em termos numéricos, de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

    Mas 68,5 milhões de pessoas – na maioria, mulheres, crianças e negros – ainda é um contingente imenso, intolerável, que nos chama pra luta todos os dias, mesmo que em silêncio. Muitos estão nas ruas. O nosso olhar precisa estar voltado cotidianamente para eles. 

    Temos que combater a fome, com medidas imediatas e estruturais, e temos que pensar em segurança alimentar, com medidas que garantam o direito ao alimento saudável.

    Mas, como dizia o saudoso Betinho, “a fome tem pressa”, a fome não espera. E o Natal é um momento muito simbólico para dizer “não” à fome.  

    Na segunda, dia 16, nas escadarias da Câmara Municipal, onde atuei por 14 anos, o nosso mandato celebra o nosso já tradicional Natal com a população em situação de rua. Fazemos isso desde 2009. Montamos uma ceia pública compartilhada, na qual os que têm doam os alimentos e os que não têm são servidos e alimentados. Tudo muito simples, fruto do trabalho voluntário de inúmeras pessoas.

    Alguns (felizmente, poucos) acham que é apenas uma caridade que nada resolve. Concordo, em parte. É um gesto pontual, sim, mas é um gesto que simboliza o compromisso de partilhar e de repudiar a fome, a desigualdade, a indiferença. 

    Gosto de comparar esse nosso Natal ao da Ação da Cidadania ou das ceias públicas que se espalham pelo mundo, como a do Padre Julio Lancellotti, em São Paulo, a do bar Bip-Bip, no Rio, e a do Papa Francisco, no Vaticano. São ações pontuais que se somam e mandam um recado de fraternidade – “Nós estamos aqui, não se esqueçam!”.

    Como católico que sou e como presidente da Frente Parlamentar em Defesa da População em Situação de Rio, articulo e rezo para que escutem o nosso recado. 

    E que, em 2025, o Congresso Nacional faça jus ao título de Casa do Povo e se comprometa com uma agenda de menos armas, menos favorecimento para as elites, menos benesses para os que já têm demais e mais ações em defesa dos empobrecidos e vulneráveis. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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