Num sopro estaremos com você, Nathália... Até breve!
As homenagens que pude ler e ouvir, com emoção, vêm enfatizando as lutas de Nathália Urban pelas causas internacionalistas, feministas e de solidariedade
Com profunda tristeza, eu recebi ontem, 25/09/24, a notícia sobre o trágico falecimento da cientista social e jornalista Nathália Urban, colega de trabalho na TV 247.
Nathália tinha apenas 36 anos...
Não cheguei a trabalhar junto com a Nathália, que conduzia, com muita competência, senso crítico e solidariedade para com os povos em luta por seus direitos, programas como "Globalistas", ao lado do jornalista estadunidense Brian Mier, e "Veias abertas", em que falava sobre a necessidade de união dos povos latino-americanos. Ademais, Nathália vinha participando, diariamente, do "Bom dia 247", em que fazia análises geopolíticas diretamente da Escócia, país onde vivia há muitos anos.
As homenagens que pude ler e ouvir, com emoção, vêm enfatizando as lutas de Nathália Urban pelas causas internacionalistas, feministas e de solidariedade entre os povos, com um apoio veemente aos palestinos e a todos aqueles e aquelas que imigraram e imigram em busca de oportunidades melhores e, nos países a que chegam (muitas vezes, antigas metrópoles coloniais que tanto pilharam suas terras natais), sofrem terríveis violências, preconceitos e estigmas.
Por todo esse trabalho belíssimo em apoio aos oprimidos e desesperançados deste mundo e pela brilhante trajetória, Nathália já mereceria toda a nossa solidariedade e admiração. Ocorre que nossa empatia aumenta sobremaneira quando nos lembramos de que Nathália tinha apenas 36 anos.
A personagem Hans Castorp, no grande romance "A montanha mágica", do mestre alemão Thomas Mann, logo descobre, em meio a muitos tuberculosos ilhados no Sanatório Internacional Berghof, em Davos-Platz, na Suíça, que quem muito pensa sobre a vida cedo ou tarde depara com a morte. Nathália desencarnou ainda mais jovem do que Franz Kafka, que, mais uma vítima da tuberculose (e de tantas outras dores tão lancinantemente descritas na "Carta ao pai"), sequer chegou a completar 41 anos.
A significativa coincidência - ou "co-incidência", como bem poderia insinuar a sincronicidade proposta por Carl Gustav Jung - é que, como nos revela, com emoção, o jornalista Leonardo Attuch, editor-chefe e fundador da TV 247, a mãe de Nathália, ao falecer, tinha uma idade muito próxima à da filha - o feminismo de Nathália, por sinal, surge, com muito ímpeto, em contraposição aos preconceitos odiosos e reacionários que a mãe de Nathália sofreu ao criar a filha como mãe solteira.
Em face de uma morte tão precoce; em face de um caminho ceifado em meio à vontade de ainda e sempre caminhar em múltiplas direções, é impossível não nos perguntarmos: POR QUÊ?! POR QUE TÃO JOVEM?! POR QUE TÃO RÁPIDO?! POR QUE TÃO CEDO?!
Acredito que Nathália esteja se fazendo tais perguntas neste momento, se já tiver recobrado a consciência.
Que suas amadas avó e mãe, Nathália, possam acolhê-la e abraçá-la com toda a ternura e ímpeto que você merece e inspirou ao longo de sua passagem tão breve quanto significativa por esta Terra. Num sopro, estaremos todos juntos/as novamente.
Que Deus te abençoe!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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