Num tempo de desmoronamento das democracias, a resistência popular é obrigatória
"Como sempre acontece, a nação disputa seu futuro contra elementos parasitários que alugam o destino do país", escreve Paulo Moreira Leite
"Por um triz evitamos um golpe, por um triz derrotamos o 8 de janeiro", diz José Genoíno em entrevista conduzida por Dafne Ashton, na TV 247. "Não podemos continuar vivendo assim".
A oportuna denúncia de Genoíno tem como referência o artigo 142 da Constituição brasileira. O contexto diz respeito ao retorno de um conhecido inimigo da democracia -- o fantasma da impunidade, que ressurge para proteger a mais recente geração de golpistas que, depois de agir em 1954, 1964, 1968 e em vários momentos da década de 1970, voltou a mostrar suas garras para ameaçar os direitos das brasileiras e brasileiros.
No já distante ano de 1988 a bancada herdeira da ditadura de 64 conseguiu infiltrar uma visão anti-democrática e reacionária, que contraria o espirito que deu origem à própria Carta de Leis aprovada há 36 anos.
No artigo 142 abre-se um caminho perverso, incompatível com o espírito da própria Constituição -- a subordinação da democracia política à vontade das Forças Armadas, utilizada para emparedar governos comprometidos com necessidades dos trabalhadores e da maioria da população.
Num país onde golpes de Estado tem funcionado como recursos frequentes na história republicana, sendo utilizados sempre que a classe dominante se mostra incapaz de ganhar eleições nas urnas, a resistência dos trabalhadores e da maioria da população torna-se uma atitude necessária para assegurar a soberania da nação, essência de toda democracia verdadeira.
Criada como um regime de fraque e cartola, destinado a agradar interesses de grandes latifundiários e seus patrões do imperialismo, a Republica brasileira enfrenta ameaças que atravessaram várias constituições.
Foi assim que se fez do Brasil um país onde os golpes de Estado exibem sua face medonha sempre que brasileiras e brasileiros resolvem lutar por seus direitos e eleger governos comprometidos com mudanças que interessam a uma maioria cansada de trabalhar muito e ganhar pouco.
Este espírito reacionário do andar de cima alimentou as conspirações contra Getúlio Vargas e Juscelino, contra João Goulart, contra Lula e contra Dilma Rousseff.
Embora seja possível fazer críticas localizadas e apontar problemas específicos em todo e qualquer governo, sujeito a falhas como toda obra humana, não se pode ignorar seu papel fundamental, na defesa da soberania da nação e das necessidades da maioria.
Alvo de uma burguesia de mentalidade tacanha, espírito reacionário e formação entreguista desde os tempos de Colonia, que fez do combate golpista ao inédito Lula 3 uma questão de prioridade máxima, típica de quem quer fugir de uma disputa honesta em 2026, a segunda metade do terceiro mandato se anuncia como um cenário de jogo sujo e guerra permanente.
Mais uma vez, estarão em disputa os horizontes do Brasil que acorda cedo, trabalha duro e recebe pouco pelo esforço de cada dia.
Como sempre acontece, a nação disputa seu futuro contra elementos parasitários que alugam o destino do país para garantir a vida mansa do conforto e dos privilégios que se alimentam de uma desigualdade que causa vergonha no mundo inteiro.
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