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    Washington Luiz de Araújo

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    Números assustadores da Covid-19 no Brasil: um genocida disputa com Idi Amin Dadá

    Nunca fui de números, mas com a pandemia fui obrigado a olhá-los com atenção e arrepios

    (Foto: REUTERS/Bruno Kelly)

    Nunca fui de números, mas com a pandemia fui obrigado a olhá-los com atenção e arrepios. Chico César e Braulio Bessa dizem na música “Inumeráveis” que “se números frios não tocam a gente, espero que nomes consigam tocar.” Sabemos que junto com os 600 mil mortos atuais, mais de sete maracanãs lotados, temos milhões de pais, irmãos, filhos, avós, primos e amigos que choram estas mortes.

    Mortes que poderiam ser evitadas. Os números estão aí para comprovarem que o Brasil se tornou o país do genocídio. Genocídio que tem nome, sobrenome e vários apelidos.

    Vejam abaixo que 200 mil mortes poderiam ter sido evitadas, não tivéssemos sentado na cadeira presidencial um grande aliado do coronavírtus. Só para lembrar, Idi Amin Dadá foi denunciado pela morte de 300 mil pessoas. Ele chega lá. Infelizmente.

    Fala-se e comemora-se a queda nos números, mas a média de 500 mortos por dia que perdura jamais deveria ser comemorada. Os dois últimos grandes acidentes de avião acontecidos no Brasil, Gol e TAM, na primeira década deste século, ocasionaram 354 mortes. Só para ressaltar que, na média, sofremos três acidentes aéreos por dia.

    Para ficarmos com 2021, o Brasil, com 213 milhões de habitantes, registrou, 405 mil vítimas da pandemia, mais do que EUA, com 355 mil mortes para uma população de 330 milhões; Índia, com 1,4 bilhão, está com 300 mil mortos. O Brasil tem o mesmo número dos 27 países da União Europeia, que tem 450 mil habitantes e somou 407 mil mortos.

    Vamos aos dados assustadores extraídos da Agência Senado.

    Em seus depoimentos à CPI da Pandemia, em 24 de setembro, Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta, e o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (RS), apresentaram números sobre a pandemia de covid-19 no Brasil a partir de suas pesquisas que dão um retrato da resposta do país desde março de 2020, quando foi registrada a primeira morte pelo coronavírus.

    Números do epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas(RS), sobre a pandemia no Brasil, desde o início. 

      Brasil tem 2,7% da população mundial e concentra quase 13% das mortes no mundo. Na quinta-feira (23;09), 33% das mortes mundiais por covid-19 aconteceram no Brasil.

      4 de cada 5 mortes teriam sido evitadas se o Brasil estivesse na média mundial de óbitos pela covid-19, ou seja, 400 mil mortes não teriam ocorrido. No país, 2.345 pessoas morreram pelo coronavírus para cada um milhão de habitantes; média mundial é de 494 pessoas.

      Em março de 2020 havia seis vezes mais casos de contaminados por covid-19 que números oficiais. Hoje, seriam de 3 a 4 vezes mais que as estatísticas oficiais.

      Em comparação com os dez países com maior população, o Brasil tem o pior resultado de mortes por milhão de habitantes, assim como na comparação dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

      Na América do Sul, Brasil é o segundo país com mais mortalidade de covid-19 por milhão de pessoas, atrás do Peru.

      Em todas as fases do Epicovid, estudo realizado em 133 cidades, os mais pobres tiveram o dobro de risco de infecção na comparação com pessoas mais ricas.

      Na terceira fase (21 a 24 de junho), 7,8% dos indígenas tiveram contato com o coronavírus, contra 1,7% dos brancos, 4,5% dos pardos, 3,6% dos negros e 3,6% dos amarelos.

      Com relação à vacinação, o Brasil é o 4º em número absoluto em doses aplicadas, o 78º país que mais vacinou com uma dose e o 85º com a população imunizada.

      A demora em compras de vacinas anticovid teria causado entre 95,5 mil e 145 mil mortes.

     Números de um ano de pandemia, levantados Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta

      A pandemia provocou, em um ano (março de 2020 a março de 2021), 305 mil mortes acima do esperado no Brasil. Essas mortes ocorreram direta ou indiretamente por covid-19 (99% de confiança).

      Se medidas eficientes de distanciamento social e controle tivessem sido adotadas, haveria uma redução de 40% no potencial de transmissão do vírus.

      Com política efetiva de controle baseada em ações não farmacológicas (uso de máscara, álcool em gel, distanciamento e isolamento, entre outros) 120 mil vidas poderiam ter sido poupadas no primeiro ano da pandemia no Brasil.

      Menos de 14% da população brasileira fez testes de diagnóstico para a covid-19 até novembro de 2020. Pessoas com renda maior do que quatro salários mínimos consumiram quatro vezes mais testes do que pessoas que receberam menos de meio salário mínimo.

      Desigualdades estruturais tiveram influência sobre as altas taxas de mortalidade, atingindo principalmente negros e indígenas, pessoas com baixa renda e baixa escolaridade.

      20.642 pessoas morreram em unidades de atendimento pré-hospitalares, sendo 20.205 em unidades públicas.

    Fonte: Agência Senado

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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