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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Nunca testaram a valentia (ou a covardia?) de Weintraub

    "Já se sabe também que ele é, ao mesmo tempo, covarde por tentar esconder o que disse e que poderia ser revelado quando da divulgação do vídeo da já famosa reunião das baixarias do dia 22", escreve o jornalista Moisés Mendes

    Abraham Weintraub (Foto: Lula Marques)

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    Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia

    Até abril do ano passado, quando assumiu o Ministério da Educação, ninguém sabia quem era Abraham Weintraub. Hoje, sabe-se até que é um dos poucos brasileiros que podem definir, em uma roda de gente grande, os 11 ministros do Supremo como filhos da puta.

    Já se sabe também que ele é, ao mesmo tempo, covarde por tentar esconder o que disse e que poderia ser revelado quando da divulgação do vídeo da já famosa reunião das baixarias do dia 22.

    Weintraub não disse que os ministros são filhos da puta numa roda da chinelagem da sua turma. Gritou numa reunião do primeiro escalão, diante de ministros militares (sem farda, mas sempre militares), de banqueiros e do presidente da República, quando Bolsonaro peitou Sergio Moro.

    Weintraub é o desqualificado que cometia dois erros a cada frase que escrevia no Twitter. Não comete mais porque seus textos passaram a ser controlados por uma junta de revisores.

    É o único ministro da Educação da História e o único em atividade no mundo que precisa de revisores para postar no Twitter textos de duas linhas escritos na própria língua, não por cometer barbeiragens do cotidiano de qualquer um, mas pelos erros grosseiros produzidos por seu analfabetismo crônico.

    O Planalto vai tentar esconder o trecho do vídeo com a fala do ministro analfabeto, na cópia que deve enviar ao Supremo como parte das provas requeridas sobre as acusações de Moro a Bolsonaro.

    E por que Weintraub agrediu o STF numa reunião ministerial, com convidados de fora, se depois seria incapaz de sustentar o que disse? Para fazer média com o chefe e com os colegas, porque nunca imaginaria que um dia a fala poderia ser denunciada.

    Weintraub queria exibir a valentia dos fanfarrões. Na reunião fechada com a parceria, apresentou-se como o cabo no jipe imaginado por Eduardo Bolsonaro. Mas Weintraub é na verdade um covarde.

    Se não fosse, assumiria o que disse e iria para a briga com os 11 ministros que considera filhos da puta.

    Weintraub é um coitado a serviço dos Bolsonaros. Prosperou pela proximidade serviçal com os filhos do homem e porque faz média com a extrema direita ao perseguir a universidade pública, professores e estudantes ‘esquerdistas’.

    O brabo é que os estudantes talvez mereçam Weintraub. Os vídeos divulgados agora na internet, com jovens reclamando da manutenção das provas do Enem, parece ser o limite da capacidade de reação dos estudantes hoje. Eles não vão muito além disso.

    Os estudantes criaram as condições para que exista um Weitraub e que ele se mantenha no cargo agredindo ministros do Supremo e dizendo e escrevendo bobagens no Twitter.

    Os estudantes do tempo da ditadura enfrentaram Tarso Dutra, Jarbas Passarinho, Ney Braga, Eduardo Portella (um grande cara), Rubem Ludwig, Esther de Figueiredo Ferraz e Marco Maciel, entre outros.

    Weintraub não seria nem chaveirinho de nenhum deles, num tempo em que mestres, servidores e estudantes enfrentavam mordaças como o 477, o AI-5 da educação, com perseguições, prisões, torturas e mortes.

    Mesmo assim, os mandaletes da ditadura na Educação eram afrontados. O atual ministro da Educação de Bolsonaro não é submetido a nenhum constrangimento pelos jovens brasileiros.

    Weintraub se mantém como a maior expressão do bolsonarismo nos ministérios, mais do que Salles, Araújo e Damares.

    Por que os estudantes nunca se esforçaram o suficiente para derrubá-lo? Eis uma questão constrangedora e humilhante que em algum momento terá de ser enfrentada.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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