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    Paulo Henrique Arantes

    Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”. https://noticiariocomentado.com/

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    O analista isentão correu enxergar “caça às bruxas” no discurso de Lula

    O sujeito escreve que Lula anunciou uma “caça às bruxas”, em dissonância com a união que até então apregoava. Falso

    Lula durante discurso da posse (Foto: Reprodução)

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          Certos analistas políticos são mesmo irritantes. Tentam demonstrar frieza e isenção, mas só conseguem confirmar uma insuperável vaidade. O governo Lula começa agora e eles querem emparedá-lo já no discurso de posse, conferindo às suas palavras o sentido que bem entendem.

          Fiquemos no primeiro pronunciamento, o do Congresso. O sujeito escreve que Lula anunciou uma “caça às bruxas”, em dissonância com a união que até então apregoava. Falso.

          Foram estas as palavras de Lula: “Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a Nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal. O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia. Ao ódio, responderemos com amor. À mentira, com a verdade. Ao terror e à violência, responderemos com a Lei e suas mais duras consequências”.

          Definitivamente, ao contrário do que nos quer fazer crer o analista isentão, não se trata de um discurso revanchista, mas um apelo à lei. Crimes de Estado, ou de quem comanda o Estado, devem ser apurados a bem da República e punidos consoante entendimento do Judiciário.

          Pretencioso, o isentão classificou a primeira fala do presidente empossado como “punitivista” e apontou uma suposta contradição: Lula estaria defendendo a mesma lawfare que o encarcerou. Nada poderia ser mais equivocado, ou maldoso, do que tal comparação. O presidente Lula foi perseguido por um conluio entre juízes, procuradores e mídia, num aberrante caso de lawfare, como restou provado. Suas sentenças foram anuladas.

          Nada terá a ver com lawfare se a Justiça agir como lhe cabe para julgar os evidentes crimes de Jair Bolsonaro contra a democracia e a vida humana. Na verdade, Jair atentou contra a República e a razão a cada vez que abriu a boca antes e durante seu governo, mas foquemos na parte mais grave. É de clareza solar que seu comportamento em todas as questões relacionadas com a pandemia de Covid-19 foi criminoso, pois criminoso é estimular pessoas a ignorarem os cuidados necessários contra um vírus mortal.

          Igualmente criminoso é recomendar medicação inócua, é tentar sabotar a aquisição de vacinas. Para o analista político que se imagina mais realista que o rei, Lula prega lawfare ao afirmar que tal conduta merece ser submetida à Justiça. O sujeito apreciaria, ao que parece, se o novo presidente subisse ao parlatório para dizer que o antecessor agiu de boa fé e que merece perdão de todos, pois este governo que começa não quer revanchismo.

          O cínico analista comete estridente confusão. A união e a paz que Lula apregoou durante a campanha, e que foram reforçadas em ambos os discursos de posse, são a união e a paz entre os cidadãos brasileiros, que vêm há anos se digladiando nas redes e nas ruas motivados pelo ódio discursivo de Jair Bolsonaro. A harmonia defendida por Lula é o respeito entre os Poderes, achincalhado pelo golpismo epidérmico do ex-presidente fujão.

         Pregar amor não significa fazer vista grossa a crimes. O analista isentão, louco para se mostrar um crítico mordaz de um governo que ainda nem começou, não entendeu nada.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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