O bode na sala

É chato, muito chato mesmo acordar com "O Globo" dizendo que um ministro do STF autorizou prorrogar por mais três meses as investigações sobre o líder do seu governo na Câmara por tentativa de homicídio, como foi noticiado hoje em relação a André Moura.

Por isso Temer deve ter acordado muito chateado hoje cedo. E deve ter pensado: ora, ninguém mais se lembrava disso... precisava voltar ao assunto? Por que não perguntaram para mim antes?

Mas não é só chato para ele. É chato para os deputados do PMDB, que são liderados por ele. E chato para todos os demais deputados que têm que conviver com ele. É chato para os outros líderes.

E chato para todos os brasileiros.

É um escândalo!

Não seria mais correto ele sair de cena até o fim das investigações?

Não seria melhor para todos?

É bom para o governo os governos de outros países saberem que seu líder na Câmara está sendo investigado por tentativa de homicídio?

Pode ser até legal ele continuar – o processo não transitou em julgado – mas não é moral. Não pega bem.

Temer nem pode alegar que ao aceitar a indicação de Eduardo Cunha não sabia de nada.

Sabia. Todos sabiam. Mas quando sai na manchete do jornal se transforma numa lembrança incômoda.

Tudo poderia ser resolvido se seu padrinho não fosse Cunha.

Mas é.

E aí as coisas se complicam, porque quanto menos se mexer com o Cunha melhor para o governo.

Com ele não tem almoço grátis.

Para remover o bode da sala ele vai querer alguma coisa em troca.

Por ele, quanto mais o bode feder, melhor.