O Brasil no G20 (ou, para muito além do “esgotoverso”)
O documento produzido no G20, com protagonismo do Brasil e dos demais países do Sul Global, é brisa necessária de esperança
Esse artigo busca completar a ideia contida no anterior: “Uberização ou Economia de Francisco?”, publicado em alguns sites e jornais aqui da região de Campinas, e foi escrito no contexto do Brasil e do presidente Lula brilhando no Encontro do G20 (enquanto a fétida extrema-direita seguia intoxicando mentes e corações com suas mentiras produzidas num local que convencionei chamar de “esgotoverso”).Antes de falar sobre o G20 uma explicação sobre o que é “esgotoverso”. Trata-se de é uma palavra nova que, provavelmente, não fui eu que a inventei. Fato é que, “de tempos em tempos uma nova palavra chega ao mundo para dar conta de explicar algum fenômeno, prática ou nova tecnologia”, como escreveram Tarcízio Macedo, Alessandra Maia e Leonor Jungstedt. Aliás, segundo eles, há palavras que se misturam e se confundem, como seria o caso das palavras “metaverso” e “multiverso”, usadas no contexto da ficção, já a palavra “esgotoverso”, ao contrário, aponta o espaço real, criminoso e sujo onde a extrema-direita produz suas mentiras tóxicas e as divulga pelas redes sociais.
A verdade é que temos um povo sob permanente ataque com a elite, sempre ciosa na defesa dos seus interesses (basta estudar um pouco de História para compreender o que eu digo), no nosso país a elite não tem nenhum projeto de nação ou para a nação, ela não se libertou dos valores coloniais e, por isso, presta vassalagem ao imperialismo estadunidense, em declínio inegável, ignorando, por ignorância, a importância do Sul Global, do BRICS e de tanta coisa que acontece na quadra da geopolítica (os imperadores do Império Romano e também negavam o declínio do seu império).
Fato é que o governo de coalizão, liderado por Lula e Alckmin, busca a elaboração de um projeto de país, há muitos pontos que merecem registro, mas cito a economia, que está sendo manejada adequadamente (tanto que os indicadores macroeconômicos estão bons ou muito bons, com (a) a nível de desemprego é o segundo menor da história; (b) a inflação está na meta - apesar de estar quase no teto, o que merece atenção; (c) reservas internacionais sendo recuperadas; (d) o IED – Investimento Estrangeiro Direito é crescente; (e) a relação Dívida X PIB está ruim se comparada a Lula 2 e Dilma 1, mas, se quisermos ser honestos, temos que compará-la aos períodos anteriores (governos Bolsonaro e Temer) e lembrar que ela cresceu a partir: (i) dos movimentos preparatórios do golpe contra Dilma, com a compra do congresso por Temer e Cunha; (ii) com as emendas impositivas amplificadas por Bolsonaro, e (iii) por conta da pandemia).
Voltemos ao G20.
No G20, líderes reunidos buscaram responder aos principais desafios e crises globais e encontrar caminhos para promover um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo e, tendo em perspectiva a “Agenda de Desenvolvimento Sustentável” reafirmaram seu compromisso de construir um mundo justo e um planeta sustentável, sem deixar ninguém para trás.A “Declaração de Líderes do Rio de Janeiro” é documento fundamental e pode representar orientação válida a todos os líderes que tenham compromisso com os valores e princípios humanitários e com a democracia.
Como o documento tem vinte e quatro páginas, vou me ater a um aspecto: o econômico.
Os líderes reconhecem que vivemos tempos de grandes desafios e crises geopolíticas, socioeconômicas, climáticas e ambientais, que exigem ações urgentes; lembraram que faltam apenas seis anos para serem alcançados os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (ODS) da Agenda 2030”, e que há progresso efetivo em apenas 17% das metas dos ODS, ao passo que quase metade está mostrando progresso mínimo ou moderado, e em mais de um terço o progresso estagnou ou até mesmo regrediu, um diagnóstico triste: falta humanidade à humanidade, acredito que sem cooperação os desafios da Agenda 2030 não serão alcançados nem em 2100.Os Líderes do G20, reconhecem que as crises não afetam igualmente cada uma das nações, que elas sobrecarregando desproporcionalmente os mais pobres e aqueles que já estão em situação de vulnerabilidade, ou seja, a desigualdade dentro e entre os países está na raiz da maioria dos desafios globais enfrentados, se comprometeram a acelerar os esforços e alertam “O mundo requer não apenas ações urgentes, mas também medidas socialmente justas, ambientalmente sustentáveis e economicamente sólidas”, por isso a questão da desigualdade, em todas as suas dimensões, está no centro da agenda do G20.
Há otimismo quanto à economia para todo o mundo, embora os múltiplos desafios sejam reconhecidos.
A tributação dos super-ricos é fundamental para a criação de um fundo global que financie o efetivo combate às desigualdades e à fome. É nisso que acredito.
O documento, firmado pelos líderes do mundo todo, sob inspiração do Brasil e de Lula, se compromete a “acelerar a reforma da arquitetura financeira internacional” para que ela possa enfrentar o desafio urgente do desenvolvimento sustentável, da mudança do clima e dos esforços para erradicar a pobreza. O que exigirá apoio financeiro e sustentável aos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
Enfim, as nações têm que combater a fome, a pobreza e a desigualdade, promover o desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental e reformar a governança global.
O documento produzido no G20, com protagonismo do Brasil e dos demais países do Sul Global, é brisa necessária de esperança, para o mundo que Isabela e Clarice, minhas netas, viverão.
Essas são as reflexões.
e.t. a grandeza do documento e o mundo possível que ele aponta, foram obscurecidos pelo indiciamento de Bolsonaro e parte de sua horda por tentativa de golpe de estado e outros crimes, mas vale a pena o leitor buscar conhecer o conteúdo aqui: file:///C:/Users/Administrador/Downloads/G20%20Rio%20de%20Janeiro%20Leaders%20Declaration%20(PT)-21112024.pdf
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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