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    Brasil lidera agenda inédita no G20 com foco na taxação de bilionários e combate à fome

    Cúpula no Rio de Janeiro destaca protagonismo brasileiro em temas sociais e ambientais, mas analistas alertam para desafios globais

    Lideranças do G20 (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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    247 - A Cúpula do G20, encerrada nesta terça-feira (19) no Rio de Janeiro, marcou um momento histórico para o grupo. Sob a presidência brasileira, a reunião contemplou 19 das maiores economias mundiais, a União Europeia e, pela primeira vez, a União Africana. O encontro foi celebrado pela aprovação unânime de iniciativas inéditas, como a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e a inclusão da taxação de bilionários como pauta central. A Sputnik Brasil entrevistou especialistas para avaliar o impacto dessa cúpula e os desafios que ela representa para o fortalecimento do multilateralismo.

    O professor Vinícius Rodrigues Vieira, das fundações FAAP e FGV, destacou que o Brasil conseguiu avanços significativos em relação às cúpulas anteriores, organizadas por Indonésia e Índia. Beatriz dos Santos Abreu, pesquisadora da Unila, corroborou, destacando que a menção inédita à taxação dos super-ricos foi um diferencial importante, consolidando uma proposta que pode ter impacto direto no combate à fome global. "Nunca antes, em nenhum encontro desde 2008, essas pautas haviam sido levantadas com tanta visibilidade. E a proposta de taxação dos ultrarricos e um possível reinvestimento dessa tal taxação em projetos que possivelmente diminuam cenários de fome no mundo é uma proposta enorme".

    Inovações brasileiras e impacto global - O formato do G20 Social, promovido pelo Brasil, foi um marco à parte. De acordo com Vieira, essa iniciativa trouxe a sociedade civil de volta ao debate, algo que vinha sendo negligenciado desde a crise financeira de 2008. Para Abreu, incluir movimentos sociais camponeses e indígenas como protagonistas pode redefinir a maneira como o desenvolvimento sustentável é pensado globalmente. 

    Ainda assim, o contexto geopolítico apresenta barreiras para implementar os compromissos firmados. Segundo Késsio Lemos, do ISAPE, o documento final reflete uma tentativa de reafirmar o multilateralismo em um cenário de crescente fragmentação global. "O encontro pré-cúpula entre Javier Milei e Donald Trump, por exemplo, levantou preocupações de que a Argentina não assinasse o documento final, o que seria um revés para uma cúpula que depende de consenso. A condução brasileira evitou esse cenário e garantiu o sucesso do evento", disse Lemos.

    Desafios na política internacional - Apesar do otimismo, analistas alertam que o futuro do multilateralismo depende da continuidade de engajamento dos países membros. A eleição de Donald Trump como presidente dos EUA é vista como um risco, já que sua gestão anterior priorizou agendas bilaterais em detrimento de fóruns globais. A Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, contudo, deve sobreviver aos desafios políticos, avaliam os especialistas.

    Bastidores e acordos bilaterais - Entre os destaques paralelos à cúpula, figuraram encontros bilaterais estratégicos. Vieira ressaltou o memorando entre Brasil e Argentina para ampliar a importação de gás natural do gasoduto de Vaca Muerta como exemplo de avanço prático. Já Lemos destacou o fortalecimento da presença chinesa na América do Sul, evidenciada pela inauguração de um megaporto no Peru e a visita de Xi Jinping ao Brasil.

    Os especialistas concluíram que, embora o G20 não seja a solução definitiva para os problemas globais, representa um multilateralismo viável para fortalecer o diálogo internacional.

    Legado brasileiro e o futuro do G20 - O Brasil entregou ao G20 uma agenda robusta, voltada para questões sociais, climáticas e econômicas, com impacto global. No entanto, a efetividade dessas medidas dependerá do compromisso de seus membros em transformar compromissos em ações concretas, especialmente em um mundo cada vez mais polarizado.

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