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    Pepe Escobar

    Pepe Escobar é jornalista e correspondente de várias publicações internacionais

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    O caça Checkmate coloca a Rússia à frente do jogo

    Enquanto os cães da demonização ladram, os moderníssimos armamentos russos dão uma surra na concorrência

    Rússia revela o caça Sukhoi “CheckMate” no MAKS 2021 (Foto: Sputnik/Alexei Nikolskyi/Kremlin via REUTERS)

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    Por Pepe Escobar, para o Asia Times

    Tradução de Patricia Zimbres, para o 247

    A exposição aeroespacial anual MAKS abriu sua edição de 2021 no Aeroporto Zhukovsky, nos arredores de Moscou – não com um estrondo, mas com estrondos múltiplos. 

    O MAKS – acrônimo para o complicadíssimo nome russo  de Mezhdunarodnyjaviatsionno-kosmiches, literalmente Exposição Internacional de Aviação e Espaço – é famoso por exibir os mais recentes sucessos em tecnologia aeroespacial e de defesa lançados por grandes empresas russas e estrangeiras.

    Não passou desapercebido às terras do Islã, certamente, que a fala inaugural do Presidente Vladimir Putin caiu exatamente no Eid al-Adha – e o presidente fez questão de observar, em um aceno à integração étnica, que 20% dos funcionários do setor aeronáutico russo são muçulmanos.

    A incontestável estrela do MAKS 2021 foi o Checkmate (Cheque-mate), concisamente descrito pelo analista militar Oleg Panteleev como um caça a jato tático leve, monomotor e de quinta geração – apresentado oficialmente ao público em um filme publicitário esmeradamente elaborado, bem ao estilo Hollywood, feito sob medida para clientes internacionais (UEA, Índia, Vietnã, Argentina).

    O Checkmate já vem sendo saudado por todo o Sul Global como o novo epítome da beleza letal - como o equivalente aéreo de um par de escarpins Louboutin. O jato, provavelmente, será conhecido pela denominação menos sexy de Su-75: afinal, o Checkmate pertence à família Sukhoi.   

    O CEO da  United Aircraft Corporation (UAC) da Rostec, Yuri Slyusar, diz que a produção do Checkmate começará em 2026, após uma série de testes complexos.

    Aqui vai a íntegra da apresentação (em russo), da Rostec, onde é dito que o Checkmate "consegue levar até cinco mísseis ar-a-ar de vários alcances, em sua versão mais equipada", incluindo todo o espectro de mísseis de quinta geração.

    Isso significa que o Checkmate consegue levar todas as armas empregadas pelo jato de caça Su-57 – outra atração do MAKS 2021. Slyusar explicou que o projeto do Checkmate baseou-se no Su-57.

    O Sukhoi Su-57 – que fez um voo de exibição no MAKS – é um caça de quinta-geração e múltiplas funções, concebido para arrasar todos os tipos de alvos aéreos, terrestres e navais. 

    O Su-57 traz uma tecnologia stealth (indetectabilidade por radares), usando uma vasta gama de materiais compostos, atinge velocidades de voo supersônicas e vem com um poderosíssimo computador de bordo - descrito como um "segundo piloto eletrônico" – e um sistema de radar distribuído por todo o corpo da aeronave.

    A Rosoboronexport, empresa de exportação de armamentos, por intermédio de seu CEO Alexander Mikheyev, diz que cinco nações já mostraram interesse em adquirir o Su-57. 

    Nada de rainha do hangar

    Mas no primeiro dia da MAKS o assunto era o Checkmate. O analista militar Andrei Martyanov, em seu inimitável estilo, resumiu a situação: "Este Checkmate ou, se vocês preferirem, o Su-75, não é uma rainha do hangar e foi projetado para batalha. Ele, afinal, é um Su-57 leve e uma plataforma (repito - uma plataforma) que irá gerar muitas outras variantes desta aeronave. Não esqueçam, também, que o Su-57 será oferecido para exportação".

    Segundo o designer-chefe Mikhail Strelets, o Checkmate, essencialmente, tem um único motor com um vetor de propulsão defletido, opera em modo supersônico por um longo tempo, e tem decolagem e pouso mais curtos que o Su-57. O Ocidente ficará bastante desconfortável quando chegar a hora de comparar a eficiência do Checkmate com a do não exatamente brilhante F-35. 

    Entre algumas das principais características do Checkmate, segundo o UAC,  estão: voo em altas altitudes em qualquer tipo de tempo atmosférico, modularidade, manutenção e operações  simplificadas, assistência pós-venda, "boa capacidade de transporte" (alcance e resistência). "apoio de IA para missões de combate", "baixo custo por hora de voo e grande carga útil" e, o que é mais importante para a totalidade dos clientes internacionais, bom custo-benefício.

    Ah, sim: haverá uma "variante" não-tripulada. A UAC já vem trabalhando nela.  

    Paralelamente ao MAKS, os russos realizaram também um outro teste com o sistema de mísseis "Prometeu" S-500 que, para qualquer fim prático, está muito à frente de qualquer concorrente, em termos de interceptação de toda a gama atual - e mesmo futura - de ataques aéreos e espaciais nas maiores altitudes e velocidades.

    Há anos Martyanov vem escrevendo detalhadamente sobre a totalidade do processo em seus livros e artigos.

    Quantum Bird, um físico de primeira linha do CERN de Genebra, me afirma que, "com o Prometeu entrando online, a OTAN terá o pior cenário possível com relação à Rússia: os mísseis de ataque da OTAN sendo interceptados antes mesmo de deixarem seu próprio território, e a resposta retaliatória russa chegando antes ou ao mesmo tempo que os interceptadores. O Prometeu também consegue lidar com os inconvenientes satélites-espiões de órbita baixa que a OTAN gosta de fazer voar sobre a Rússia". 

    Na véspera da abertura do MAKS, a Rússia também testou o disparo do míssil hipersônico Mach 7 Tsirkon, lançado da fragata Grão-Almirante da União Soviética Gorshkov, no Mar Branco, contra um alvo terrestre situado a uma distância de 350 quilômetros, na costa do Mar de Barents. O Ministério da Defesa russo informou que o míssil "acertou na mosca". Mísseis hipersônicos Tsirkon irão equipar submarinos e navios de guerra russos.

    Martyanov, em termos concisos, explica o "segredo" – que não é segredo nenhum - de todos esses avanços tecnológicos: "É como ordenhar um vaca produtiva - quando se tem uma vaca esplêndida e saudável, basta cuidar dela e ordenhá-la. Aqui é a mesma coisa, mas temos que fazer as decisões estratégicas corretas considerando todas as tendências. É assim que se chega ao S-500, ao Zircon, ao Su-57 e a este mais recente. As aeronaves chinesas não conseguirão competir com o Su-75 nos antigos mercados soviéticos, e o F-35 não é um concorrente no nível internacional. Nesse sentido, ele é um cheque-mate". 

    Para os habitantes da Thinktanklândia americana, já perdendo noites de sono por causa do Su-35s, dos sistemas de mísseis e submarinos silenciosos S-400, o futuro trará ainda mais insônia, agora causada pelos mísseis hipersônicos, pelo S-500 Prometeu e por uma  longa lista de radares e de sistemas de alarme precoce.

    Os gastos militares da Rússia equivalem a 12 centavos para cada dólar gasto pelos Estados Unidos. O resultado prático é que o Beltway perde sempre em termos de planejamento, de projetos e de capacidade de fogo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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