O crescimento do fascismo na Europa
"Quando eu falo em crescimento, não é para deixar ninguém alarmado. O fascismo não vai vencer, ele está perdendo todas. Perdeu as eleições regionais em Portugal e na França. Mas, é um crescimento, é uma presença, eles põem a cara de fora. Neste novo ensaio dou um panorama geral da Europa", destaca o sociólogo Lejeune Mirhan
O ponto central deste artigo é o crescimento do fascismo na Europa. Quando eu falo em crescimento, não é para deixar ninguém alarmado. O fascismo não vai vencer, ele está perdendo todas. Perdeu as eleições regionais em Portugal e na França. Mas, é um crescimento, é uma presença, eles põem a cara de fora. Neste novo ensaio dou um panorama geral da Europa.
Eles estão fortes na Espanha, onde eu vou começar a falar, na França, na Itália e, em Portugal, que são exatamente alguns dos países que, na década de 1930, do século passado, eram governadas por países de extrema-direita.
No caso da França, em particular, durante a ocupação nazista, ela teve um chamado Governo de Vichy, liderado pelo marechal Philippe Pétain. Ele era amigo de Hitler e aceitou a ocupação de parte da França. A parte do país que não aceitou a ocupação, era liderada pela resistência do general Charles de Gaulle, que saiu do país e comandou a resistência de fora.
Ele foi para a Inglaterra, se reuniu com o Churchill e aderiu às articulações para preparar o desembarque na Normandia. Ele teve um grande papel e, posteriormente, se tornaria presidente da França.
Na Alemanha, que não mencionei aqui, porque já tratamos sobre ela duas semanas atrás, o grupo nazifascista, mais à extrema-direita, perdeu cadeiras nas últimas eleições. Eles recuaram 11 cadeiras, mas continuam fortes.
O fascismo na Espanha
O que mais chama a atenção é o partido na Espanha chamado Vox que, em língua latina, significa voz. Ele foi fundado em 2013, tem oito anos de existência, mas não é pequeno. Ele é racha de um outro partido, que já era de direita, o Partido Popular, do José Maria Aznar, que foi primeiro-ministro da Espanha.
Imaginem então, o quanto é de direita. Aznar é de extrema-direita, mas não é fascista. Mas, o grupo do Vox é fascista, é um grupo extremista, “franquista”. Nas últimas eleições elegeram 52 deputados, o que representa 15% do Parlamento, que tem 350 deputados.
A Câmara dos Deputados no Brasil tem 513, se ele estivesse com este desempenho aqui, o número de parlamentares seria de 75 deputados. A bancada no Brasil com mais deputados é a do Partido dos Trabalhadores-PT, com 53 (10%). Então, com 75 eles teriam grande força.
O líder do Vox é chamado de Santiago Abascal, esse é fascista, ele é oposição ao governo da Espanha, que hoje é de centro-esquerda.
Eu quero contar sobre um fenômeno que aconteceu no dia 12 de outubro que, aqui no Brasil, comemora-se o Dia das Crianças. Nos livros de história, quando estudamos história geral, o que tem no dia 12 outubro? O “descobrimento” da América pelo genovês Cristóvão Colombo, que estava a serviço das cortes espanhola (Castelo) e portuguesa (Aragão). Eles eram praticamente uma coisa só. Teve um período na história que eles se fundiram e formaram o Reino de Castela (1), eram os reis católicos da Europa.
No ano em que Colombo chegou, em 1492, eles editaram normas cerceando a liberdade religiosa, dizendo para muçulmanos e judeus: se vocês não se converterem ao cristianismo terão que sair dos nossos dois países. Vejam só o grau de perseguição. Uma boa parte se converteu e a outra parte saiu, enfrentando todas as dificuldades, largando tudo.
Alguns que se converteram, a maioria, eles continuaram professando as suas crenças na intimidade dos seus lares, porque não tinha como saber. Boa parte deles trocou os seus nomes para se identificar. É o que o pessoal chama de “cristão-novo”, e está relacionado aos sobrenomes com a denominação de árvores frutíferas e animais: Oliveira, Figueira, Coelho, Lebre etc.
Dia 12, então, teve “grandes” manifestações na Espanha, semelhante, vamos dizer, às nossas do último dia 2 de outubro, que não foram tão grandes assim. Olhem só que interessante. “O partido Vox divulgou um cartaz em que Portugal (e as ex-colônias) estão integrados no ‘império dos mares’ espanhol, no âmbito do dia da Hispanidade, que é a ‘maior obra realizada por um povo’.”
O sentimento de Hispanidad é um termo novo, pouco usado, onde eles se orgulham do que a Espanha fez na colonização da chamada “América Espanhola”, o que foi uma barbaridade, foi o genocídio dos povos originários.
Eu prefiro este termo a “índios”. Evidentemente, que tinha índios, que são diferentes de nações, como por exemplo, os Astecas, os Incas e os Maias. Eles tinham impérios, eram civilizações avançadas. Só restaram os Maias no México. Incas e Astecas, que eu saiba, desapareceram completamente.
Então, esses eram povos originários, não dá para você chamar essas pessoas de indígenas, alguns deles já desenvolviam rudimentos da escrita e calendário próprio, rituais de purificação religiosos.
Outra questão é que essa turma fala de descobrimento, como se fosse possível descobrir alguma coisa que a natureza colocou ali há um bilhão de anos. Na evolução da crosta terrestre, os continentes eram todos unificados e eles foram se afastando, que é a chamada Pangeia. Então, já existiam as Américas. A costa das Américas, do lado de cá, era igualzinha à costa da África, por aí ela se separou.
Do ponto de vista da primeira chegada de alguém no Continente, eles também acham que foram eles os primeiros. Mas, os chineses estiveram aqui, lá pelo século 15, com os almirantes chineses, Zhou Man e Hong Bao (2). E tem os Vikings, também que, nos séculos VIII conquistaram boa parte da Europa.
Eles eram considerados bárbaros, porque eles não acreditavam no Deus dos católicos, eles têm a sua mitologia própria, seus deuses próprios, são os deuses de Asgard (3), que é a mitologia nórdica: Thor, Odin, Loki, Frigga, Bragi etc. era uma religião politeísta e, os Vikings que chegaram aqui, também fizeram as suas incursões, tem registros arqueológicos disso, como fósseis.
Então, isso há mais de 600 ou 700 anos, há muito mais tempo do que chegou Cristóvão Colombo. Talvez vocês tenham assistido ao filme “1492 a conquista do paraíso”. Tem uma música muito bonita do Vangelis: “The Conquest of Paradise Extended”, uma música triunfal, somado com as imagens do filme, quem faz Cristóvão Colombo é o ator francês Gérard Depardieu.
Sugestão: Para quem gosta de boas séries históricas, tem um dos Vikings, que eu assisti três temporadas. Ela é baseada em fatos verídicos, mas é claro que o diretor de uma série dessas, tem a sua liberdade de criação e, às vezes, exagera e até falseia a história.
A pior de todas as falsificações – e eu escrevi até uma crônica sobre isso –trata-se da série sobre os templários, cheia de erros, mas é bonita, bem-feita e com bons autores. Tem uma boa reconstrução de época e vários personagens são verdadeiros. Trata-se da série chamada Knightfall (4).
No caso, os Vikings são mais próximos da realidade, eles conquistam a Grã-Bretanha, Inglaterra, que não tinha esses nomes na época, pilham o país, vão lá várias vezes e, uma das últimas vezes, ficam mais tempo.
Eles trazem de volta o único cara que era capaz de fazer a dublagem e que dominava a língua nórdica, dinamarquesa, trazem de volta com eles o padre Athelstan, que era cristão, no século IX não tinha protestantes ainda, todo mundo era católico. Aos poucos, esse padre vai fazendo a conversão de todos eles.
É interessante nesse aspecto, que até hoje, todos os países da região, os países nórdicos: Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça, Islândia, Finlândia, há uma diferença entre nórdicos e escandinavos, mas todos esses países têm em sua bandeira uma cruz.
Eles são excessivamente cristãos, não são mais católicos, a maioria é de monarquia ainda, mas têm primeiro-ministro. Pela primeira vez também aquela região da Europa é toda governada por partidos de centro-esquerda. O que é positivo, isto é mais um argumento que eu tenho usado, de que os fascistas crescem, mas não ainda o suficiente e estão tendo derrotas em muitos lugares.
Eu li uma notícia de que na Noruega, um homem matou cinco pessoas com arco e flecha, não é aquele comum, mas aquela besta que tem um tiro fortíssimo, deixando dois feridos. Foi na cidade de Kongsberg, a 67 km de Oslo. Já tinha tido uma chacina em 22 de julho de 2011, onde morreram 77 pessoas. Tem um filme chamado U-July 22 que reproduz tudo em detalhes. O assassino é Anders Behring Breivik, empresário norueguês de 32 anos, que está preso, com a pena máxima: 21 anos. Lá não tem pena de morte.
A gente nota que é um país com alto índice de desenvolvimento, alto poder aquisitivo, alto índice de escolaridade, quase zero de analfabetismo, mas produz fenômenos como o desse massacre.
Estou dizendo tudo isso para registrar esse movimento acontecido dia 12, na Espanha, altamente preocupante. Eles, então, procuram fortalecer aquele sentimento de Hispanidade o que, na verdade, é um sentimento de saudosismo do colonialismo espanhol.
Outro filme maravilhoso que eu recomendo é A missão, com Robert de Niro, com uma música maravilhosa do grande Ennio Morricone. O filme mostra o massacre que os índios sofreram. O padre jesuíta Gabriel, contado na história, sai em defesa dos índios, eu não sei se é uma alusão ao Bartolomeu de Las Casas, mas é um filme que eu recomendo e que mostra a crueldade da colonização cristã. Eles levavam a civilização a povos não civilizados.
E, esse movimento na Espanha, ocorreu basicamente na Catalunha, que é uma das regiões que sonha em se separar da Espanha. É a região mais industrializada e desenvolvida. Eles querem se separar. Eles falam outra língua.
É claro que todos são bilíngues, falam o espanhol, mas têm a língua própria, como tem outras duas regiões que também querem se separar: a Galícia, que fica na fronteira com Portugal, são os galegos. A linguagem deles é uma mistura de espanhol com português, que dá para compreender fluentemente.
Eu tive muito contato com eles nos eventos internacionais em que eu participava. E, tem o país Basco, que tem aquele grupo famoso que foi guerrilheiro e hoje renunciou à luta armada, o ETA. Esta sigla, na língua basca, significa “Pátria e Liberdade”. Nenhuma dessas regiões vai desmembrar da Espanha, podem tirar o cavalo da chuva. Acho muito improvável que isso aconteça, mas não é impossível.
A extrema direita nos principais países
Esse movimento fascista na Europa tem um pezinho na Itália, onde o grupo se chama Forza Nuova. O líder deles é Roberto Fiore. Ele é um fascista assumido, inclusive houve um pedido no Parlamento italiano para o primeiro-ministro Mario Draghi dissolver o grupo, porque eles são fascistas, mas não são da linha do Mussolini.
Portugal – Em Portugal tem um grupo também, esse perdeu as eleições regionais. O grupo chama-se Chega!, é como se fosse no Brasil: Basta!. O líder desse movimento Chega! é André Ventura. Eles tiveram 10% da votação. É surpreendente! Mas, felizmente, perderam.
França – O pior de todos eles é esse movimento na França liderado por um político de 63 anos, Éric Zemmour. Ele é nascido na Argélia, país que foi colônia da França por décadas. Quem nascia na Argélia, até uma certa época, tinha a cidadania francesa, hoje não tem mais. Mas, na verdade, ele é de uma família judaica, nascido num país árabe. Então ele é um judeu árabe. Isso é possível já que ele é um judeu que nasceu em um país árabe.
O Éric Zemmour, para se ter uma ideia, é islamofóbico, ele odeia muçulmanos, ele é pela deportação de todos os imigrantes. O partido mais à extrema-direita na França, que é “Front Nationale”, ao qual pertence Marine Le Pen, uma fascista, mas ela não defende a expulsão dos imigrantes, ela defende cotas de entrada e defende não conceder cidadania.
Portanto, eles não teriam acesso a vários direitos. Ela, perto do Zemmour, foi empurrada para o espectro ideológico mais ao centro-direita, porque o espaço da extrema-direita que era dela foi ocupado por esse fascista.
Eu costumo dizer no Brasil, quando nós analisávamos o cenário político, antes desse fascista eleito presidente por um partido que ninguém conhecia, o recém-criado PSL, ao qual ele já não está mais filiado, que ele abandonou, mas na época era o partido mais à extrema-direita no país.
Quando esse grupo chega no Brasil, os partidos de extrema-direita, que eu sempre classifiquei desta forma, que é o DEM e, um pouquinho mais ao centro, o PSDB, que não é um partido social-democrata verdadeiro. É um partido de direita, é um partido entreguista, pró submissão do Brasil ao imperialismo estadunidense. É um partido que se submete ao capitalismo financeiro e aos banqueiros.
Então, quando chega o fascismo lá ocupa o espaço, nesses casos mais ao centro. Hoje, a gente quando fala assim o que é que eles são, uns dizem: direita republicana, outros dizem: centro-direita e outros dizem: direita neoliberal e outros: direita não fascista.
Porque, de fato, eles não são extremistas e não defendem o fim da democracia no Brasil ou, pelo menos, o seu enfraquecimento com as instituições de Estado. Eles tiveram um papel importante no golpe da presidente Dilma. E agora, aos poucos, estão voltando a retomar o seu papel nas chamadas instituições da sociedade.
O TCU está tendo um bom posicionamento, o Supremo também e, até a Procuradoria da República, com o Augusto Aras, que dorme em berço esplêndido e não abre nenhum processo. Ele começou a abrir alguns e começou a se mexer, ele já viu que talvez não vá para o Supremo Tribunal Federal-STF. Então, ele vai entrar nesse segundo mandato dele de dois anos com uma certa autonomia.
Na França a Marie Le Pen está constrangida, porque Zemmour é muito de extrema-direita, ela não estava acostumada com isso. Então, ela se deslocou, mas é forte candidata.
E o Emmanuel Macron, que é candidato à reeleição do ano que vem, ele foi eleito em 2017, o mandato lá é de cinco anos. Ontem ele anunciou um plano de 30 milhões de Euros para investir na França, até 2030. Eu acho estranho.
Se ele for eleito no ano que vem (2022) o mandato dele vai até o dia 2027 e ele faz um plano para até 2030. Mas, é claro que ele está tentando fazer isso do ponto de vista eleitoral, ele está se mexendo, ele se deslocou mais ao centro ainda. Então, temos na “briga”: Macron, Le Pen e Zemmour.
Lembrando que em 2017, no segundo turno, pela primeira vez uma fascista, Marine Le Pen, que não é da direita tradicional francesa. Eles chamam de “direita tradicional francesa”, os gaullistas, como Jacques Chirac e outros.
Ela foi para o segundo turno e, à época, ela era a mais à direita que tinha. O que aconteceu no segundo turno? Toda a esquerda francesa, ou digamos, 95% dela, votou com Macron, não por ele, mas para impedir que o mal pior vencesse.
É assim que funciona nos países com dois turnos. No primeiro turno você vota com o coração e no segundo turno você vota com a razão, você vota naquele que é menos ruim e que tem condição de barrar o que você não quer de jeito nenhum. Quem já participou de discussões políticas sabe que se raciocina assim.
No ano que vem, o candidato, que quase foi para o segundo turno, mas perdeu em 2017, Jean-Luc Mélenchon, não está bem. O Partido Socialista-PSB, que é um partido social-democrata, não é verdadeiramente socialista, vai lançar um candidato, também não está bem. Os “verdes” também não estão bem. Então, está despontando na pesquisa, o Macron, a Le Pen e a extrema-direita, com Zemmour. Pode-se ver que a situação da França é muito particular.
Nós temos que ficar monitorando tudo isso. Eu quero finalizar dizendo que esse Éric Zemmour, além de ser islamofóbico, ele é absolutamente contra o aborto, por exemplo. É um retrocesso. A Espanha tem o aborto legalizado há décadas. Ele também é contra o movimento LGBT e é contra qualquer tipo de imigração. Ele quer o fechamento das fronteiras.
Hoje eu fui pesquisar sobre a vida dele e descobri que ele defende a reedição de uma lei de 1803. Esta lei dizia que nenhuma pessoa nascida na França pode ser registrada com o nome que não seja de origem francesa. Etienne, Anne, Desirée, e outros. Mas, Abdalla, Emir, Youssef, Mohamed, esses não podem. Vejam que absurdo, os pais não poderem decidir sobre o nome do filho ou da filha, isto para que a sonoridade de nomes estrangeiros não prevaleça no país. Esta lei foi revogada e ele está defendendo a sua volta.
Youtuber fascista
Na semana passada uma obscura jornalista, uma youtuber fascista, de extrema-direita, ela era do Vox, Cristina Segui, atacou Lula e o PT, dizendo que o partido é ligado ao Foro de São Paulo, que é ligado ao narcotráfico. Isto é uma barbaridade.
É evidente que a imprensa brasileira não deu bola para isso. Mas, como nós vivemos numa fase de mentiras, uma fase de pós-verdades, a Rede Record de Televisão, que apoia o fascismo no Brasil, deu grande espaço para essa fascista. As mídias bolsonaristas repercutiram esta reportagem que não tem nenhum fato concreto, apenas na cabeça da fascista. É isto que nos espera nas eleições do ano que vem.
Alemanha
Quando eu escrevi sobre a Alemanha, no início de outubro, a eleição foi no dia 26 de setembro, o tema rendeu um ensaio com 11 páginas e 44 notas de referência. Eu explanei longamente que o SPD venceu as eleições, é o partido social-democrata da Alemanha, que tinha deixado de ser esquerda desde 1918, quando os comunistas e marxistas leninistas saíram.
Eu vou falar da coligação que está se formando. Eu desenhei, quando fiz essa análise, uma coligação que juntasse os “verdes” e os sociais-democratas e mais um partido de esquerda pequeno, chamado de Link, que significa “à esquerda”. Ele elegeu só 39. A soma dos três daria 363 deputados. Para ter maioria, visto que o Parlamento subiu para 735, que é um número móvel. Mas, esta possibilidade não está se concretizando, porque faltam 15 deputados.
Mas, depois que eu fiz esta análise, dizendo que o SPD vai formar governo, vários outros analistas vieram depois e me contestaram, dizendo que a Merkel iria manobrar o SPD para se juntar com a turma dela, que é uma Federação de dois partidos: CSU-CDU. Merkel é de direita, mas não é de extrema-direita, não são fascistas
Isso não se verificou. A Merkel, com todo o seu prestígio, não conseguiu dobrar o Olaf Scholz, líder do SPD, para compor com a turma dela. E, com quem que ele vai compor? Vamos ver. Eu já tinha “previsto” e deixou de fora esse pequeno de esquerda com 39 deputados chamado Die Linke e procurou um partido chamado Partido Liberal-Democrata-PLD, que é de centro, vamos dizer assim.
Só que esse partido elegeu 92. Somados aos 206 deles, mais os 118 dos “verdes”, ele tem folgadamente 416. Se isso se concretizar, nós não vamos esperar até o Natal para ter um novo governo na Alemanha. Desta forma, o país voltaria para as mãos da Social-Democracia.
Nesse ensaio que eu mencionei, eu escrevi que se as negociações demorassem para acontecer, isso é só resolveria em dezembro. Nesse ensaio também, eu conto desde o pós-guerra de 1945, todo o período que a social-democracia voltou a governar a Alemanha, que vai de 1945, ela passa por Willy Brandt, Konrad Adenauer, os políticos da reconstrução da Europa e da Alemanha, sociais-democratas capitalistas, evidentemente até que Helmut Kohl, do CDU e da Baviera, ganha a eleição. Eu escrevo sobre todos esses períodos, até os últimos 16 anos da Ângela Merkel, que volta o CDU ao poder.
Agora, eu desenho um período novo da social-democracia. Toda a imprensa europeia, quando fala SPD escreve: centro-esquerda. Eu não acho que eles chegam a tanto. Essa classificação: centro-esquerda, centro, centro-direita e extrema-direita.
É igual àquela: classe média, classe média alta, classe média baixa, não vale nada. Mas, a pessoa tem uma referência. Quando se fala centro-esquerda, aquela turma que quer a transformação, sabe que se está falando de um grupo mais moderado. O SPD, chamado de centro-esquerda é um exagero.
Agora, não tem a menor dúvida, e nisso eu me contraponho a outros analistas, e a internet está cheio deles. Dos canais que acompanho: TVT, TV247 e TVDCM, tem vários analistas e eu sou um deles. E nem sei se estou entre os melhores.
Então, tem gente que é fera e tal eu até aprendo com elas. Então, eles dizem que esse governo desse possível primeiro-ministro Olaf Scholz (SPD) vai ser um governo moderado e que não vai mudar. Eu não estou de acordo com isso.
A Merkel teve aspectos interessantes, ela não piorou a destruição do Estado Nacional, retirou sim alguns direitos, mas preservou outros. Abriu o diálogo com a Rússia e com a China, sob a pressão dos Estados Unidos para que não fizesse isso. Ela é uma mulher de direita, mas não é fascista nem nazista, mas não joga no nosso campo.
O Olaf vai ser um pouquinho diferente, provavelmente melhor. Fica este registro. Eles estão chamando esta Coligação, que tudo indica que será formada, como eu havia “previsto”: Coligação Semáforo, por quê? Vermelho, porque muitos colocam o SPD como vermelho, verdes e o amarelo, dos liberais democratas.
Notas
1. Reino de Castela - O Reino de Castela foi um dos antigos reinos da Península Ibérica formados durante a Reconquista, na qual começou por ser um condado do Reino de Leão até se tornar independente. As capitais eram: Toledo e Burgos. Foi fundado em 1065 e dissolvido em 1230. Seu regime era monárquico (Fonte: Wikipedia);
2. A 'descoberta' chinesa: Há quase duas décadas, no entanto, uma história alternativa da "descoberta" das Américas se espalhou: a de que, ao contrário do consenso historiográfico, frotas encabeçadas por dois almirantes chineses, Zhou Man e Hong Bao, haviam navegado da África até a foz do Rio Orenoco, na atual Venezuela, descendo depois por toda a costa do continente até o do Estreito de Magalhães, ao sul da América do Sul, ainda no ano de 1421 — portanto, 71 anos antes da viagem de Cristóvão Colombo. Eles tinham sido treinados e eram liderados pelo grande navegador chinês daquela época: o eunuco muçulmano Zheng (Fonte: Wikipedia);
3. Asgard é o reino dos deuses, os Æsir, na mitologia nórdica, mundo separado do reino dos mortais, Midgard. Asgard era, originalmente, conhecido como Godheim, pois os primeiros investigadores da mitologia (Fonte: Wikipedia);
4. Mais informações sobre a série pode ser lida neste site <https://bit.ly/3aVnotr>.
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