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    Ariovaldo Ramos

    Coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Presbítero da Comunidade Cristã Reformada em São Paulo, SP

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    O desafio frente ao mistério evangélico

    Essa questão dos evangélicos parece um mistério, ninguém sabe direito onde estão, e nem quantos são

    O presidente da República, Jair Bolsonaro,se reúne com lideranças evangélicas, no evento “Encontro com Lideranças Evangélicas”, no Palácio da Alvorada. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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    Estive no CEU, Comitê Evangélico Unificado, ao lado da Profª. Magali Cunha, que lançou o seu livro “Evangélicos na Política Brasileira”, no encontro, em sala do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, promovido pelo Instituto Lula. Fomos conversar sobre as falsas notícias que grassam em solo evangélico.

    Essa questão dos evangélicos parece um mistério, ninguém sabe direito onde estão, e nem quantos são, embora sua presença seja sentida em todos os lugares e conversas, numa espécie de ubiqüidade tal qual o Deus que adoram.

    O CENSO de 2010 anotou que os evangélicos eram 22% da população brasileira, isto é, hoje, se os evangélicos tiverem apenas mantido o crescimento vegetativo somam cerca de 40 milhões de pessoas.

    Contudo, duas situações precisam ser levadas em conta: 1º, os evangélicos registrados pelo CENSO de 2010 eram, majoritarimente, membros das denominações organizadas e distribuídas pelo território nacional. 2º, os evangélicos, desde a década de 80 do século passado tem crescido numa média de 60% por década, bem acima do crescimento vegetativo, portanto, somos mais de 40 milhões, se consideradas apenas as denominações.

    Não bastasse isso, um fenômeno ocorreu nesta última década, o crescimento das chamadas Igrejas Independentes, que são autônomas e que existem apenas na comunidade onde foram plantadas, segundo o linguajar evangélico, e que invadiram as periferias do país. E mais, estas igrejas superaram as denominações em número de membros, de modo que a maioria dos evangélicos brasileiros são membros das Igrejas Independentes.

    Se considerarmos, então, os 40 milhões das denominações, na lógica do mero crescimento vegetativo e os somarmos aos membros das Igrejas Independentes, que são em maior número, teremos como resultado, no mínimo, 80 milhões de evangélicos no país. Porém, como os evangélicos têm crescido cerca de 60% por década e, considerando que, ao lado do crescimento denominacional temos o crescimento das Igrejas Independentes, que alcançou e ultrapassou, em número, as denominações… Quantos somos?

    E o que se sabe é que já na década de 30, deste século, seremos a maioria da nação, ou seja, daqui a 8 anos… É claro que, para alcançar esse percentual, já deixamos de ser 40 milhões a um bom tempo!

    Assim estamos no Brasil, às cegas, não tivemos CENSO em 2020, não sabemos como, de fato, está a nação, o que pode significar, inclusive, que o orçamento para 2023 será pífio, prejudicando, em muito, o estabelecimento das políticas públicas necessárias para o enfrentamento dos desafios que nos aguardam.

    E estamos enfrentando as eleições mais decisivas da história recente da nação com pesquisas que se norteiam pelo CENSO de 2010, o que, para dizer o mínimo, é  temerário, principalmente, em se tratando do contigente evangélico. 

    São eleições que, mais que democráticas, são para restaurar a democracia perdida com o golpe de 2016. Toda atenção é pouca… Dá tempo de repensar as estratégias, e nós, que estamos, desde a esquerda, lutando para restaurar a democracia, temos o desafio de fazê-lo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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