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    Rosana Alves

    Coordenadora da rede Municipal de ensino de São Paulo. Mestranda em Educação no programa de Filosofia e Política na FE da Unicamp. Membro do comitê do PCdoB municipal São Paulo

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    O descaso do governo de Ricardo Nunes com a cidade de São Paulo

    Com uma gestão bastante negativa, o prefeito de São Paulo terá dificuldades para se releger

    O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (Foto: GOVSP)

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    O emedebista Ricardo Nunes assumiu o comando da maior capital do país em 17 de maio de 2021, na cidade de São Paulo, cujo território abrange uma área de mais 1.500 km², com mais de 12 milhões de habitantes - ideia essa que se torna relativa. A diversidade intrarregional do município acrescenta mais graus de complexidade, identidades diversas e realidades locais distintas entre os cidadãos e o espaço urbano.

    A menos de dois anos para a próxima eleição municipal e o que enxergamos é um total descaso com a cidade e uma gestão inoperante. Isso só pode ser explicado com o compromisso do atual prefeito com grupos rentistas e a sua proximidade com as políticas neoliberais e fascistas daqueles que foram derrotados nas últimas eleições, mas continuam articulando-se contra o povo e a soberania nacional. A cidade de São Paulo possui em caixa, atualmente, 35 bilhões estacionados. Enquanto isso, a cidade sofre com uma série de problemas.

    Muitos dizem que a atual gestão não possui uma marca, algo plenamente discutível. Se existe uma marca desse governo é do descaso com a cidade e a população mais vulnerável, bem como o compromisso com setores retrógrados e fascistas. Com uma avaliação extremamente negativa, a última pesquisa publicada pelo Instituto Paraná mostra que o governo Ricardo Nunes é considerado bom/ótimo por 12% da população, 30% consideram ruim/ou péssima e 46% regular. Essa mesma pesquisa realizada entre os dias 23 e 26 de fevereiro, revela que 60,9% dos moradores do município de São Paulo não sabem o nome do prefeito da cidade. O levantamento mostra que 36,9% sabem que é Ricardo Nunes (MDB). Os 2,3% restantes da população citam outros nomes. No recorte por sexo e faixa etária, a maior aprovação da gestão Nunes vem de homens entre 16 e 24 anos (55,7% de aprovação) e a maior rejeição está entre as mulheres entre 45 e 59 anos (38%).

    O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), terá trabalho para se tornar mais competitivo eleitoralmente nos cerca de 20 meses que faltam até a eleição municipal de 2024, demonstrando aproximação com o governador Tarcísio de Freitas, propondo um programa de combate à violência e de habitação no Centro, em parceria com o governo do Estado. Nunes trabalhava para viabilizar o transporte público gratuito, o que não deve se viabilizar até o pleito.

    Enquanto isso, a crise na cidade só se agrava e após o período mais crítico da pandemia da COVID-19: o número de doenças e transtornos psiquiátricos teve um aumento considerável, o que não está conseguindo ser atendido pela rede de saúde e protetora. Diante disso, o setor de Assistência Social reclama da falta de recursos humanos para dar conta de tal atendimento.

    O aumento da população de rua de 2021 até agora cresceu 31%, sem ter a menor assistência por parte da gestão. Os que andam pela cidade percebem que é notória a presença de pessoas em condições de mendicância.

    A saúde necessita de mais recursos humanos e infraestrutura de equipamentos. Na educação, o que assistimos é o completo desmonte da educação pública, que está rumo à privatização.

    A própria administração reconhece os atrasos em obras, como: corredores de ônibus, unidades habitacionais, piscinões e novas escolas. A construção do BRT - Radial Leste está parada, sendo suspensa a licitação para a construção do piscinão Mooca e o recapeamento da malha viária. Enquanto isso, a cidade sofre com os alagamentos e enchentes, somente 3 dos 14 prometidos pela gestão foram entregues.

    O plano de mobilidade urbana está praticamente parado, 14 km de malha viária que seria entregue e atenderia 50 mil pessoas da região de Itaquera não saiu do papel - da proposta de construção de quatro terminais de ônibus, nenhum foi entregue. Dos 300 km da malha de ciclovia prometida, somente 36 km foram cumpridos. Por fim, a grande aposta do prefeito que seria a tarifa zero, pelo que tudo indica, não conseguirá ser efetivada

    O TCM aponta que Nunes postergou 4,5 milhões até 2024. Por aqui assistimos um dos maiores descasos com a manutenção da cidade. Os serviços de zeladoria praticamente não existem, havendo praças sem condições de uso, ruas sujas, semáforos a todo momento quebrados, poluição sonora e estética, sem contar a falta de espaços de lazer. Ademais, as programações culturais praticamente inexistem, os programas nos CEUs estão parados e recentemente assistimos o embate entre os movimentos de cultura da cidade com a atual gestão, que propôs a privatização da oferta e criação de atividades culturais para a cidade, pelas ditas parcerias público-privadas. No dia 16 de dezembro de 2022, lançaram o chamamento de OSC’s (Organizações da Sociedade Civil) para concorrerem à administração das Casas de Cultura. Sem nenhuma consulta pública, o edital prevê o valor de aproximadamente 170 milhões de reais, os quais serão repassados às OSC’s em 5 anos, podendo ser revisto em 2 anos de execução e contrato. A prefeitura chama de “parceria com OSC’s”, mas na verdade o que acontece é que toda a gestão dos equipamentos é passada para as entidades privadas tirando qualquer diálogo com a comunidade, ou seja, transfere a responsabilidade e drena o dinheiro público para o setor privado.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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