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    Toninho Kalunga

    Ex-vereador do PT em Cotia. Foi coordenador Estadual de Formação Política do Diretório Estadual do PT/SP. Cristão católico ligado aos Orionitas no Santuário São Luís Orione

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    O feitiço que faz religiosos levarem o povo a idolatrar um mito corrupto tem que ser quebrado

    Michelle e Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

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    Enfeitiçados pelo mal. Não há outra forma de explicar essa obsessão macabra que os apoiadores de Bolsonaro nutrem por este mito. No Antigo Testamento, uma parcela do povo de Deus adorava um bezerro de ouro, hoje idolatram um corrupto. Evidente que se há enfeitiçados, há também os feiticeiros, que são os falsos profetas, os vendilhões do templo, -  que levam o povo a um falso Messias que, inclusive, reconhece que não faz milagres - mas têm interesses diretos em toda essa balbúrdia. 

    Se tem gente enganada, tem enganadores. Se tem gente sendo ludibriada, tem os picaretas que ludibriam. Ao apostarem no caos, os aproveitadores do sistema caótico, tem como objetivo tirar disso o lucro financeiro, político e de nacos do poder. E eles estão aí para quem os quiser ver. 

    Em sua maioria são religiosos, pequenos, médios e grandes empresários, moradores das bolhas condominiais que formam a turba de apoiadores dessa coisa que governa o país, são gente da classe média e da alta burguesia que odeia pagar tributos e direitos para quem quer que lhes sirva. Eles são uma parcela considerável da sociedade, algo em torno de 1/5 da população. E, embora grande parte destes, do ponto de vista econômico, mesmo estando mal de vida, mantém o apoio a este governo em razão disso que chamo de gente enfeitiçada.. O ponto de torpeza é tão grande que às vezes não dá nem pra saber se são  enfeitiçados ou os feiticeiros deste mal.  

    Tentar falar com um bolsonarista raiz é dar vazão a um mundo paralelo, um estado de ilusão tão alucinado, que chega a ser inacreditável o grau de simplismo hipócrita, tendo como característica a demagogia e como atividade cotidiana o charlatanismo. É gente que nutre uma religiosidade sem espiritualidade. Não tem compromisso com nada ligado ao que é benevolente, caridoso, tolerante. É sempre o mal que sobressai, mesmo quando se tenta praticar o bem. 

    Essa relação incestuosa entre homens brancos, ricos e corruptos trouxe da escuridão de suas almas e entranhas, as condições para que Bolsonaro e o bolsonarismo fosse fecundado neste útero machista, misógino, intolerante, maldoso e canalha, todo este mal que vivemos neste momento nasce disso. É mais que política. É uma disputa do mundo da espiritualidade maligna querendo se sobrepor ao que é bom  e correto, o que é justo e que busca o que é bom para os pobres e excluídos de nosso povo. Essa é nossa guerra, e é sobre ela que devemos falar e por ela combater. Temos que resistir. Nossas armas só podem ser armas do bem, desejar o bem e combater pelo bem para nos contrapor ao que é mal. Como diz o Papa Francisco, lembrando Martin Luther King, não é possível combater o ódio com mais ódio, bem como não se combate a escuridão com mais escuridão; “pois a escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso”.

    Mas há uma razão subjetiva nos enfeitiçados. E essa é outra característica que assombra. Alguns bolsonaristas eram pessoas que achávamos que sabíamos quem eram, até bem pouco tempo atrás, gente com quem já convivemos, algumas inclusive em nosso meio familiar, gente com quem temos um histórico, sabemos de sua origem, já desfrutamos de sua amizade e agora, depois de quase quatro anos deste governo de vândalos, mesmo diante de tantas desgraças, sustentam este apoio cego, incondicional cuja origem é sabida, uma ação pensada a partir do sistema de Inteligência do mal do governo norte americano. Mas os norte-americanos, isoladamente, não teriam conseguido pôr em prática seus planos diabólicos de criar cisão, distúrbios e esse estado de guerra. 

    Em conluio com o juiz nefasto de Curitiba e de aproveitadores do sangue, da vida e do sofrimento do povo brasileiro como Romero Jucá (que traiu fragorosamente Dilma Rousseff), Aécio Neves (que foi o primeiro a tentar dar um golpe nas instituições brasileiras) e Eduardo Cunha (que colocou o golpe em marcha e foi tragada para as labaredas do inferno político que ele próprio acendeu) e mais uma enorme leva de agentes da direita podre, que fingindo serem eles, as vestais da ética na  política, resolveram brincar de incendiar o país, com Supremo, com tudo, chamando de ladrão o roubo que eles próprios eram os protagonistas. 

    Evidente que havia corrupção na alta diretoria da Petrobrás, contudo, o esquema era tão antigo e tão azeitado, que não se sabia o tamanho, muito menos quem eram seus articuladores mais ilustres. A imprensa não sabia, o Ministério Público não sabia, os órgãos de controle não sabiam, e nem mesmo quem os indicou tinha noção do tamanho da operação que distribuía dinheiro para TODOS os grandes partidos políticos brasileiros, com base, inclusive na legislação brasileira. As grandes empreiteiras nacionais, Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, entre outras, sempre foram alvos de suspeitas de corrupção, que sustentavam o processo político eleitoral brasileiro, mas nunca haviam sido pegas e só foram porque os norte americanos, incomodados com o sucesso do Pré Sal e cientes de que aquilo seria a libertação do Brasil e por consequência da América Latina, resolveram destruir o Brasil. 

    Tanto é, que no Brasil, o que os norte-americanos e a mídia nacional chamam de corrupção, os norte americanos, lá nos Estados Unidos dizem que é lobby ou em algo mais bonitinho de se dizer, networking governamental. A corrupção antes e depois - e durante - a Lava Jato, não modificou um milímetro e em minha modesta opinião, durante o governo Bolsonaro, se solidificou e ampliou seus tentáculos. 

    Ou alguém acredita que nas cidades a corrupção deixou de acontecer, assim como nos estados? E em Brasília? Com este governo que coloca sigilo de 100 anos em qualquer informação que resvalam na ética, acham mesmo que Bolsonaro é ético? E não apenas empreiteiras, qualquer empresa, qualquer grande fornecedor de qualquer tipo de material, serviço ou mão de obra, continuam sendo “parceiros” de governantes. 

    Tudo isso gerou nestas pessoas uma decepção profunda com a política, pois este era o maior objetivo da direita brasileira, já que o povo, passou a entender que era possível, através da política, melhorar a vida das pessoas. E isso foi realizado pela esquerda. Foi essa decepção que originou o bolsonarismo. E se esta ação tem como planejadores os norte americanos, tiveram no Brasil os arquitetos, parte do Poder Judiciário, a  partir do STF que foi covarde, benevolente e permitiu quando rasgaram a Constituição para que toda essa horda de canalhas assumissem o poder a começar por Michel Temer.. 

    Então, a pergunta que fica é. O que mudou? E de novo, penso que, o que mudou foi o sentimento de indignação de quem ontem dizia querer combater a corrupção, e enfeitiçados por essa gente que governa o Brasil, hoje agem como zumbis e se recusam a enxergar até mesmo aquilo que está diante de seus olhos.

    Então, o STF e seu ativismo político, o juiz de Curitiba  primeiramente, com apoio e incentivo capitaneado pela Rede Globo e um consórcio de empresas da elite da comunicação brasileira, passando por Folha de São Paulo, Estadão, Bandeirantes, SBT e Record, sendo a Revista Veja a operadora do esgoto profundo, permitiu que chegássemos a este ponto. 

    Os enfeitiçados pelo mal do bolsonarismo podem ser encontrados em toda parte. Não é coisa apenas de religioso picareta, de evangélicos e católicos que veneram um corrupto, e que agem como viciados que precisam da droga para manter o fanatismo alimentado por picaretas que, agindo nome de uma religiosidade sem espiritualidade, se tornam alvos fáceis de agentes que, estes sim, têm interesses políticos de poder e abrem caminhos para que este povo passe a  idolatrar um político desqualificado como Bolsonaro. E mesmo sabendo e vendo tudo disso, o feitiço não lhes permite sair desse transe. 

    Podemos encontrar estas pessoas nos condomínios e nas periferias. Mas é nas Igrejas, que o grau é pouco mais elevado, pois os filtros da convivência, obrigam as pessoas a não contrapor a insanidade para que não haja confronto de ideias dentro da comunidade e assim como a característica de um bolsonarista é a imposição, quem é contra se sente inibido a reagir, o que gera um campo fértil para a atuação dessa gente neste meio. Ao contrário do boteco ou dos lugares onde as pessoas podem ser contraditadas sem maiores freios. 

    O assassinato do militante petista Marcelo Arruda, guarda civil municipal, pai de família, trabalhador, no dia de seu aniversário de 50 anos, dentro de seu ambiente familiar, não matou apenas um grande companheiro. Junto com ele, matou também a tese de que não haveria extremistas no bolsonarismo a ponto de matar de forma covarde e vil como esse sujeito fez em nome deste mito. A pergunta a ser feita é: Quantos “Jorges Garanhos” tem espalhados por aí? 

    Não se sabe. Mas se desconfia que são muitos. Destes, quantos e quando irão sair da frágil casca que separa a racionalidade deste feitiço é uma incógnita. De todo modo, creio ser necessário então dizer que temos que orar e vigiar, para que este encanto se quebre e que as pessoas apoiadoras de Bolsonaro recuperem o juízo e que o feitiço seja quebrado.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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