O futuro da América Latina é decidido na Argentina
"Se Massa vencer, a aliança Brasil-Argentina, que começou com o abraço de Lula com Néstor Kirchner, continuaria e se aprofundaria", escreve Sader
O ano de 2023 está terminando, o que exige um balanço do que aconteceu na América Latina.
O ano começou com o início do governo Lula. Só isso já mudou o cenário latino-americano, com o retorno à presidência do país mais importante do continente do mais importante líder político latino-americano.
O Brasil voltou a ter um governo antineoliberal, com a derrota de Bolsonaro. Após o golpe contra Dilma e a prisão de Lula, que permitiu a eleição de Bolsonaro, o mesmo Judiciário declarou que tanto Dilma Rousseff quanto Lula são inocentes.
Lula não só foi eleito, pela terceira vez, presidente do Brasil, como é presidente do Conselho de Segurança da ONU. Enquanto Dilma Rousseff é presidente do Banco do BRICS.
Raramente um país viu uma mudança política de ordem semelhante à que ocorreu no Brasil. Pela importância e tamanho do Brasil, isso é suficiente para impor ao ano de 2023 uma natureza bem diferente dos anos anteriores. Lula já afirmou que pretende concorrer a um novo mandato, o que projeta um longo período histórico como o atual para o Brasil.
Ao mesmo tempo, no México, o Morena escolheu a ex-prefeita da capital do país, Claudia Sheinbaum, como sucessora – considerada favorita – para suceder o sucesso de López Obrador. Todo um período histórico antineoliberal estará garantido no país.
A Colômbia é o outro país que, junto com o Brasil, possui governo sólido, democrático e antineoliberal, sob a presidência de Gustavo Petro.
As eleições argentinas definem não só o futuro do país, mas também da própria América Latina. Dependendo do resultado, se Javier Milei vencesse, fortaleceria a direita e, em particular, a extrema direita no continente. Um governo que ficaria absolutamente isolado, pelas posições firmes que tem, mas também pelas posições que isolariam ainda mais a Argentina na América Latina e no mundo.
A proposta de romper as relações econômicas com a China e o Brasil (além do Vaticano) é irresponsável e suicida, ainda mais para um país que vive uma crise profunda e já sofre de isolamento externo. A aliança do Brasil com a Argentina seria rompida, eles teriam relações abertamente conflituosas, além da distância econômica, que é importante para ambos. Mas muito mais que isso, as posições de retrocesso em relação ao aborto, de favorecimento à venda de armas, de dolarização da economia, de destruição do Banco Central.
Se Sergio Massa vencer, a aliança Brasil-Argentina, que começou com o abraço de Lula com Néstor Kirchner no início do século, continuaria e se aprofundaria. Os dois partidos assumiriam mais uma vez a liderança dos processos de integração latino-americanos. Assim como passariam a atuar conjuntamente em nível internacional, começando com uma ação comum nos BRICS.
Assim, o continente está com os olhos e o coração voltados para a Argentina e para a decisão democrática dos argentinos em 19 de novembro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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