O futuro da educação na fogueira obscurantista de Bolsonaro
"Assim como é característico de governos autoritários e obscurantistas, para não dizer fascistas, a educação é uma das principais vítimas do governo Bolsonaro", destaca o senador Rogério Carvalho (PT-SE)
Segundo dados da OCDE, o Brasil está entre os poucos países do mundo que não aumentaram os recursos em educação para reduzir os prejuízos de aprendizagem durante a pandemia de Covid-19. Lamentavelmente, enquanto entre 67% e 78% das nações elevaram o orçamento para pelo menos alguma das etapas da educação básica, o governo Bolsonaro optou por seguir na contramão dos países e não destinou recursos extras para nenhum nível de ensino.
Aliás, desde o início da pandemia, não houve nenhuma iniciativa do Ministério da Educação de Bolsonaro para dar suporte às redes de ensino e à comunidade escolar. Os alunos foram mandados de volta para a casa sem qualquer amparo de um plano de estudos ou de políticas de acesso ao ensino remoto.
Para piorar, Bolsonaro vetou a ajuda financeira de R$ 3,5 bilhões para estados, municípios, Distrito Federal e municípios garantirem acesso à internet para alunos e professores das redes públicas. Na prática, o governo utilizou a pandemia para realizar um ajuste fiscal na educação, tanto que o Ministério da Educação encerrou 2020 com o menor gasto em educação básica na década.
Além disso, tentou utilizar a educação como instrumento de validação da tese genocida de imunização natural de rebanho, que estimulou o contágio e resultou na morte evitável de milhares de brasileiros. Tanto que, o ministro da Educação chegou a fazer um pronunciamento em rede nacional estimulando o retorno precoce às aulas presenciais, sem qualquer análise epidemiológica, sem planejamento e sem um processo de imunização completa dos profissionais de educação.
Na realidade, desde o início do governo, Bolsonaro transformou o Ministério da Educação em um cavalo de batalha de combate ao que ele chamou de “marxismo cultural”. Privilegiou as pautas ideológicas em detrimento do planejamento e de políticas públicas de melhoria da qualidade e de indução ao acesso e à permanência, especialmente dos mais vulneráveis, à educação. Nomeou ministros negacionistas, que se ocuparam muito mais em atacar as nossas universidades e o patrona da educação, Paulo Freire, que completaria 100 anos no próximo domingo, do que em pensar no fortalecimento da educação pública e universal.
Mais do que isso, Bolsonaro é refém de uma visão elitista e excludente. O próprio ministro da Educação tem declarado que a universidade deve ser para poucos, que não quer o “inclusivismo” e que crianças com deficiência "atrapalharem" o ensino dos demais estudantes e, em alguns casos, ser "impossível a convivência".
Assim como é característico de governos autoritários e obscurantistas, para não dizer fascistas, a educação é uma das principais vítimas do governo Bolsonaro. Hitler promoveu o “Bücherverbrennung”, com a queima, em praça pública, de livros que desviassem dos padrões impostos pelo regime nazista. Bolsonaro queima o nosso passaporte para futuro com a falta de políticas públicas para a educação, com a total inoperância do Ministério da Educação e com o estrangulamento orçamentário da pasta, que levará à completa paralisia e à falta de capacidade do estado de investir no amanhã dos nossos jovens.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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