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    Tereza Cruvinel

    Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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    O G20 e as tentativas de minimização da grande vitória de Lula e de nossa diplomacia

    'O Brasil saiu maior do encontro, voltou a ser um país sério e confiável, artífice de uma agenda humanista e civilizadora', destaca Tereza Cruvinel

    Lula e Cyril Ramaphosa no G20, Rio de Janeiro-RJ, 18/11/2024 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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    A presidência brasileira do G20, ao longo deste ano, e os resultados da reunião de cúpula realizada no Rio constituem inegável vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da diplomacia brasileira. Algumas vozes, como sempre, inventam argumentos para minimizar os méritos do presidente e desmerecer a efetividade do que foi pactuado.

    O lançamento e o acolhimento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi uma espécie de medalha de ouro para Lula, que concebeu a iniciativa ainda no ano passado. Mas não só por isso o Brasil saiu maior do encontro, ampliando seu reconhecimento como ator relevante no cenário internacional, capaz de liderar, pelo diálogo, a busca de soluções e consensos sobre os grandes problemas do mundo.

    Sim, o Brasil voltou mesmo a ser um país sério e confiável. E mais que isso, emergiu como artífice de uma agenda humanista e civilizadora, que inclui o combate à fome e à pobreza, a taxação dos super ricos para a redução da desigualdade, a defesa ambiental e as medidas para a contenção da insurreição climática e a igualdade de gênero, entre outros pontos.

    O documento final, que contemplou praticamente todas as pretensões brasileiras, não foi construído graças à beleza do cenário carioca. Para este resultado concorreram o protagonismo e a habilidade de Lula, que assumiu papel ativo nas articulações, e o enorme esforço desenvolvido por nossos diplomatas negociadores, sob o comando do ministro Mauro Vieira e a coordenação do Sherpa brasileiro, embaixador Maurício Lirio.

    Um grande feito foi o de “amansar” o presidente argentino Javier Milei, que inicialmente resistia em aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e mesmo em assinar o documento final por discordar de alguns pontos, como a taxação dos bilionários e a igualdade de gênero. Milei busca agora ser o “Delfim” de Trump na América Latina mas acabou recuando nos dois pontos para evitar um nefasto isolamento.

    No entanto, vejo que setores da mídia e da oposição política, mesmo quando reconhecem o sucesso do evento, tentam minimizar ou negar o mérito do presidente na produção dos resultados.

    Li e ouvi comentaristas dizendo que compromissos como os que foram firmados costumam ser logo esquecidos pelos governantes que os assinaram ou por seus sucessores, que podem até ser adversários.

    Outros ainda disseram que eles carecem de validade porque foram firmados numa conjuntura de incertezas globais, que serão agravadas pela posse de Trump, negacionista, isolacionista e contrário a muitos dos pontos acordados no documento.

    Houve também quem dissesse que o sucesso do evento deve ser creditado exclusivamente à experiência e à qualidade da diplomacia brasileira, negando assim o peso e o significado da liderança política de Lula.

    Há um sotaque de ressentimento e implicância nestas falas. Tratados e documentos diplomáticos nem sempre são cumpridos ao pé da letra, mas foi com eles que a humanidade avançou, desde o tratado de paz entre o antigo Egito e o Império Hitita, no século XII AC, até os contemporâneos, firmados depois da Segunda Guerra. Trump realmente vem aí e vai atrapalhar muita coisa, mas os países signatários são independentes e soberanos. São aliados dos EUA mas não serão necessariamente vassalos.

    “Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir”, disse Lula em seu discurso ao lançar a Aliança contra a Fome e a Pobreza.

    Destaco alguns pontos do documento que exigirão coragem para ser implementados, e alguns serão mesmo de difícil realização.

    O compromisso maior com o combate à pobreza veio com a aprovação da Aliança proposta por Lula, que será o legado mais importante da presidência brasileira do G20.

    Sobre Guerra e Paz, os diplomatas garimparam palavras para condenar a guerra na Ucrânia sem citar a Rússia ou Putin. Já em relação a Gaza, houve expressão de “profunda preocupação” com a “catástrofe humanitária”. E ainda a defesa de um Estado para os palestinos.  

    As divergências sobre o tema das guerras não permitiriam mesmo que o documento fosse além destas referências.

    A inteligência artificial não foi esquecida, com a defesa de seu uso seguro e em sintonia com os direitos humanos. O texto explicitou "total compromisso com a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas", ponto que Milei não aceitava inicialmente.

    Em relação ao clima, além dos compromissos já existentes, a cúpula lançou a Força Tarefa para Mobilização, que porá ênfase no financiamento das ações de mitigação, especialmente em países emergentes.

    Entre os outros temas abordados entraram saúde, comércio internacional, reforma da OMC e da ONU, entre outros tantos. Mas tudo o que o Brasil considerava inegociável entrou no longo documento.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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