O genocídio dos Yanomami: Auschwitz é aqui
"A ação do governo Lula na proteção das terras dos Yanomami é um choque direto com as forças mais atrasadas e antidemocráticas do país", diz Milton Alves
Por Milton Alves
As cenas são chocantes, dilaceram o coração, e lembram os horrores do Holocausto de judeus em Auschwitz, uma rede de campos de concentração e extermínio operada pelo governo nazista da Alemanha, durante a segunda guerra mundial. O genocídio atual ocorre em Roraima, e as vítimas são os indígenas Yanomami, principalmente crianças e idosos.
A tragédia que atinge o território dos Yanomami ameaça a existência de mais 30 mil indígenas, que nos últimos anos enfrentaram o descaso criminoso do governo federal e ação ilegal dos garimpeiros e de segmentos do agrocrime — grileiros e madeireiros.
O presidente Lula, em visita ao estado de Roraima acompanhado de uma comitiva de ministros e de autoridades locais, classificou de desumana a situação dos Yanomami: “Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas de forma desumana, como eu vi o povo Yanomami sendo tratado aqui, eu não acreditaria. Tive acesso a umas fotos essa semana e as fotos efetivamente me abalaram, porque a gente não pode entender como é que um país que tem as condições que tem o Brasil deixar os nossos indígenas abandonados como eles estão aqui. É desumano o que eu vi aqui”, afirmou o presidente.
O governo Lula adotou uma série de medidas emergenciais para iniciar o enfrentamento da tragédia que se abate sobre a população Yanomami. Lula editou um decreto que cria o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das populações em território Yanomami. Além disso, medidas de caráter sanitário, assistência médica imediata e de distribuição de alimentos foram determinadas pela presidência da República.
Genocídio programado
O que ocorre nos territórios do povo Yanomami é um verdadeiro genocídio programado pelo capitalismo predatório, que cobiça a vasta região delimitada para esses povos originários, os legítimos donos dessas terras, ricas em minérios e com áreas cobiçadas por fazendeiros e madeireiros.
Durante o governo bolsonarista houve, na prática, o incentivo para ação de garimpeiros e de empresas mineradoras clandestinas, que contaminaram os rios e os solos da região com o uso intensivo de mercúrio, de queimadas patrocinadas pelos agrocriminosos e da extração ilegal de madeiras nobres. Tudo foi facilitado pelo desmonte das políticas públicas para as populações originárias e por uma visão de ocupação neocolonialista da Amazônia, que despreza a cultura e o modo de vida dos povos indígenas.
A luta do povo Yanomami pela sobrevivência exige das forças populares e democráticas o compromisso estratégico de lutar por um modelo de desenvolvimento econômico e social sustentável, que garanta a proteção do modo de vida dos indígenas e dos demais povos da floresta Amazônica.
É também um desafio para o governo da “Frente Ampla” presidido por Lula, que no seu interior abriga forças neoliberais, aliadas do agronegócio predador e voraz, responsável pela devastação da Amazônia — com a expansão do monocultivo da soja e do incremento da pecuária extensiva.
Nesses dias de ameaças golpistas, a ação do governo Lula na proteção das terras dos Yanomami é um choque direto com as forças mais atrasadas e antidemocráticas do país, forças essas que defendem a recolonização neoliberal do Brasil e um regime político autoritário e excludente.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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