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    Wendrell Elias dos Santos Gomes

    Especialista em Neuropsicopedagogia. Licenciado em Letras (Português e Espanhol), Pedagogia e Artes Visuais. Professor de Língua Portuguesa e outros componentes curriculares, pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

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    O invasivo “apoio presencial em sala de aula” contra a autonomia docente

    "Agora, o professor deve trabalhar como o Feder e Tarcísio querem. Mas, eles estão trabalhando como os professores querem?"

    Renato Feder e Tarcísio de Freitas (Foto: Ciete Silvério/Governo do Estado de SP)

    Por meio da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), foi publicada a Portaria do Coordenador, na data de 14/03/2024, que dispõe sobre a obrigatoriedade de diretores, vice-diretores e coordenadores a acompanharem os professores, de forma presencial, durante suas aulas, a fim de preencher formulários e fazer devolutivas aos docentes.

    Atrelados à plataforma digital, os profissionais da área de direção e coordenação, que pertencem à equipe gestora, devem fazer o chamado “Ciclos de Apoio Presencial”. Assim, tais ciclos consistem em, para cada cargo, 3 apoios ou aulas acompanhadas, semanalmente. Por exemplo, se a escola tem 1 diretor, 2 vice-diretores e 2 coordenadores, deve realizar 15 apoios ao todo, divididos entre 5 gestores, por semana.  Essa quantidade de “apoio”, agora, entre aspas, chega a ser duvidosa, visto que o professor que recebe apoio real de seus coordenadores ou diretores, normalmente, solicita-o, o que é algo mais necessário e justo. Sob outro ponto de vista criticável a essa novidade, há o fato de que o professor perca sua autonomia em sala de aula, visto que a equipe gestora, cujas atribuições não compitam, de forma regular, para a prática de aulas regentes, possa começar a “fiscalizar” o cumprimento ferrenho dos “slides”. Para contextualizar, os slides são aulas predeterminadas, que abrangem habilidades, temas, objetivos e metodologias, basicamente. No entanto, a Seduc-SP os utiliza de forma padronizada, sem flexibilidade alguma para as distintas realidades escolares que permeiam o estado de São Paulo. Com isso, segundo o senso comum do professorado paulista, esse “engessamento” de aulas constitui-se em aulas não significativas, de baixa qualidade, inflexíveis, abstratas e inadequadas, geralmente. Portanto, a autonomia docente e protagonismo juvenil reduzem, porque o professor quase não pode dar aulas fora do currículo oficial (documento norteador inicial – agora, imposto a ser o único para utilização), sem conseguir optar pelo uso do currículo real (documento norteador, realmente, necessário e praticado, atendendo aos interesses da comunidade escolar). Em virtude de um pensamento “raso” ou “superficial” sobre as necessidades das escolas paulistas, Renato Feder, que é secretário de educação, “acredita” que uma educação quantitativa é suficiente para “emancipar” e “educar” o povo, lamentavelmente.

    Por fim, tristemente, esse tipo de “apoio” mencionado, sem a necessidade do próprio professor, associado às frequentes exigências para o cumprimento de slides e plataformas digitais, indica uma “suposta” fiscalização. Isso, porque, atualmente, além de pressionar os Professores Especialistas em Currículo (PECs), pelas diretorias de ensino, para que os coordenadores acompanhem essas exigências, a própria gestão deve verificar, presencialmente, esses procedimentos. 

    Agora, o professor deve trabalhar como o Feder e Tarcísio querem. Mas, eles estão trabalhando como os professores querem? Não, porque não há diálogo; somente ordens, desrespeitando quem realmente trabalha e conhece a educação paulista, infelizmente. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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