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    Marcia Tiburi

    Professora de Filosofia, escritora, artista visual

    117 artigos

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    O mercado do ódio

    "Mark Zuckerberg segue Elon Musk, se alinha a Trump e a todos os fascistas do planeta em torno do mercado do ódio", critica Marcia Tiburi

    Mark Zuckerberg (Foto: REUTERS/Manuel Orbegozo)

    Como nos tornamos viciados em uma emoção destrutiva? 

    Quanto vale o ódio do Trump contra o mundo? 

    Quanto vale o ódio dos EUA contra os latino-americanos? 

    Quanto vale o ódio dos ricos contra os pobres?  

    Quanto vale o ódio dos brancos contra os negros? 

    Quanto vale o ódio dos homens contra as mulheres? 

    Quando vale o ódio dos ruralistas contra os indígenas? 

    Quando vale o ódio dos fascistas contra aqueles que defendem a democracia? 

    Tais perguntas podem parecer puramente retóricas, mas elas remetem a um fato terrível do capitalismo em seu estágio avançado de putrefação. 

    Faz tempo que o ódio vem sendo monetizado. O que chamamos de “mercado” transformou o próprio ódio em mercadoria. Uma mercadoria que tem uma única serventia: viciar o usuário em odiar mais. O ódio traz uma grande compensação para aquele que odeia. Ele se sente vitorioso em uma guerra que, antes de acontecer na vida real, acontece no imaginário. Na verdade, o odiador está em guerra com ele mesmo. Ele projeta o ódio que sente a si mesmo para fora, em um outro imaginário. O ódio ao comunista depende de uma imagem forjada de comunismo, o que chamamos de comunismo imaginário. No território das telas, a compensação pelo ódio serve para quem odeia o inimigo imaginário, mas também para quem não possui os atributos valorizados pelo capitalismo. Por exemplo, na internet vemos homens feios odiando mulheres, todo tipo de gente esteticamente comprometida usa juízos estéticos para a promoção de preconceitos tais como racismo, gordofobia, misoginia e etc. 

    Quem odeia é, na verdade, o “desmonetizado” do espetáculo. Aqueles que não possuem a imagem de valor, mas possuem o meio de aparecer nas redes sociais se sentem compensados pelo simples aparecer e conquistar likes. A compensação por si só, vale tudo. Como um «fã » de bilionário que não tem o dinheiro, mas tem a chance de adorar, um cidadão qualquer se sente compensado por amar o rico e odiar o pobre. Mesmo que ele seja pobre. A sensação de adorar o “maioral” traz a sensação de ser maior do que se é. E assim ser um fascista em paz consigo mesmo, ou seja, autocompensado emocionalmente. As redes sociais jogam com esses afetos envolvidos na produção da subjetividade e da “identidade”. 

    Mark Zuckerberg com sua fala cheia de autoritarismo pusilânime aciona a preocupação mundial com a democracia. Ele segue Elon Musk, se alinha a Trump e a todos os fascistas do planeta em torno do mercado do ódio. A emoção mercadoria tem alta no mercado dos afetos. O ressentimento vale mais a cada dia. O sentimento da destruição e do gozo com o sofrimento alheio traz amparo aos odiadores. 

    A pergunta que não pode calar é “o que podemos contra o ódio?”. 

    Disso depende o futuro da nossa espécie, ameaçada por indivíduos tomados por sede de capital, mas também por delírio de poder. O poder pelo poder, para ter mais poder, para realizar-se no narcisismo sem fronteiras. Trump, o morto-vivo, retrato da desgraça humana, gozando com a ameaça contra outros países, gozando com a guerra. Defender a democracia é defender a nós mesmos, nossos filhos, nossos netos. Não há futuro sem democracia. Nenhum de nós existirá sem democracia. Derrubar a Meta é a meta! Talvez seja a hora também de perguntar se a inteligência humana do povo tem alguma chance de ser maior que a inteligência artificial de Mark Zuckerberg.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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