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      Alex Solnik

      Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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      O Poderoso Chefão

      Trump é um híbrido de Maquiavel com Don Corleone

      Donald Trump (Foto: Carlos Barria / Reuters)

      “O Príncipe deve ser corajoso e realizar grandes empreendimentos”.

      “O Príncipe não deve se importar em ser considerado cruel se isso for necessário para manter seus súditos unidos”.

      “Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando praticar o mal, faça-o de uma vez”.

      “É melhor ser temido que ser amado. Os homens têm menos escrúpulo em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas, mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha”.

      “O Príncipe deve saber quando ser bom e quando ser mau”.

      “O Príncipe deve saber quando punir com leis ou violência”.

      É óbvio que Donald Trump é, talvez, hoje, o mais fiel discípulo de Nicolò Maquiavel, autor dos conselhos acima, o que mostrou logo ao assumir a cadeira, no começo da semana e até antes, com a sua foto oficial, na qual deixou estampada a sua cara de mau, daquele que quer ser temido, porque temido ele será por todos, mas nunca alguém consegue ser amado por todos.

      Ele chegou à Casa Branca feito um furacão, fazendo maldades e crueldades de uma vez só, distribuindo ameaças e ordens para o país e o mundo e anunciando grandes empreendimentos: 

      “Neste país só há homens ou mulheres”. 

      “Seremos o país da meritocracia”. 

      “Não seremos invadidos!” 

      “Vamos investir US$500 bilhões em I.A.!”

      “Vamos tomar o Canal do Panamá”! 

       “Putin tem que acabar com essa guerra ridícula!” 

      “Vou pressionar a Arábia Saudita para baixar o preço do petróleo, porque no dia seguinte acaba a guerra na Ucrânia!”

      “Vou mandar baixar os juros!”

      Pode parecer tão somente soberba e arrogância, mas o fato é que Putin já respondeu que está disposto a conversar com ele. A China já está disposta a negociar um acordo comercial. E essa é a parte em que o Príncipe sabe que deve ser bom. Todos que não têm interesses bélicos odeiam a guerra. 

      Ele já é o líder mais barulhento do mundo. Durante o primeiro mandato, foi o rei do twitter, só se comunicava por tuítes e chamava a imprensa de “fake news”, mas agora já deu três entrevistas coletivas para os correspondentes na Casa Branca e uma exclusiva em uma semana, nas quais mandou ordens e recados para dentro e para fora do país. 

      Havia um vácuo de liderança no mundo. A China trabalha em silêncio. Putin está brigado com toda a Europa. Nenhum país europeu, sozinho, tem condições de dar ordens ao mundo. O Japão também é silencioso.

      Quando estive em Nova York, em 1983, me senti num musical da Broadway. Todos, do taxista ao porteiro, pareciam dançar e cantar. Os americanos têm vocação para o palco. Trump tem um imenso talento como ator. Já foi “O Aprendiz”, que o lançou para a política com o bordão “você está demitido!”.     

      Na presente encarnação, quando o vejo na TV, lembro-me imediatamente de frases como essas:

       “Não odeie seus inimigos. O ódio atrapalha o raciocínio”.

        “Se a vida lhe negar um sonho, seja forte o suficiente para lhe negar uma lágrima”.

       “Nunca deixe que ninguém fora da sua família saiba o que você está pensando”.“

      "Se tem uma coisa que a história nos ensina é que se pode matar qualquer um”.

      “Eu vou fazer-lhe uma oferta que você não pode recusar”.

      “Eu converso com meus inimigos e, às vezes, até os respeito, mas isso não quer dizer que confie neles”.

      “Aquele que depende de outras pessoas, depende de sobras”.

      São falas de Marlon Brando como o Don Corleone de “O Poderoso Chefão”.

      Mas poderiam ter saído da boca de Trump.   

      Só faltam os chumaços de algodão.    

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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